O Outro Lado da Moeda

Por Gilberto Menezes Côrtes

[email protected]

O OUTRO LADO DA MOEDA

Focus vê IPCA em 4,59%, dentro da meta

Publicado em 13/11/2023 às 15:06

Alterado em 13/11/2023 às 18:17

A Pesquisa Focus encerrada pelo Banco Central na 6ª feira junto a 150 instituições financeiras, consultorias e institutos de pesquisa confirmou a expectativa do mercado financeiro de que a tendência da inflação oficial (IPCA) vai fechar o ano dentro do teto da meta (3,25%+1,50% de tolerância=4,75%). Na mediana da pesquisa divulgada hoje, o IPCA caiu de 4,63% na semana anterior para 4,59% (e a previsão foi confirmada nas respostas dos últimos cinco dias úteis, que ficou em 4,60%).

O mercado está esperando IPCA de 0,30% em novembro (baixa frente aos 0,33% da semana anterior). Como a taxa foi de 0,41% em novembro de 2022, isso vai provocar nova queda na taxa anual, que estava em 4,82% em outubro, para 4,70%. E com a taxa esperada de 0,50% em dezembro (0,62% em 2022), a taxa anual cai para os 4,59% apontados pela pesquisa Focus. E a queda continuaria em janeiro, quando o mercado prevê de 0,42% a 0,44%, pois a taxa foi de 0,53% em janeiro de 2023.

Mas a LCA Consultores projeta alta de 0,35% para o IPCA de novembro, pela pressão em Alimentação e bebidas, alta de Habitação - ligada ao abandono do terreno deflacionário por parte de energia elétrica residencial – e também pela aceleração em Comunicação. Em sentido contrário, os descontos - ligados, em boa medida, à Black Friday -, em Artigos de residência, Vestuário e Saúde e cuidados pessoais poderão mitigar esta aceleração entre outubro e novembro.

Para os preços monitoramos, a LCA prevê queda de -0,5% este mês. No ano, estima que o IPCA terá alta de 4,7%. Para 2024, a expectativa é de +4,0%. 

Reviravolta no agro

Depois de garantir taxas negativas para a alimentação, os efeitos da supersafra de grãos estão se dissipando no atacado (motivo da previsão de alta da LCA para o varejo). Depois de cair 0,41% em outubro, o Índice de Preços Por Atacado dos produtos agropecuários subiu 0,72% em novembro. Segundo a FGV, que coleta e calcula os índices, as pressões vieram das altas de trigo, batata-inglesa, mandioca, laranja, mamão e café, e da queda menos intensa de soja.

Já o IPA-Industrial acentuou a queda: de -0,45% em outubro para -0,88% em novembro, com destaque para as quedas de Indústria Extrativa, Produtos têxteis, Artigos de borracha e de material plástico, Metalurgia básica, Máquinas, aparelhos e materiais elétricos e Móveis. Com isso, o IPA como um todo passou de -0,44% em outubro para -0,47% em novembro.

Os preços no varejo foram de -0,06% em outubro para +0,22% em novembro, pelas altas de Alimentação, Saúde, Educação e de Transportes.

Mercado de olho no PIB

Com a inflação sob controle, as expectativas se voltam sobre a marcha da execução fiscal. Como o governo não quer abrir a mão dos investimentos sociais em ano eleitoral, o equilíbrio fica dependente do reforço da arrecadação mediante aprovação de novas fontes de cobrança e do impulso do crescimento da economia (este derivado do nível das taxas de juros).

Quanto mais rápida a queda dos juros em 2024, será possível evitar uma forte desaceleração do PIB. As estimativas variam para um aumento de 2,9% a 3,2% (previsão do Ministério da Fazenda) para este ano e 1,50% a 1,80% (previsão do Itaú) para 2024. A Fazenda previa 2,5%. A variação do PIB é fundamental para a equação final do tamanho do déficit em relação ao PIB.

Amanhã, o IBGE divulgará o resultado da Pesquisa Mensal de Serviços referente a setembro e, na 5ª feira, o Banco Central apresenta o IBC-Br do mesmo mês. Com isso, estará encerrada a divulgação dos dados conjunturais do 3º trimestre, permitindo aos analistas refinar suas projeções para o PIB do período. O Itaú está prevendo queda de 0,2% no PIB do 3º trimestre, mas o ano fecharia com avanço de 2,9%. Para 2024, prevê 1,8%. O IBGE deve fazer revisões nos dados anteriores do PIB, o que pode influir no resultado do 4º trimestre.

A última do português

Portugal já caiu no anedotário mundial quando elegeu no mês passada uma Miss Portugal que era trans. A imprensa satírica lusa chegou a produzir a seguinte manchete: “Miss Itália grávida de Miss Portugal”.

Mas a maior trapalhada foi a que levou à renúncia do Primeiro-Ministro, o socialista Antônio Costa. Sob acusação de corrupção, em investigações de escuta telefônica da polícia do país, o honrado professor e socialista, enviou carta de renúncia ao Parlamento, alegando que não poderia ficar no cargo sob suspeita. E o presidente do país convocou eleições gerais para o começo de 2024.

Agora, a promotoria que cuidou do caso reconhece ter havido um erro essencial de pessoa. O personagem alvo das escutas era o ministro da Economia António Costa e Silva. Não se sabe o desfecho.

Mas eu só imagino quantos pobres portugueses não terão sido acusados por engano semelhante pela famigerada PIDE dos tempos de Salazar.

Milei se encrencou no debate

A insinuação de Sérgio Massa, de que Javier Milei não prosseguiu carreira no Banco Central (que ele deseja fechar, com a adoção do dólar como moeda nacional), por suposta reprovação no teste psicotécnico, derrubou o candidato libertário no debate de ontem na TV argentina.

Tags: