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Brasil lidera perdas no Santander

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OLM

Quem diria! A filial brasileira do Santander (ex-Real-ABN/Amro), que até quatro anos atrás liderava os lucros globais da organização controlada por Ana Botin – em alguns anos o Brasil respondeu por 36% (mais de um terço) dos lucros - agora se destaca também pela liderança nas perdas de empréstimos. Mais uma vez a matriz espanhola, que teve lucro líquido de 722 milhões de euros, ficou à frente da filial brasileira, com participação de 24,8% no lucro total de 2,902 bilhões no 3º trimestre, contra 20,78% do Brasil.

O lucro líquido de 603 milhões de euros do Brasil aumentou 70,5% sobre o 2º trimestre, indicando que o pior momento da inadimplência e das provisões para perdas teria passado. O ganho do 3º trimestre foi equivalente a 73,3% de todo o resultado líquido do 1º semestre. O resultado acumulado no ano, de 1,426 milhões de euros representa apenas 17,5% do lucro global, mas já foi superior à participação de só 13,47% do lucro acumulado de 823 milhões de euros no 1º semestre, quando a organização teve ganhos de 6,109 bilhões de euros.

Com o impacto das fraudes contábeis da Americanas, que pediu Recuperação Judicial, e a escalada dos juros que levou muitas famílias e empresas à inadimplência, os créditos sem retorno da filial brasileira chegaram a 26,1% das operações globais, superando os 18,5% de índice da matriz na Espanha e nos Estados Unidos.

Na Espanha, Brasil está pior

No balanço divulgado no Brasil, o Santander teve lucro recorrente de R$ 2,729 bilhões, com aumento de 18,2% sobre o 2º trimestre. De janeiro a setembro o lucro líquido recorrente foi de R$ 7,178 bilhões, uma queda de 36% frente aos primeiros nove meses de 2022. As provisões para devedores tiveram ligeira queda no 3º trimestre (R$ 5,618 bilhões -6%), acumulando R$ 18,363 bilhões em 9 meses, um aumento de 10,8% sobre igual período de 2022.

O Santander divulgou nesta manhã, 25 de outubro, antes da abertura dos mercados, seus lucros globais. O grupo lucrou no mundo 2,902 bilhões de euros no 3º trimestre. A filial brasileira lucrou 603 milhões de euros (alta de 70,3% em relação ao 2º trimestre) e representou 20,78% dos lucros globais. Mas os critérios da matriz nos balanços, em euros, euros constantes e moedas locais de cada país, diferem dos dados do Brasil no tocante à inadimplência.

No balanço em reais, o Santander Brasil discriminou os empréstimos com atraso acima de 90 dias (o principal critério de inadimplência no Brasil), com o índice total caindo de 3,3% em junho para 3,0% em 30 de setembro. Os atrasos das pessoas físicas (famílias) baixaram de 4,8% para 4,2% e os créditos em atraso de pessoas jurídicas baixaram de 1,4% para 1,3%.

Mas o banco expôs com mais transparência os atrasos entre 15 e 90 dias, que indicam preocupante aumento da inadimplência, mostrando que a demora do Banco Central em baixar a taxa Selic, que serve de piso às operações financeiras (a 1ª baixa, de 13,75% ao ano para 13,25% a.a. veio em 2 de agosto e a 2ª, para 12,75%, veio em 20 de setembro) afetou famílias e, sobretudo, as empresas. Nas pessoas físicas, a inadimplência cedeu de 5,9% em junho para 5,6%.

O movimento foi inverso entre as Pessoas Jurídicas. Nas operações do atacado (grandes empresas, entre as quais estão a Americanas e grandes redes de varejo e indústrias) os atrasos saltaram de 0,2% em junho para 0,5% em setembro, um aumento de 150%. Nas Pequenas e Microempresas, que acumulavam créditos de R$ 60,9 bilhões em setembro, um aumento de 6,5% no trimestre, os atrasos recuaram de 5,2% em junho para 4,9% em setembro.

Brasil lidera inadimplência

No balanço global, a organização controlada por Ana Botin, adota critério diferente (empréstimos com perdas). Além de aumentar o percentual da inadimplência no Brasil para 6,71% dos créditos, coloca o país na dianteira mundial de inadimplência, seguido pelos 4,90% do Chile. A filial dos Estados Unidos tem 4,24% dos créditos em atraso. A matriz espanhola tem 3,06% de atrasos, menos que os 3,63% da filial da Polônia. Portugal tem 2,48%.

Na Europa, a menor inadimplência é da filial do Reino Unido, com apenas 1,42% das operações em perdas. Surpreende a posição da Argentina, com o 2º menor índice de perdas 1,91%. O México tem 2,72% de créditos negativados.

OLM

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