O OUTRO LADO DA MOEDA
Americanas afeta mercado de fundos em janeiro
Publicado em 16/03/2023 às 15:24
Alterado em 16/03/2023 às 15:25
O Itaú Unibanco continua sendo o maior banco privado do país e o Banco do Brasil surpreendeu e registrou o maior lucro em 2022. Mas os dados de janeiro da Ambima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) sobre as gestões de fundos de investimentos trouxeram uma surpresa: o Bradesco assumiu a liderança entre os controladores de recursos, com R$ 3,277 trilhões (24,8% do total), superando por R$ 4 bilhões o Itaú, que fechou o mês com R$ 3,727 trilhões (24,3%). O caso Americanas afetou o desempenho dos fundos de renda fixa em janeiro.
Os problemas contábeis dos papéis de dívida da Americanas, que vieram à tona em 11 de janeiro e levaram à Recuperação Judicial da varejista em 19 de janeiro, mexeram na credibilidade dos fundos de renda fixa. Além de CBDs, debêntures, notas promissórias, títulos de crédito imobiliário e recebíveis de crédito agrícola integram as carteiras. Os problemas da Americanas nestes papéis afetaram o mercado, com perdas e ganhos em janeiro.
Vale lembrar que os principais bancos credores da Americanas são, pela ordem, Bradesco, Itaú, Santander, BTG-Pactual, Safra, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Votorantim, Modal e ABC Brasil. O Itaú teve perda líquida de R$ 17,8 bilhões na captação de seus fundos em janeiro, só em parte compensada pelo ganho de R$ 2,7 bilhões da Distribuidora Intrag, que administra o ativo fundo Kinea.
O Bradesco se deu bem, com aumento direto de R$ 3,2 bilhões nos seus fundos e mais R$ 822 milhões nos fundos da BEM Distribuidora. Isso explica por que o Bradesco desbancou o Itaú. O BTG teve perdas de R$ 2,3 bilhões em janeiro. O Santander sofreu perdas de R$ 3,498 bilhões no mês.
O grande vencedor na crise de credibilidade do mercado foi a BB, cuja distribuidora teve ganho líquido de R$ 7,066 bilhões em janeiro. e o Safra ganhou R$ 207 milhões. Outra grande perda foi do BNY Mellon (R$ 5,591 bilhões), vindo a seguir o francês BNP Paribas, com R$ 5,478 bilhões. O XP saiu-se bem no mês, com captação líquida de R$ 1,765 bilhão.
Confirmando a grande concentração bancária, os quatro maiores bancos do país em fundos (Bradesco, Itaú, BB e Santander) controlavam em janeiro 72,8% da captação geral. O dado interessante é que o Banco Cooperativo Sicredi já está entre os 12 maiores gestores.
BTG foi o grande ganhador em 2022
Após o BTG-Pactual amargar imensas perdas com a prisão, por 28 dias, de seu presidente e controlador André Esteves, em novembro de 2015, acusado de atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato, e passar a cumprir prisão domiciliar em 15 de dezembro, com o arquivamento do processo, em dezembro de 2018, o banqueiro deu a volta por cima, em março do ano passado, ao reassumir a presidência do Conselho de Administração do BTG.
E o ano de 2022 foi coroado com grandes avanços no ranking de Controladores de Recursos da Ambima. Com um aumento líquido de R$ 81,6 bilhões na captação, que elevou o saldo de recursos, com a rentabilidade dos investimentos a R$ 763 bilhões em janeiro, o BTG-Pactual encostou no Santander (R$ 763 bilhões) e assumiu o 5º lugar, à frente dos R$ 659 bilhões da BNY Mellon Serviços Financeiros, que gere muitos fundos de pensão e de investimento e dos R$ 584,98,7 bilhões da Caixa Econômica Federal.
O BTG lidera em número de clientes. Com 4,536 milhões de investidores, se coloca à frente dos 4,154 milhões do grupo Itaú e dos 3,196 milhões do Grupo Bradesco. O BB tinha 1,4 milhão de clientes.
Gestão de patrimônio soma R$ 385,4 bi
Dados da Ambima revelam que o volume financeiro administrado pelas gestoras de patrimônio somou R$ 385,4 bilhões em 2022, um aumento de 21,2% frente aos R$ 318 bilhões de 2021. O maior crescimento veio dos produtos de renda fixa, impulsionados pelo aumento das taxas de juros.
As carteiras de renda fixa lideram os investimentos 39,9%, com pequena queda frente aos 40,2% de 2021. Os Fundos de renda fixa e títulos públicos respondem por 51,1% das carteiras, com R$ 45,7 bilhões e R$ 33,1 bilhões, respectivamente. Em seguida, estão as cotas de FIDC (Fundos de Investimento em Direito Creditório), com R$ 19 bilhões, e as debêntures tradicionais, que somaram R$ 11,7 bilhões.