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A Música das Esferas

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Representação da esfera celeste na Antiguidade, em que os astros se movem em órbitas circulares. Somente no século XVI, Copérnico provou que o Sol estava no centro (pelo menos já sabiam que os planetas não eram planos)
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Para muitos, música e matemática são campos relacionados. Matemáticos desde a Grécia Antiga tentavam entender as relações sonoras que fazem alguns sons serem mais prazerosos que outros. O filósofo Pitágoras, 570 a.C. (o mesmo do triângulo retângulo com o famoso teorema de Pitágoras), e seus discípulos enxergavam o cosmo como regido por razões simples entre os números inteiros que explicariam os seus fundamentos. Uma das grandes descobertas atribuídas a Pitágoras foi que as notas musicais eram obtidas fazendo cordas vibrarem em diferentes comprimentos e que soavam mais em harmonia quando estavam relacionadas por razões entre os números inteiros. Assim, pressionando a corda de uma lira em sua metade, para citar um instrumento da época, percebeu que soava uma nota acima que o som fundamental (a corda solta): uma oitava. Quando a corda era pressionada na sua terça parte, o intervalo soava uma quinta acima e assim por diante, obtendo os intervalos de quartas, terças, etc, e descobrindo então a formação da série harmônica, que é a base da harmonia tonal. Pitágoras então extrapolou suas descobertas de razões entre os números inteiros na música para a natureza e para objetos em movimento, como os planetas, e formulou que havia entre suas órbitas razões numéricas assim como as relações entre os intervalos musicais, de modo que o giro dos planetas na esfera celeste deveria originar música, a das esferas. Parece que os pitagóricos e muitos ainda hoje escutavam e escutam, em noites mais silenciosas, a música das esferas.

Macaque in the trees
Representação da esfera celeste na Antiguidade, em que os astros se movem em órbitas circulares. Somente no século XVI, Copérnico provou que o Sol estava no centro (pelo menos já sabiam que os planetas não eram planos) (Foto: Reprodução)

A ideia da “Música das Esferas” permeou vários séculos a cabeça de cientistas e músicos, inclusive com Kepler que deu rumo à astronomia moderna com seu estudo da Harmonia das Esferas. Ainda hoje, uma ideia que fascina músicos e cientistas é a de que o cosmo e a música possam ser interligados e explicados pela matemática e física, e que possam haver equivalências entre matemática e música. Considerando que a Música das Esferas seja tonal, talvez possamos considerar a música atonal, a música aleatória e tantos gêneros que ainda não conhecemos e que ainda não conseguimos desvendar as “escalas”, como a “Música do Caos”. Talvez somente com alguma compreensão do caos e do desconhecido, poderemos apreciar mais as incômodas dissonâncias musicais e a aparente falta de ordem de certas músicas atuais e do século XX.

Assim, nada mais apropriado que o programa que o Observatório do Valongo apresenta esta semana, que une palestras e sessões de observação dos planetas com música. Para encerrar o programa, no sábado às 16h, haverá a apresentação do Quinteto de Metais da Escola de Música da UFRJ. No repertório, a introdução de “Assim falava Zaratustra”, de Strauss; temas de “Star Wars”, de John Williams; “Galáxia”, de João Penchel; além de clássicos da MPB como Ary Barroso e Pixinguinha.

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(Foto: Reprodução)

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