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Mulheres-Maravilhas

Vitor Jorge -
O público aplaudiu de pé a Orquestra Sinfônica de Mulheres do Rio em sua apresentação na Sala Cecília Meireles
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É com especial prazer que escrevo esta coluna! Tantas coisas ruins acontecendo e, no meio disto tudo nasce uma nova orquestra e, que pelo concerto da semana passada, na Sala Cecília Meireles, chegou com tudo para ficar! A Orquestra Sinfônica de Mulheres do Rio de Janeiro, em seu segundo concerto, arrebatou o público numa apresentação que primou pela qualidade, e ainda que seja uma orquestra que está começando, já mostrou bom gosto, competência e, sobretudo, um tipo de energia, potência e beleza, particular das mulheres. Com um repertório que enfatizou peças em que as mulheres se destacam, como a “Suíte Carmen”, de Bizet, a orquestra contou com a participação de cantoras solistas e fez todos os pelinhos se arrepiarem quando Ludmilla Bauerfeldt soltou os agudos em “Sempre Libera”, de Verdi. Nesta mesma noite, a orquestra também executou uma obra de Edino Krieger, presente na plateia: “Não foi apenas mais um bom concerto; foi um evento de altíssimo nível musical e técnico que certamente ficará na memória de todos como um dos pontos altos da temporada deste ano. Fui premiado com a inclusão no programa de minha ‘Abertura Brasileira’. Obra do período inicial de minha produção, esse trabalho despretensioso de um ainda jovem de 27 anos soou como uma obra moderna, tal a valorização de todas as ideias apresentadas com extrema musicalidade, beleza sonora e precisão rítmica. Incluo entre as melhores das excelentes versões que já ouvi.”

Macaque in the trees
Edino Krieger entre Luciene Portella, Marluce Ferreira (spalla), Priscila Bomfim e Nenem Krieger (Foto: Daniel Ebendinger)

A orquestra foi idealizada pela trompetista Luciene Portella que notou a falta de um grupo assim na cidade (em muitas cidades do mundo são comuns orquestras formadas somente por mulheres): “A nossa cultura induz que devemos tocar instrumentos como piano, flauta, harpa. Eu mesma quando comecei, ouvi muito dizer que o trompete era um instrumento masculino. Hoje em dia é mais comum mulheres tocando contrabaixos, tubas, etc. Foi percebendo esta lacuna de mulheres em certas áreas que comecei a falar com algumas musicistas e fomos formando a orquestra.”

Reunindo instrumentistas que estão entre as melhores do Rio, juntou-se à orquestra a maestrina Priscila Bomfim, carioca nascida em Portugal que veio para o Rio aos nove anos. Bomfim mostrou completo domínio das obras que regeu, além de uma simpaticíssima e bonita presença no palco. Perguntada sobre os planos futuros para a orquestra, diz: “Já temos convites para próximas apresentações e esperamos poder brindar o público carioca com mais apresentações, se em um futuro próximo tivermos o apoio financeiro necessário para dar continuidade às nossas atividades. O próximo repertório ainda está sendo estudado, mas nosso objetivo é apresentar um repertório que sempre emocione e provoque alguma transformação no público que nos prestigiar.”

Que venha logo o próximo concerto!

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O público aplaudiu de pé a Orquestra Sinfônica de Mulheres do Rio de Janeiro em sua apresentação na Sala Cecília Meireles (Foto: Vitor Jorge)

NOTAS e ACORDES 

A pianista carioca Sylvia Thereza, radicada na Bélgica e vencedora de 12 prêmios internacionais de piano incluindo o Concurso Nelson Freire (2004) e o Concurso Internacional de Piano de Vigo (2019) vem ao Rio para uma apresentação única neste sábado, na Sala Cecília Meireles, às 20h, lançando seu novo CD "O Manifesto Romântico", com baladas de Chopin e Brahms.

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A pianista Sylvia Thereza (Foto: Reprodução)

Reprodução - A pianista Sylvia Thereza
Daniel Ebendinger - Edino Krieger entre Luciene Portella, Marluce Ferreira (spalla), Priscila Bomfim e Nenem Krieger
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