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Serviços, a grande aposta da Apple

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Quando a Apple divulgou os resultados do primeiro trimestre do ano fiscal 2019, terminado em 31 de dezembro (o ano fiscal da empresa vai de 1º de outubro a 30 de setembro), as vendas de iPhones abaixo do esperado deixaram analistas preocupados. Afinal, estas são de longe a maior fonte de receita da companhia, 63% do total em 2018. Com o mercado de smartphones dando sinais de saturação, a Apple busca maneiras de compensar esta queda e uma das estratégias está clara: investir em serviços.

A categoria, que hoje engloba App Store, iTunes, iCloud, Apple Music, Apple Pay e outros, tem crescido consideravelmente. No ano fiscal de 2018, os serviços tiveram o segundo maior faturamento, com 13% do total, US$ 37,18 bilhões. No primeiro trimestre de 2019, foram US$ 10,9 bilhões, 19% a mais que um ano antes. O objetivo é chegar a US$ 50 bilhões em 2020. Claro que isso corresponde apenas a uma fração da receita total da empresa - US$ 265,5 bilhões em 2018 -, mas ao menos sinalizaria uma força além da divisão de hardware. Também vale ressaltar a alta margem de lucro no segmento, 62,8% (os iPhones, por exemplo, apresentam margem de 34,3%).

Entre os serviços, a App Store é a que gera mais dinheiro, pegando 30% do valor gasto por usuários na plataforma na maioria dos casos (alguns aplicativos mais populares têm acordos com percentuais menores). O Apple Pay chegou a 1,8 bilhão de transações no primeiro trimestre de 2019 - a empresa fica com 0,15% do valor de cada operação. Porém, o foco da companhia está na assinatura de serviços. Atualmente, são 360 milhões de assinantes pagos entre as várias opções ofertadas, com planos de chegar a 500 milhões em 2020. Para isso, a empresa aposta no enorme poder de alcance dos seus 1,4 bilhão de dispositivos ativos no mundo e em novos serviços, como um streaming de vídeos e uma plataforma paga de notícias.

O primeiro será uma tentativa de competir com Netflix, Amazon Prime e tantos outros que já existem ou serão lançados em breve. Apesar da grande concorrência, a Apple investiu US$ 1 bilhão em conteúdo original em 2018, fechando acordos com nomes importantes como Steven Spielberg, Oprah Winfrey, Jennifer Aniston e Reese Witherspoon. Também é esperado que produções de terceiros sejam adicionadas ao menu de opções. O objetivo é pelo menos repetir o sucesso da Apple Music, que chegou a 50 milhões de assinantes em pouco tempo. Em relação às notícias, a Apple News já tem 85 milhões de usuários regulares e vem instalada em todos os dispositivos da empresa. Porém, o app é um agregador de notícias gratuito. A ideia é criar uma faixa paga, onde, por um valor mensal, seja possível ler várias publicações.

A proposta da companhia, entretanto, não tem agradado a alguns veículos mais famosos. Informações dão conta que a Apple pretende ficar com 50% da receita de assinaturas e dividir os outros 50% entre os parceiros, de acordo com o tempo que os usuários permanecem lendo os conteúdos. Veículos importantes, como NY Times e Wall Street Journal, por exemplo, já contam com negócios digitais robustos e retêm 100% do faturamento, o que deixaria um acordo com a Apple menos atrativo. Além disso, todas as informações dos assinantes seriam da Gigante de Tecnologia. Não ter as principais publicações certamente diminuirá o apelo do serviço, por isso podemos esperar negociações especiais com algumas publicações. A favor da Apple está o já citado número de pessoas com dispositivos ativos, uma excelente oportunidade de conquistar novos leitores.

Não existem informações oficiais sobre valores que serão cobrados tanto no streaming quanto na plataforma de notícias. Alguns analistas especulam que a empresa pode oferecer todos os serviços por um valor único mensal, como a Amazon faz com o Prime. As dúvidas, no entanto, não durarão muito: ambos serão lançados entre março e abril. Será que os serviços ajudarão a Apple a valer novamente US$ 1 trilhão?