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O boom da indústria espacial

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O ano de 2018 foi histórico para a indústria espacial. Os 114 lançamentos orbitais realizados representaram o maior número desde 1990 (121), 25% a mais do que em 2017 (91). Se antes os programas espaciais eram dependentes exclusivamente de financiamento público, por conta dos custos exorbitantes, a partir dos anos 2010, a entrada de empresas privadas interessadas em explorar o espaço diminuiu consideravelmente os valores envolvidos e fez ampliar o interesse pelo setor, que, em 2019, tem um calendário repleto de missões para ficarmos de olho.

Mas antes de comentar sobre este ano, vale analisar alguns acontecimentos marcantes de 2018. Na disputa entre os países, a China se colocou de vez como um grande player, ao lado dos EUA e Rússia. Aliás, os asiáticos, de forma inédita, foram os responsáveis pelo maior número de lançamentos, com 39, deixando os americanos em segundo, com 31. Um desses lançamentos chineses foi o Chang’e-4, uma sonda que partiu no início de dezembro e pousou no lado oculto da Lua em 3 de janeiro, a primeira vez que uma missão chega neste local.

Os americanos, no entanto, também tiveram um ano com realizações importantes. Em novembro, a Nasa InSight pousou em Marte – algo que não acontecia desde 2012 –, onde estudará as atividades sísmicas do planeta. Em agosto, a Parker Solar Probe partiu da Terra com o objetivo de se tornar o objeto a chegar mais próximo do Sol (a 6,9 milhões de quilômetros de distância). Quando estiver no ápice da aproximação solar, a Parker se tornará também o objeto mais veloz já lançado pelo homem, chegando a incríveis 690.000km/h. Por último, a Osiris-Rex, lançada em 2016, pousou em dezembro no asteroide Bennu, onde irá coletar amostras do solo e retornar a Terra em 2023. Outro asteroide visitado foi o Ryugu, mas pela missão japonesa Hayabuza2, que chegou ao local em setembro após quatro anos de viagem. Vale destacar também feitos de empresas privadas: a SpaceX, de Elon Musk, teve 21 lançamentos no ano, um recorde; a RocketLab inaugurou uma nova Era de foguetes menores para envio de satélites; e a Virgin Galactic chegou ao espaço pela primeira vez, um grande passo para o turismo espacial.

Os lançamentos mais esperados de 2019 envolvem ou companhias privadas ou têm como destino a Lua (ou os dois ao mesmo tempo). Aliás, este ano completam-se 50 anos que Neil Armstrong tornou-se o primeiro homem a pisar por lá. A SpaceX e a Boeing estão programadas para enviar astronautas para a Estação Espacial Internacional em junho e agosto, respectivamente. Caso se confirme, será a primeira vez desde 2011 que astronautas partirão de solo americano para EEI. Desde então, o único caminho tem sido pela Rússia. A SpaceX também deve iniciar testes com o Startship, seu foguete de 118 metros de altura, cujo objetivo é, um dia, levar humanos para Marte. A Índia planeja lançar a Chandrayaan-2, uma missão lunar, no fim de janeiro. Se conseguir pousar o rover, será apenas o quarto país a fazê-lo na história. A SpaceIL, de Israel, pretende enviar uma missão para a Lua em fevereiro. Se tiver sucesso, será a primeira empresa privada a chegar ao corpo celeste. A Blue Origin quer colocar pessoas no espaço em voo suborbital ainda no primeiro semestre, o que seria inédito para a companhia de Jeff Bezos. O já citado turismo espacial pode se tornar realidade no meio do ano; pelo menos esta é a promessa de Richard Branson, fundador da Virgin Galactic. O bilionário, inclusive, quer ser o primeiro passageiro. Para finalizar, no fim de 2019, a China quer lançar o Chang’e-5, coletar 2kg de amostras de solo lunar e retornar a Terra. Desde 1976 isso não acontece.

Como você pode ver, este ano será movimentado no espaço e a tendência é que isto aumente cada vez mais. O Morgan Stanley, por exemplo, estima que o mercado espacial valerá US$ 1,1 trilhão em 2040. Já o Bank of America Merril Lynch fala em US$ 2,7 trilhões em 2047.