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Ranking de competitividade: um olhar sobre o pilar da inovação

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a última semana, o Fórum Econômico Mundial divulgou seu relatório anual de competitividade, um ranking com 140 países avaliados em 98 critérios distribuídos em 12 pilares, todos com mesmo peso. São eles: instituições; infraestrutura; adoção de tecnologia da informação e comunicação; estabilidade macroeconômica; expectativa de vida; capacidades da população; mercado de produtos; mercado de trabalho; sistema financeiro; tamanho do mercado; dinamismo de negócios; e capacidade de inovação. O estudo foi amplamente divulgado pelos veículos de mídia do país, com foco, basicamente, no resultado geral do Brasil, que caiu três posições e passou a figurar na 72ª colocação. Porém, nesta coluna irei debruçar exclusivamente sobre um dos pilares, o de capacidade de inovação, no qual tivemos desempenho regular. Somos o 40º no mundo e o melhor entre as nações da América Latina e Caribe. Este foi o segundo maior pilar em pontuação que tivemos, atrás apenas do tamanho de mercado (10º).

Apesar de o relatório ter sido criado em 1979, este ano houve mudanças, tendo como foco a busca pelo aumento da produtividade na Quarta Revolução Industrial. Dos 98 critérios, 64 foram novos. O estudo aponta quatro fatores cada vez mais fundamentais para os países obterem sucesso nesta nova Era: resiliência, agilidade para se adaptar, capital humano e a construção de um ecossistema de inovação. Este último diz respeito a um ambiente em que a inovação é incentivada em todos os níveis e em que todos os participantes da economia contribuem para criar as melhores condições possíveis para que novas ideias surjam, sejam financiadas e cheguem ao mercado na forma de produtos e serviços.

A inovação é geralmente citada como prioridade por diversos governos de todo o mundo. Porém, a realidade é bem diferente. Dos 12 pilares, a capacidade de inovação foi disparada a que teve a menor média entre todos os participantes – nota 36 de um total de 100. Em 77 das 140 nações analisadas, esse pilar foi o de pior desempenho. Apenas quatro países conseguiram notas maiores que 80: Alemanha (líder), EUA, Suíça e Taiwan. O Brasil somou 47,8 pontos.

Para se chegar ao valor total em capacidade de inovação, o relatório fez uma média da pontuação em 10 critérios: diversidade na força de trabalho (Brasil em 60º); estágio de desenvolvimento de clusters de inovação, que mede não só o quão desenvolvido estes clusters são, mas se os mesmos estão concentrados ou espalhados pelo território (Brasil em 52º); número de patentes aplicadas com ao menos um coinventor localizado em outro país (Brasil em 61º); colaboração entre múltiplos stakeholders, como empresas, universidades e trabalhadores (Brasil em 62º); número de artigos científicos publicados (Brasil em 23º); número de pedidos de registro de patentes (Brasil em 54º); percentual do PIB gasto com pesquisa e desenvolvimento (Brasil em 33º); qualidade das instituições de pesquisa (Brasil em 14º); nível de exigência dos consumidores, ou seja, se eles compram baseando-se apenas em preço ou se exigem atributos mais sofisticados em produtos e serviços (Brasil em 68º); e número de pedidos de registro de marcas (Brasil em 56º).

Outros critérios, apesar de não estarem no pilar de capacidade de inovação, também são fundamentais para o desenvolvimento da mesma. Em três deles, o nosso desempenho é péssimo: preparo do governo para o futuro (Brasil em 129º); população economicamente ativa com capacidades tecnológicas, como conhecimento de linguagens de computação, por exemplo (Brasil em 127º); número de dias para se iniciar um negócio (Brasil em 137º).

Vale a pena conferir o relatório completo, pois há muito espaço para melhorarmos como um país inovador. O próprio Fórum Econômico Mundial deixa claro que estamos abaixo do nosso potencial. Resta saber se os presidenciáveis estão cientes do que precisam fazer para isso ou se estão mais preocupados com ataques e acusações.