Moda e Estilo

Por Iesa Rodrigues

IESA RODRIGUES

De volta para o Futuro

Publicado em 07/08/2023 às 10:27

Victor Niskier no Popufe, poltrona que vira pufe Divulgação

Mudança é cada vez mais frequente nestes dias rápidos. As roupas mudam, as comidas mudam (a mania em Paris agora é fazer fila para restaurante coreano. Os japoneses são quase comida caseira). E as casas também mudam, estão vivas, sem a preocupação de cada coisa em seu lugar, de móveis eternamente os mesmos.

Para quem vive no universo da moda, este movimento é normal. De repente, predomina o rosa, graças ao filme da Barbie. Nas ruas do Rio, há sandálias papete de todos os jeitos e cores em pleno inverno.
Portanto, é ótimo ver uma mudança provocada por um jovem arquiteto _ diz ele que não é mais o baby da profissão, depois de cinco edições de Casa Cor e 11 anos de formado na PUC. Victor Niskier lança a linha de móveis 73 na CasaCor Rio, que começa no dia 15 próximo.

”É um revival dos anos 1970, pensado para 2073. Uma aura sombria, em tons ocres, a lembrança daquela casa em Saquarema que está à venda. Um resgate com dúvidas do metaverso, tipo será que o homem pousou na Lua?” definiu Victor, durante encontro no Globar, próximo da casa do evento.
A história começou com os pedidos dos clientes, um queria uma poltrona que virasse pufe, outro, um sofá adaptável a vários ambientes. Estas criações, em princípio exclusivas, chamaram a atenção do Alexandre Pazzini, da Way Design, que sugeriu que as peças virassem produtos feitos em série. O próximo passo foi, arranjar os fornecedores: o polo moveleiro de Belo Horizonte e a marcenaria da Criare, marca de reposicionamento da Todeschini, de Bento Gonçalves (Rio Grande do Sul).
“Foi um projeto secreto. Minha equipe não entendia porque eu ia tanto para Belo Horizonte”!

Macaque in the trees
Sofá Brasília, com possibilidade de vários ângulos no formato (Foto: Divulgação)

Uma referência forte é Copacabana. a homenagem ao Rio, com uma memória afetiva sem cara vintage.
Uma casa de 40m² construída em um mês, toda funcionando, com fachada em muxarabi, será o palco de estréia dos moveis simples e ao mesmo tempo requintados. Estarão expostos o sofá Brasília, em ângulo modulado, a poltrona Popufe, a estante Colméia, a cadeira e o carrinho de chá Copa, de rodinhas invisíveis. No pequeno ambiente nota-se a possibilidade moderna de ter espaço sobrando no tamanho do living de um apartamento antigo, dos anos 1970. A cama retrátil, é comandada pelo celular, o closet, um móvel aberto, deslocável, para poucas peças de estimação. Até o antigo piso de tacos está presente...no teto! O verdadeiro piso é porcelanato, muito mais prático.

Mudanças dos tempos
“O padrão ergonômico mudou. As obras de reforma são retrofits. Porque as pessoas estão mais altas, a altura dos móveis mudou. Os carros estão maiores, as garagens devem ser modificadas. E as tomadas, aumentaram em número e na altura, ficam a um metro do piso. São as mudanças atuais, quem sabe como serão em 2070?. Quem sabe, o celular estará na nossa retina? São previsões, que nem sempre acontecem: lembram que achávamos que no século 21 os carros seriam voadores? De qualquer maneira, ainda teremos pia, chuveiro, vaso sanitário”

Macaque in the trees
Carrinho de chá Copa, com rodízios invisíveis em madeira albanizada (Foto: Divulgação)

Requintes
A aparente simplicidade tem interferências azuis, uma pedra nobre, o quartzo em azul Macaúba, da Azul Milano, que faz a piscina-raia, a entrada da casa, a bancada da cozinha. Dá o tom sutil do acabamento, que lembra a antiga pátina, nas partes de madeira. As portas dos armários da cozinha são laqueadas – outra referência dos anos 1970. Mas o vaso sanitário é moderno, na linha dos japoneses, que chega ao Brasil produzido pela Deca.

“Sou o primeiro arquiteto de uma família de professores: meu bisavô, vindo da Polônia, fundou o Talmud Torah, primeiro colégio israelita da cidade, meus pais são professores. Talvez daí venha este meu historicismo, a tendência à pesquisa. A pósgraduação em conforto ambiental, que fiz em Coimbra, me ensinou a tratar todos como “senhor”, o que facilita no trato com clientes, funcionários e fornecedores.

Agora mais uma vez na Casacor, é um privilégio participar junto com 100 profissionais, tanto novos como grandes referências. Mas sabem por que estou meio atrasado? É o Futuro: por causa da automação da casa! Até a recepcionista é holográfica!”

E a perspectiva internacional: no próximo salão de Milão em 2024, a coleção 73 participará do Fuori Salone. Victor Niskier rumo ao Futuro.

A Casacor Rio abre ao público em 15 de agosto, no Instituto Brando Barbosa (Rua Lopes Quintas,497 / Jardim Botânico)

 

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