Minha companheira aqui do Jornal do Brasil, Tereza Cruvinel, prenuncia que “as fogueiras vão arder” e faz uma denúncia de “caça às bruxas” desde o primeiro dia do novo governo, com a incineração de milhares de empregos e cargos. Depois de despedidos, esses funcionários obedecerão a um interrogatório sobre suas convicções ou tendências ideológicas.
Os visados? Petistas, esquerdistas, bolivarianistas ou qualquer um que tenha expressado nas redes sociais simpatia por causas contrárias aos novos tempos, como a campanha “Marielle vive” -quem conta em O Globo é o jornalista AscânioSaleme.
Onde foi mesmo que eu já vi esse filme?
Num passado pouco distante, em que mais uma categoria se somava à massa dos excluídos: os sob desconfiança. Aqueles que, por causas diretas, indiretas ou fictícias, teriam se manifestado contrários ao governo vigente, ou teriam dado abrigo a quem o fosse, ou mesmo algum parente - distante até - de algum envolvido em atos de resistência, ou um artista ou intelectual cuja obra inspirasse desconfiança aos censores, ou algum estudante “mais saidinho” em sala de aula com opiniões dissonantes do status quo. Isso foi no tempo da ditadura.
Não bastava ser alheio à política ou inocente das acusações. Bastava uma intriga, e a pessoa estava marcada.
Ontem, me caiu em mãos um texto no Facebook, de Gamba Junior, sobre a cantora brasileira dos anos 40/50/60 Leny Eversong. Voz poderosa raramente vista e um carisma poderoso, Leny foi uma diva no Brasil e nos Estados Unidos, comparada pela revista Time a Billie Holiday e por outros veículos americanos a Ella Fitzgerald. Apresentou-se com muito sucesso em Nova York, Las Vegas (quando mereceu aplausos de Frank Sinatra, Sammy Davis Jr., Count Basie) e em Paris. Quem também se encantou com a voz vigorosa de Leny foi Elvis Presley, de quem se tornou amigo. E foi por causa de “um bolo” que Elvis deu no programa de Ed Sullivan, na CBS, em 1957, que este, numa inspiração, convidou a brasileira de quem todos falavam para substituir o Rei do Rock num programa. Desde então, Leny bombou na America.
A grande repercussão e a admiração por Leny cresceram junto ao público dos EUA, onde ela só cantava - e primorosamente - em inglês, e todos se surpreendiam quando ela revelava que não sabia falar o idioma. Sua pronúncia era perfeita.
Cobrada sobre por que não cantava músicas brasileiras, ela explicava à nossa imprensa que os músicos americanos tocavam o samba como se fosse rumba, mas que em breve ela teria a própria banda, no ritmo de samba.
Esse dia, porém, nunca chegou, pois em 1974 Leny precisou voltar definitivamente ao Brasil para procurar o marido desaparecido, Francisco Luís Campos Soares da Silva, o “Nei”. Imediatamente espalhou-se a versão de que Nei teria saído para “comprar cigarros” e não voltou. Era a versão conveniente para o poder.
Defato, naqueles anos de ferro da ditadura militar, o marido de Ellen foi sequestrado por engano, confundido com um militante, e morto.
O sistema empenhou-se em apagar o nome de Leny Eversong da memória de seus fãs em todo o país e de desviar os focos dos holofotes sobre ela. Sua queda de popularidade foi vertiginosa. Os veículos de comunicação não mais falavam da estrela. Ser “desaparecido” naqueles dias quase sempre tinha uma implicação política, e rádios, TVs, produtores de shows pararam de convidar Leny para cantar, a ponto de não ser mais vista.
Adveio uma grande crise financeira já que, pelas leis brasileiras, só se expede o óbito depois de 20 anos de desaparecimento. Lenny não pode mexer na própria conta bancária, que tinha com o marido, nem vender patrimônio, todos os seus bens estavam bloqueados.
Justificava-se o sumiço da cantora e a desistência da carreira com uma crise de depressão pelo sumiço do amado. O amigo-irmão, Agnaldo Rayol, a acolheu em seu sítio.
Leny era uma artista marcada.Um documentário relata seu forte dissabor por perder um programa na TV por uma rasteira do colega Wilson Simonal.
Morreu esquecida, com diabetes, em 1984. Após sua morte, os restos mortais de seu marido foram encontrados com um conjunto de ossadas de líderes sindicais de Santos.
Esta foi mais uma lição deixada pela trajetória de Leny Eversong: a da sociedade implacável, quando se está, de alguma forma e por qualquer motivo, “sob desconfiança”.
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O PAPA MALABARISTA
O circo foi ao Vaticano. E é bem provável que o Papa Francisco seja chamado aqui de comunista depois de ter assistido a uma performance do Circo de Cuba, no salão Paulo VI, na quarta-feira. Entusiasmado, Papa Chiquinho aplaudiu de pé os malabares e outros números da companhia. Chegou, inclusive, a participar da brincadeira de pegar uma bola e rodá-la com o dedo. Ao fim, ele posou para selfies e fotos com os artistas. Esse Papa é um luxo!
RÉVEILLON EM COPA
Quem também assistiu à queima de fogos da virada em Copacabana foi o ator norte-americano Willem Dafoe e sua GiadaColagrande. Convidados por Gilberto Gil e Flora, eles se hospedaram logo ao lado do prédio deles, o Chopin, ficando no Copacabana Palace. Antes da meia noite, os Dafoe ainda tentaram ir à praia, mas tiveram que se retirar porque os fãs reconheceram o Duende Verde de três filmes do Homem-Aranha, e o Vulkode”Aquaman”. Precisaram se contentar em ver o show de Gilberto Gil na praia da sacada de seu quarto.
QUEM SOBE?
No dia da posse, quem subiu feito balão em Festa de São João foram as ações da fabricante de armas Taurus. As ações preferenciais dispararam 25,7%, e as ordinárias saltaram 30,5%. Em um dos seus discursos na posse, Bolsonaro disse que “o cidadão de bem merece dispor de meios para se defender”. Segundo a rádio corredor, na segunda semana do ano o governo vai começar as primeiras rodadas de negociação junto ao Congresso Nacional para a flexibilização do porte de armas.
SÓ REZANDO
Nunca antes na história deste país se recorreu tanto à padroeira do Brasil. A demanda aumentou nos novos tempos. Apenas no ano passado, mais de 12,6 milhões de peregrinos passaram pelo Santuário Nacional de Aparecida. O mês mais movimentado foi setembro, quando mais de 1,4 milhão de fiéis foram ao local. A Romaria do Terço dos Homens, em 17 de fevereiro, foi o maior grupo registrado em 2018, recorde de participantes, levando mais de 70 mil homens ao Santuário.
ABI EM REVOLTA
Após a grita da Abraji, que distribuiu nota indignada, a ABI decidiu também se posicionar sobre o tratamento dado à imprensa na posse de Jair Bolsonaro. Em comunicado de ontem,a entidade expressa “profunda preocupação com os excessos de restrições impostas aos jornalistas”. Disse mais: “não se pode confinar a imprensa em alambrados como gado de corte”. Por fim, a ABI cobrou do presidente mais respeito, lembrando a ABI de outros tempos.
MICRO INFLUENCERS
Ainda vai render muita discussão a decisão do Ministério Público do Estado de São Paulo, que nesta semana pediu ao Google que retire do ar os vídeos de youtubers mirins aparecem fazendo publicidade infantil. Entre os pequenos influencers a serem atingidos estão Julia Silva, Felipe Calixto, Manoela Antelo, Gabriela Saraivah, Marina Bombonato, Duda MH e o canal Vida de Amy. O MP sustenta que é proibido promover ações em parceria com marcas sem indicar de forma clara que são propaganda paga.
PEDOFILIA NA REDE
Com três milhões de seguidores na rede, a cada foto postada da cantora mirim Melody, de 11 anos, milhares de seguidores despejam “cantadinhas” e comentários obscenos. Mesmo diante da repulsa de outros,eles continuam escrevendo absurdos nas postagens da cantora, como: “gostosinha” e “comeria fácil”. Alô, Polícia Federal!
ORELHAS PRECIOSAS
Brincos de brilhantes 7.55 quilates do joalheiro brasileiro Fernando Jorge estão cintilando nas orelhas de Michelle Obama, ui! Ela usou a joia em evento de divulgação de seu livro “Becoming”,para glória de Fernando, que agradeceu no Instagram à stylist de Michelle, Meredith Koop.
FALANDO NELA...
Já que estamos falando na ex-primeira dama-norte- americana, segundo pesquisa do Gallup ela é a Mulher Mais Admirada nos EUA, desbancando 17 anos de reinado de Hillary Clinton. Dos 1.025 americanos ouvidos, 15% disseram admirar Michelle em primeiro lugar. Em segundo, Oprah Winfrey, com 5%, seguidas por Hillary Clinton e Melania Trump, com 4%.
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QUANDO A GENTE acha que conseguiu se livrar do BBB, lançam outro. O próximo, BBB 19, estreia no dia 15, e com garantia de boas cifras para a Globo. Cada cota custa R$ 37 milhões. Ao todo, apenas em publicidade, o reality pode gerar mais de R$ 223 milhões.
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Com João Francisco Werneck