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Esch da praça

Pedro Henrique de Sousa e José Peres -
Anna Maria Tornaghi com as amigas Maria Ivone Lemgruber, Lila Studart e Vera Valeska
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Anna Maria Tornaghi é cliente assídua do Esch Café, em mesa de mulheres que não bebem, não fumam, mas têm muito o que conversar. Elas são Maria Ivone Lemgruber, Ana Maria Vieira de Mello Rudge, Vera Valeska, Lila Studart. Também é habitué da casa um grupo do poder judiciário, desembargadores, presidentes de tribunais, advogados renomados, que todas as quintas-feiras se reúne com direito a fumar seu charuto, ou cigarro, pois o alvará permite. É um fumoir. O Esch Café não está mais apenas no Leblon. Agora ele também se debruça sobre o arvoredo da praça Nossa Senhora da Paz, no terraço do Pietro / Olivetto. Foi lá que Edgar Esch e Catito Peres resolveram celebrar o aniversário da Tornaghi, em noite que reuniu o presidente do TRT, José Martins, o desembargador Luís Felipe Francisco com Isabela, o desembargador Antonio Carlos de Azevedo Rodrigues e Leila Gregory, Cacau Medeiros e a desembargadora Letícia Sardas. Entre baforadas dos melhores charutos e risadas das melhores conversas.

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NÃO GOSTARAM

Um grupo de notáveis torcedores do Palmeiras, inclusive Luiz Gonzaga Belluzzo, o neurocientista Miguel Nicolelis, conselheiros do clube, escreveram carta aberta à diretoria do Clube Palmeiras, exigindo que seja tomada uma posição junto às autoridades do Estado quanto à truculência da Polícia contra os torcedores que deixavam o estádio, e pedindo explicação para a transformação da festa do clube em palanque político, “um ato que não encontra precedentes na história”.

Eles lembram que “nem Médici, nem Figueiredo, nem Lula, políticos que manifestavam apoio declarado a um (e só um) time, tiveram a liberdade de invadir o momento sagrado de comunhão entre seus clubes e torcidas.” Eles afirmam que isso “gerou imensa onda de insatisfação em parte substancial de nossa torcida.” Como vocês sabem, vestindo a camisa do verdão, o eleito presidente Bolsonaro entregou as medalhas aos vencedores no gramado, e ainda levantou a taça com mais de 15 quilos.

HISTORIADOR DESTRINCHA LEI DA ANISTIA

Professor titular de história do Brasil do Instituto de História da UFRJ, o historiador Renato Luís do Couto Neto e Lemos lança hoje mais um livro: “Ditadura e anistia política no Brasil pós-1964.” Foram dez anos de pesquisa, tendo como principal objetivo a análise da questão da anistia pós-64. A obra preenche a lacuna historiográfica sobre o tema. Segundo o autor, a lei da anistia de 1979 foi uma vitória das classes brasileiras, com sua tradição conciliadora e contrarrevolucionária. Ela também estabelece uma correlação de forças na conjuntura de então, beneficiando a formação de um centro político com elementos do regime e da oposição moderada. A partir dessa base, se construiu a ordem, na transição iniciada pelo general Ernesto Geisel. O livro defende a tese de que a indenização a vítimas da ditadura contribuiu para despolitizar o problema da anistia e para a vitória estratégica da direção conservadora da transição iniciada em 74. Lançamento no salão nobre do IFCS, no Largo do São Francisco, 1, no centro, às 18h, com debate dos professores João Roberto Martins Filho (UFSCar), Marcelo Badaró Mattos (UFF) e Felipe Demier (UERJ).

COBRA PRECIOSA

A Chanel anunciou quarta-feira que não produzirá mais bolsas e produtos com peles exóticas de lagartos, cobras, jacarés. Ela alega que a precedência muitas vezes incerta desse tipo de couro foi o que motivou sua atitude. Essas bolsas são tradicionalmente as mais caras de seu catálogo, em torno de 9 mil euros, e os produtos que mais influem nos lucros. A marca, contudo, não quer estar sujeira à pressão de movimentos ambientais, como a PETA. Não faz muito tempo, Gucci, Versace, Armani e Hugo Boss aboliram de sua moda as peles de vison, raposa e coelho. Por isso, querida, se você tem uma píton de Chanel no closet, trate bem, pois virou preciosidade.

INQUEBRÁVEL

Foi inaugurada na quarta-feira a placa Marielle Franco, dando nome à tribuna do Plenário, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Uma iniciativa de seis mulheres: as vereadoras Tânia Bastos (PRB), Luciana Novaes (PT), Rosa Fernandes (PMDB), Teresa Bergher (PSDB), Vera Lins (PP) e Veronica Costa (PMDB). Quero ver os descerebrados irem lá quebrar.

MAU EXEMPLO

O povo aqui adora copiar mau exemplo. Cresce a onda dos assédios no Brasil, a exemplo da atual voga nos EUA. Ao cobrir o embarque do Atlético Paranaense para a Colômbia, à repórter da TV Globo de Curitiba, Gabriela Ribeiro, foi beijada e assediada por um torcedor. Após a divulgação do fato, voltou a bombar nas redes sociais a campanha digital #deixaelatrabalhar .

A VOLTA DE COMPANY

Company, um dos musicais que são clássicos mundiais, montado aqui com sucesso pelo empresário Claudio Magnavita nos anos 90, vai voltar aos palcos brasileiros. Os atores Reiner Tenente e André Dias, e o diretor João Fonseca, estão em Londres com esse fim. A convite da produção do espetáculo foram conhecer o backstage da peça de Stephen Sondheim e George Furth. A trinca foi recebida pelos atores Rosalie Graig e Patti LuPone, que interpretam os protagonistas a serem vividos, em 2019, no Brasil, por Reiner e Soraya Ravenle. A produção original de Company recebeu 14 indicações ao Tony Award, tendo vencido seis, incluindo Melhor Musical. Haja investimento!

VERBA DE MUDANÇA

Do senador reeleito Paulo Paim, do PT, no Twitter: “Abri mão dos dois salários extras da chamada verba de mudança. Não há justificativa para este tipo de auxílio. Nunca recebi e não vou receber. Também já apresentei projeto para acabar com essa legislação.”

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UMA GERAÇÃO SEM FUTURO E AGORA SEM PASSADO

O momento é de observação e expectativa. Movimentos são feitos, que vão definindo o próximo cenário. Nas redes sociais, via what’s app, buscam desconstruir a História recente do Brasil, espalhando dados e fatos ficcionais sobre os militantes políticos de 68. Invertem as situações e os papéis, e eles passam a ser, não os heróis a quem devemos o Brasil redemocratizado, mas os vilões, que oprimiram nossas liberdades por 20 anos. Nesse novo esboço de enredo, centenas teriam sido mortos pelos militantes idealistas; assaltos a bancos por eles teriam sido 300; estrangeiros assassinados nas ruas, aos montes; incontáveis crianças órfãs. Uma deslavada transferência de realidades.

No entanto, ainda vemos aflorarem restos mortais de torturados das covas do Cemitério de Perus, como os desta semana, de Aluísio Palhano. Perus abriga mais de 1.000 sepultamentos clandestinos de desaparecidos políticos da década de 1970. Mesmo assim, “ex-terroristas” são os membros da Comissão Nacional da Verdade. Falam também em “grandes bombardeios” por aqueles que, quando muito, manejavam coquetéis “molotov”. O que temos conhecimento e certeza é da bomba que matou dona Lyda na OAB, da bomba do Riocentro, da tentativa de explodir o Gasômetro do Rio de Janeiro por um brigadeiro-do-ar, que, anteriormente, como tenente coronel-aviador, planejou explodir os palácios do Catete e das Laranjeiras ao tempo de JK. Pessoas de boa fé compartilham as mentiras que agora lhes repassam, desconhecendo que atualmente os Estados Unidos chamam de “terrorista” não a juventude que se insurgiu contra o autoritarismo no Brasil, mas a política do Estado brasileiro à época.

Eis o problema real que se apresenta para os estudiosos sérios enfrentarem: a migração do conteúdo fake da mídia venal, já desacreditada, e do circuito de fofocas da internet, para o ambiente sagrado dos livros, das cartilhas e das aulas de História do Brasil. O passado será negado, fatos reais passarão por um “remake”, e teremos uma História de retrofit, adaptada à conveniência dos poderosos. Vamos repetir versões cínicas, como a dos turcos, que até hoje negam o massacre praticado contra o povo armênio? O monstro da vez é a hipocrisia maquiando a História. Não permitiram a uma geração patriota viver seu futuro. Agora lhe querem negar o passado.

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A UBER, que havia destinado R$ 500 mil para as escolas do grupo especial, além de R$ 2,5 milhões para a estrutura do evento, decidiu não patrocinar o carnaval do Rio. Com a prisão do presidente da Mangueira, deputado estadual Chiquinho da Mangueira, o clima entre a Uber e a prefeitura azedou. E como o prefeito não é da folia, periga o Carnaval 2019 ser o mais fraco da história.

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Com João Francisco Werneck