ALEGRIA, ALEGRIA! O CARNAVAL DA TRISTEZA CHEGOU!
Já se ouvem os primeiros acordes do carnaval de 2019. Enfim, o Brasil assume que é o País do Carnaval. A escola é a Escola Sem Partido. Seu enredo campeão é “O Samba do Crioulo Doido”. A Comissão de Frente é o “Bloco dos Togados”. O Abre Alas, uma gigantesca Ave de Rapina, num carro estrelado, com listras vermelhas e brancas. E o imenso boneco mecânico do primeiro carro alegórico bate continência sem parar, seguido pela “Ala Só Jesus Na Causa”, com mulheres de vestido compridão, à la Maria Mijona, e gola fechada, levando um livro preto na mão, e homens de calças pretas e camisa fechada, portando imensos sacos, em que o povo das arquibancadas atira dinheiro. O Mestre Sala não usa peruca nem abana leque, tem a cabeça raspada nas laterais e exibe bíceps e tríceps, num balé de academia de fisioculturismo. Ah, mas não abre mão do salto alto. A Porta Bandeira veste camisa amarela da Seleção e a bandeira traz a foto de Trump. Sucedida pela “Ala da Constituição”, composta por uma multidão de juízes, desembargadores, procuradores, corregedores, ministros, sambando cada um no seu ritmo, e improvisando sambas-enredos variados e trocando suas letras, cláusulas e artigos. Segue-se a “Ala do Povo Brasileiro”, homenagem à emblemática Ala dos Mendigos de Joãosinho Trinta. Logo, vem uma ala compenetrada, calada e triste. É a “Ala do Vai Passar... Mas Quando?”... Na lanterna, a “Ala dos Despossuídos” evolui em compasso de marcha fúnebre. São os presidentes de todas as demais escolas de samba, que ficaram sem as verbas municipais, estaduais e federais, e estão à míngua, cancelando até os ensaios nas quadras. Alegria pra quê?...
TV BRASIL
“Fica EBC” são as novas palavras de ordem dos jornalistas. A anunciada extinção da Empresa Brasileira de Comunicação é vista como um cerceamento às causas democráticas. Ela funciona como uma Fundação com autonomia, não como órgão governamental. Na verdade, ela fala a voz do povo, sem compromissos corporativos. É uma oportunidade para se exercer uma imprensa íntegra e descomprometida. Através da TV Brasil, a EBC valoriza a cultura nacional, o cinema brasileiro e toda a diversidade artística. A EBC não visa ser lucrativa, é um investimento que o governo faz numa cultura independente e no bom jornalismo. Terça-feira, esta será a pauta da reunião no Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro.
CONSTIEXCEÇÃO
Circula um meme do quadro de Tarsila, com a imagem do Abaporu com a cabeça do Pezão e uma tornozeleira eletrônica no pezão. Não vejo a graça. A prisão de um governador na plenitude de seu mandato é um flagrante desrespeito à Constituição brasileira. Agravado pelo fato de que, em poucos dias, Pezão deixará o governo e poderia ser preso sem se infringir a lei que lhe concede o foro privilegiado. O recado parece ser “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. O outro recado é “para os inimigos, a lei”, pois vemos tantas “aves” fora da gaiola, por motivo do “foro privilegiado” ou por motivo de “já terem passado da idade para serem presos”. Aos desafetos do sistema, a lei só vigora se for para encarcerá-los. A Justiça brasileira não pode ser permitir a esse desfrute além da conta e de todas as expectativas. Não temos mais uma Constituição. Temos uma ConstiExceção. Governadores, deputados, senadores da oposição que abram o olho. Ser oposição no Brasil democrático virou palavrão.
BOLSONARO NO JÔ
A Internet tem cada novidade! Novidades do passado. A última delas a bombar é uma entrevista de nosso presidente eleito ao extinto programa do Jô Soares, quando ele explica ao apresentador o motivo de sua sugestão de “fuzilar Fernando Henrique Cardoso”. Jô pergunta: “Você disse uma barbaridade dessas?” E ele: “Barbaridade é privatizar a Vale do Rio Doce, como ele fez, privatizar as Telecomunicações e entregar as nossas reservas petrolíferas ao capital externo. Que a hora em que você não conseguir preservar a autossuficiência de nosso petróleo, eles vão continuar a tirar petróleo a sete dólares e vender a 60, e o lucro é deles. Se eu não peço o fuzilamento de FHC você jamais estaria me entrevistando aqui agora.” De tudo que já se ouviu Bolsonaro dizer, esta é a declaração que merece aplauso. Não a de fuzilar um ex-presidente, mas a de preservar a autossuficiência de nosso petróleo e contra a privatização da Vale e das Telecomunicações. Evidência não de que ele tenha mudado de ideia, mas de que sabe exatamente o quanto afeta o Brasil o que está se fazendo com a Petrobras.
UNIMED
Botequim em Sampa com nome criativo: Unimé. Todo mundo querendo ingressar para cuidar da saúde e manter os bons hábitos do “mé”, que ajudam a ter...
O LIVRO QUE LEVEI
Os livros estão em pauta nas campanhas deste fim de ano. Há aquela para se presentear com livros no Natal, e há a campanha “O livro que levei”, bolada pelos publicitários Gabriel Morais e Marcella Garbin. A ideia é não desprezar a “curadoria orgânica” de milhares de brasileiros espalhados por todo o país, que levaram livros aos locais de votação em outubro passado no segundo turno. Isso significou luta, esperança, pluralidade etc. Será criada uma biblioteca com os livros que foram levados às urnas. Qualquer pessoa poderá ser membro e ter acesso a ela. Funciona assim: você seleciona o livro que gostaria de ler no site deles, o livro é enviado pelos Correios e junto com ele vem um envelope selado para a devolução do livro em até três meses. Depois, é só escolher outro livro pra você ler. As obras serão compradas através de financiamento coletivo, você faz sua doação, indica o livro que levou para as urnas e ganha uma biblioteca inteirinha. O site é o www.catarse.me/olivroquelevei .
NO REINO DE AVALON
1. Foi breve o reinado da diretora editorial do jornal O Globo, do Extra e da revista Época, Ruth de Aquino. Dadas as inúmeras divergências com o diretor-geral, Frederic Kachar, Ruth deverá deixar o cargo no fim do mês, encerrando assim o conflito de forças pelo controle editorial absoluto das publicações. O que Kachar agora terá, pois deverá extinguir o cargo de diretor editorial e, a despeito de não ser jornalista, passará a orientar diretamente os diretores das três publicações, e também do jornal Valor. Nome pouco conhecido do público, Frederico Kachar obteve visibilidade quando chamou a si o papel de entrevistador de Barak Obama, na visita do presidente americano ao Brasil, preterindo um repórter qualificado da empresa.
2. Estrelas sobem, estrelas declinam. A Rádio Corredor de O Globo anuncia a próxima ascensão da nova colunista do Segundo Caderno, Marina Caruso, para substituir, na editoria da Revista Domingo, Bruno Astuto, que teria se cansado.
3. Flávia Molina é a nova diretora de marketing da Globo. Com passagens pela Pernod Ricard, Microsoft, Mitsubishi Motors, Sony Ericsson e Nestlé, ela substitui Ricardo Esturaro, que ocupou o cargo de 2015 até agosto deste ano. A expectativa sobre os poderes de Flávia é grande, já que a empresa, com problemas de audiência, busca fortalecer sua parceria com agências de publicidade e clientes, representando fatia considerável no orçamento da emissora.
O MINISTÉRIO
TODO O FIM de túnel tem luz. Há um nome animador no ministério de Jair Bolsonaro. O do Ministro das Minas e Energia, almirante de esquadra Bento Albuquerque, um nacionalista... NA COLUNA de 9 de agosto último, falei do submarino a Propulsão Nuclear, fato pioneiro no Brasil, que mobiliza academias, universidades e pesquisadores... CONTEI DE COMO, sob a direção-geral do almirante Bento, o submarino nuclear vem sendo desenvolvido pela Marinha do Brasil, com técnicos brasileiros formados e treinados no exterior, constituindo patrimônio intangível, que se traduz em 1.140 funcionários altamente qualificados... O ALMIRANTE fez palestras em vários Estados, apresentando para a comunidade acadêmico-científica o Submarino Nuclear, fundamental a um país com 95% de sua carga comercial transportados pelo mar, sendo que 10% da carga mundial passam por nossos portos... ESSE PROJETO se deu a partir de um acordo de 2008 com a França para a construção de cinco submarinos, sendo um à propulsão nuclear e com tecnologia brasileira... COMENTEI O modo discreto, disciplinado e tenaz, cumprindo metas e datas, do programa orientado e defendido pelo almirante Bento, não só pelos milhares de empregos gerados e pelas centenas de empresas envolvidas, mas também pelo impacto tecnológico, com o desenvolvimento da capacidade brasileira de projetar e construir reatores e seus combustíveis, gerando energia, que são a base do desenvolvimento... NA OCASIÃO, falando da importância do programa nuclear, que representa apenas 2,2% da matriz energética brasileira, enquanto das hidroelétricas advêm 76%, disse o futuro Ministro das Minas e Energia: “É um paradoxo que um país com a sétima reserva de urânio do mundo, onde a geração nuclear poderia ter papel importante em nossa matriz energética, provendo energia por 100 anos, apresente esses dados (...) O investimento em tecnologia nuclear é um compromisso com as gerações futuras, pois a diversificação da nossa matriz energética significa também segurança.”...
