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Com a palavra, Cláudio Castro, futuro vice-governador do Rio

"A população do Rio de Janeiro escolheu o novo, e agora o novo tem que dar conta do recado"

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Castro Com Wilson Witzel em campanha na Barra e em Jacarepaguá
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Quem são os novos nomes da política do Estado do Rio de Janeiro? O avassalador efeito WhatsApp nas últimas eleições riscou do mapa, pelo menos temporariamente, os nomes tradicionais da política fluminense, dando lugar a muitas novidades. A começar pelo próprio governador, Wilson Witzel, juiz de carreira, e seu vice, Cláudio Castro, do PSC, vereador em primeiro mandato com 10.262 votos, 2° secretário da mesa diretora da Câmara dos Vereadores do Rio.

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Castro Com Wilson Witzel em campanha na Barra e em Jacarepaguá (Foto: instagram)

Apesar de não assumir secretarias, será de Cláudio Castro o papel chave de principal articulador político do novo governo Fluminense, garantindo a governabilidade. Definitivamente, acabou-se o tempo de vices decorativos. 

Nossa conversa é com esse paulista de Santos, 39 anos, carreira no Direito construída no Rio de Janeiro, cantor da banda “Em Nome do Pai”, católico fervoroso - até pouco tempo frequentador assíduo das concorridas missas do agora saudoso beneditino Dom Cipriano.

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Levando os filhos ao circo, com a mulher, Analine (Foto: instagram)

Moderado, em contraste com o perfil impetuoso de Wilson Witzel, seu temperamento conciliador e tolerante pode ser a fórmula do diálogo para a melhor condução dos destinos do Estado do Rio de Janeiro. Neste “pingue-pongue” com o vice-governador eleito, nosso repórter JOÃO FRANCISCO WERNECK levanta as questões que nos farão conhecer as características do vice de Witzel e o quanto poderá contribuir para a nova gestão.

Quem é o vereador Cláudio Castro?

Um vereador que chega cedo na Câmara, por volta das nove, dez horas. Faço isso porque estudo a pauta semanal com a minha assessoria. Então, desde o começo, assumi postura de independência. Nunca pedi cargos ou posições no governo. Minha intenção sempre foi trabalhar políticas públicas. No primeiro encontro com Crivella, na transição dele para a prefeitura, eu já havia avisado que seria um parlamentar independente. Esse é o meu per l. Sou uma pessoa que trabalha com pautas, sem posição regional ou voto partidário.

Em sua trajetória na Câmara, algum projeto que o marcou particularmente? 

O projeto de lei que transformou o autista em deficiente, na época em que eu era chefe de gabinete do vereador Márcio Pacheco, foi seguramente o projeto das nossas vidas. A lei das nossas vidas. Milhares de pessoas foram beneficiadas. E a história desse projeto é muito curiosa: um pai, que não era ouvido por ninguém, um dia chega aqui, procura a gente e diz que olho dele não tem atendimento como autista. E ele trouxe um papel, no qual estava escrito o que pensava sobre o assunto, e, quando olhamos para aquilo, era praticamente o projeto de lei pronto, faltando, é claro, a formatação e a diagramação corretas. Então, na justificativa da Lei, nós colocamos praticamente apenas o depoimento daquele pai. Foi marcante, porque eu considero este o princípio da representatividade, da excelência do processo democrático.

Algum outro que você queira mencionar?

Eu tenho um projeto que, se aprovado, será o projeto de lei da minha vida. Ele permite que as operadoras de saúde paguem parte de suas dívidas atendendo gratuitamente a população. Acho que criar uma forma de quitar o débito de uma empresa que não pode pagar a dívida, fazendo-a atender à comunidade, é muito melhor do que executá-la, quebrar a empresa e gerar desemprego. Esse será o projeto do Cláudio Castro como político. 

O que a população fluminense pode esperar do governo Witzel-Castro?

Um governo de diálogo. Um combate duro à corrupção. Muito duro. Nós iremos controlar cada licitação, cada servidor, inclusive o governador e o vice, sobretudo com relação ao aumento de patrimônio material. A tolerância com a corrupção será menos mil, e não zero. O enxugamento da máquina também é prioridade. A segurança pública, não menos importante, fará parte dessas principais vertentes do nosso governo. O senhor fala em enxugamento da máquina pública.

A UERJ pode ser privatizada?

Chance zero disso acontecer.

E a Cedae?

Com relação à privatização, possibilidade nenhuma. O que pode acontecer são alguns serviços serem colocados sob a forma de PPP (parceria-público-privada). Mas isso é um estudo que ainda vai acontecer. Com relação à empresa, ela não será privatizada.

O que esperar de seu trabalho como vice?

Eu vou cogerir com o governador a questão do interior. Isto é, o desenvolvimento do interior e o turismo são os nossos novos petróleos. Eu vou mediar esse diálogo com as prefeituras do interior. O Rio é altamente dependente do petróleo, que é uma receita nita. Então, a missão, nesses primeiros quatro anos, é começar a mudar a matriz econômica do estado. Queremos mudar a concessão das estradas, melhorar os nossos portos, escoar a nossa mercadoria. A violência e o imposto alto afetam muito a economia do Rio de Janeiro.

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Com Analine,na torcida do Flamengo, no Maracanã. (Foto: instagram)

Do ponto de vista partidário, o senhor é muito próximo de Jair Bolsonaro. O que o Rio de Janeiro pode vir a ganhar a partir desta relação?

O partido do Jair foi um dos que mais nos apoiaram nessa eleição. Eu acredito que o nosso presidente irá olhar para o Rio de Janeiro, para São Paulo, Minas Gerais. Até porque são as maiores propulsoras do país. Desenvolver esses estados é ter mais dinheiro para União, para o Sul, o Nordeste. É preciso manter o regime de recuperação fiscal e, ao mesmo tempo, investir no nosso Rio de Janeiro. A questão da concessão dos portos, estradas, linhas férreas. Se Jair entregar para nós algumas dessas concessões, nós iremos gerir com mais excelência, e poderemos gerar mais riqueza para o estado.

Você acredita que a União poderá perdoar as dívidas?

Totalmente não. Mas algumas dívidas poderão ser. Mas esse é um estudo para o Paulo Guedes.

O senhor é o segundo mais jovem vice-governador da história do país. Quais são suas pretensões na política?

Minha pretensão é fazer um grande governo. A expectativa sobre nós é muito grande. Eu acho que, antes de se pensar em qualquer coisa, será preciso ver como serão esses quatro anos. O político carreirista entrará em processo de extinção... 

Não há uma ambição por algo maior do que o cargo de vice?

Tudo pode acontecer. Meu objetivo é fazer um grande governo. Se depois disso eu for para iniciativa privada, como advogado, então vai ser.  

E a carreira de cantor, como está? Quando foi sua última apresentação?

Eu sou um artista missionário. Fazer shows não enche meus olhos. Entrar em campanha me impediu de fazer shows, porque seria considerado showmício. Então, estou parado.

A falta de casas de espetáculos atrapalha?

O que será feito com relação ao financiamento de cultura no estado? São cerca de 34 salas de teatro fechadas apenas na capital. Entendo que há um sistema que envolve cultura, educação e turismo, que devem andar juntos. Não há assistência sem educação ou cultura. É um sistema fundamental para exercer os Direitos Humanos. O pilar da cultura, portanto, é a empregabilidade. Ter emprego é ter dignidade. A cultura faz parte de um circuito que precisará ser olhado com muito carinho. Iremos cobrar dos secretários destas pastas uma grande integração. O fato é que se tiver dinheiro, vai ter investimento. Se não, vamos gerir com o que tem. O primeiro ano será para pagar dívidas, cortar na carne...

O senhor está satisfeito com as escolhas para as secretarias?

Sim, são nomes técnicos. Não há figurão em nenhuma pasta. Estou feliz porque estamos cumprindo o que falamos na campanha. Anunciamos as primeiras mulheres que farão parte do governo, e outras virão. 

O senhor falou em nomear mulheres. É importante a representatividade?

A capacidade da pessoa antecede o que ela é.

Mas, ainda assim, o senhor anunciou orgulhoso a chegadas das mulheres.

Sim, porque são duas mulheres “hipercapacitadas” para aquilo. Não adianta chamar pessoas de fora, que não pensam igual ao governador. Ele tem uma linha ideológica, e essas pessoas precisam ter esse alinhamento. Não adianta ser pessoas que pensam diferente dele. 

A nova secretária de Direitos Humanos, Fabiana Bentes, deu uma resposta às declarações dele nos últimos dias. 

O que eu entendi da fala dela, e eu concordo, é que ele estava falando de abate, e ela disse que não poderia dizer se isso é certo ou errado, pois isso é função da Justiça. Foi uma fala muito prudente. Ela disse que poderia apenas aconselhá-lo, e ele ouve se quiser.

O senhor aconselharia o governador sobre este mesmo assunto?

Se após executada uma política inteira de segurança pública, e esse sujeito continuar em guerra contra o estado, então, sim, ele pode ser abatido. Mas a nossa política de segurança não é atirar nos outros. Há um projeto muito grande, que foi debatido, pensado. O fato é que, se fosse fácil, alguém já teria feito. A população do Rio de Janeiro escolheu o novo, e agora o novo tem que dar conta do recado.

instagram - Com Analine,na torcida do Flamengo, no Maracanã.
instagram - Levando os filhos ao circo, com a mulher, Analine