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Um anjo brasileiro se despede da Victoria Secret

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Um anjo brasileiro se despede da Victoria Secret
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Macaque in the trees
Adriana Lima despediu-se esta semana da carreira, desfilando pela última vez para a Victoria Secret. Considerada o Angel “mais precioso”, ela foi imortalizada no museu de cera de Mme. Tussaud, vestindo esse anjo vermelhinho abaixo, que marcou época. (Foto: Instagram)

DESPEDIDA DE ADRIANA LIMA

A plateia levantou-se e veio abaixo em aplausos, que não terminavam nunca. Era a modelo brasileira Adriana Lima anunciando sua aposentadoria no desfile de ontem da Victoria Secret, depois de 20 anos, sempre com grande destaque, considerada “a Angel mais valiosa” entre todas. Ela se emocionou, parou no fim da passarela, colocou a mão no coração e curvou a cabeça em agradecimento. Em vez de asas, sua roupa de “anja” tinha um imenso esplendor de plumas de faisão brancas e ela vestia um body transparente bordado com arabescos cinza e prata de lantejoulas transparentes e calcinhas azuis. Sapatos brancos com pluminhas, de Brian Atwood. Adriana também desfilou com uma grande lua presa nas suas costas com estrelas prateadas. Em seu Instagram, ela postou um vídeo com imagens suas como Angel da Victoria nos vários desfiles, e diz na legenda: “Querida Victoria, obrigada por me mostrar o mundo, compartilhar comigo seus segredos e, o mais importante, não apenas me dar asas, mas me ensinar a voar. E todos os aos melhores fãs do ! Amor, Adriana ”.

EM QUEM ACREDITAR?

Não falei que o futuro governo surpreende? Pois o vice-líder do PSL no Rio de Janeiro, o deputado Paulo Ramos, fez discurso na Alerj desmentindo o presidente eleito Jair Bolsonaro, do mesmo partido, que anunciou o fim do Ministério do Trabalho. Disse Ramos: “Não existe nada disso. A extinção do Ministério do Trabalho ainda não é decisão sumária. O assunto será analisado e conversado; vai haver pressões populares e do Congresso, com que se irá debater o tema. O nosso Bolsonaro não é nada disso, as pessoas estão tentando forjar o caráter dele”. Ao se despedir, Paulo Ramos ainda arrematou: “Afinal, quem é o Presidente do país? Ora, ainda é o Temer, e vamos bater nele até o finalzinho do mandato”.

CHICOTINHO QUEIMADO, 1, 2, 3...

Bacana! É assim que se constrói um país pequeno, um Estado mínimo, minimíssimo. No ano passado, das 91,5 milhões de pessoas com ocupação no país, apenas 13,1 milhões estavam associadas a algum sindicato. A taxa de sindicalização, de 14,4%, é a menor desde o início da série histórica, em 2012, quando era de 16,2%. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgados ontem pelo IBGE. Com um mais um empurrãozinho e cai para 0%. Afinal, sem Ministério do Trabalho, sem Carteira de Trabalho, sem Leis Trabalhistas, sem sindicatos e sem empregos, noves fora tudo isso, restam a escravidão e o chicote. Para os nostálgicos, tudo a ver.

TRABALHO ENOBRECE

Enquanto isso, o empresariado brinda. No seminário sobre o Primeiro Ano da Reforma Trabalhista, ontem, na ACRJ, o advogado Décio Freire discutiu a pauta da terceirização de qualquer atividade laboral para atividade fim, aprovada pelo STF, da qual foi o articulador. O outro palestrante, juiz Múcio Nascimento Borges, titular da 33ª Vara do Trabalho, analisou como positiva a Reforma Trabalhista: “Após um ano de vigência, verificou-se maior qualificação técnica dos processos trabalhistas, com privilégio para demandas envolvendo verbas rescisórias”. No popular português de Michel Temer: “não fale em crise, trabalhe”.

IVO VIU O LIVRO

A biografia de Ivo Pitanguy, o imortal do bisturi e das letras, será lançada em Pernambuco, pela Academia Pernambuco de Letras, no dia 20 deste mês. A livro de Moisés Wolfenson chama-se “Além do bisturi”, e o frisson em torno dessa noite de autógrafos é tão grande que se acredita ficará marcada na história da cirurgia plástica de Pernambuco.

USINA DE SANGUE

Depois de viverem 20 anos no terreno de uma usina, que foi à falência, em Ariadnópolis, em Campo do Meio, Minas, 450 famílias serão despejadas, por decisão do juiz Walter Zwicker Escailler Junior tomada na tarde de quarta-feira. Esses 20 anos de vida receberam o prazo de sete dias para desocupação da área. A maioria dos trabalhadores ali instalados naqueles 1.200 hectares é de ex-funcionários da usina falida, que sequer lhes pagou o devido, deixando-os sem recursos. Ao longo dessas duas décadas, toda a extensão de terra foi cultivada com lavoura de milho, feijão, mandioca, abóbora, 40 hectares de horta agroecológica, 520 hectares de café. Tudo será destruído e perdido, bem como as centenas de casinhas, os currais e os quilômetros de cerca serão derrubados. É uma sentença de morte para duas décadas de trabalho, e também uma sentença de falência para Ariadnópolis, cidadezinha que respira em função daquela produção agrária. Ao longo dos anos movimentos e autoridades agrárias discutiam a aquisição da área para sua regularização e distribuição dos títulos aos moradores. Os proprietários originais têm débitos com o Estado. Já havia sido negociado e aceito o pagamento de 90 milhões parcelados por elas. Faltava a homologação do acordo. De repente, surgiu esse juiz agrário, que mora em Belo Horizonte e deu essa sentença que os advogados de defesa das famílias julgam arbitrária e que “fere princípios constitucionais ao não reconhecer valores de dignidade humana”.

A audiência foi totalmente atípica, impedindo a entrada da representação das famílias acampadas e de autoridades que se deslocaram para acompanhar. O juiz solicitou a presença da tropa de choque dentro da sala. O juiz foi sumário também na leitura da sentença: limitou-se a informar rapidamente a decisão.

As famílias do Quilombo Campo Grande não se conformam que uma mera liminar de despejo apague tantos anos de luta, e somam coragem para resistir e permanecer nas terras de Ariadnópolis. A consequência poderá ser um banho de sangue.

Para quem queria tanto ver correr o sangue dos brasileiros, está aí uma oportunidade.

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Imperdível! Amir Haddad, em processo de encenação da obra do filósofo alemão Nietzsche, “Assim falou Zaratustra”, vai interpretar as palavras vivas do escritor, enquanto a poeta filósofa Viviane Mosé dirá textos do novo livro dela, numa leitura atual do pensamento de Nietzsche. Juntos, no palco do Clube Manouche, Casa Camolese. Na segunda-feira, dia 12, a partir das 21h.

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Com João Francisco Werneck