Foi um evento de moda único. Fotógrafos, cinegrafistas, plateia não sabiam se aplaudiam ou se choravam. Pura emoção. Ao final, aplausos de pé e bis - vocês já viram um desfile de moda ser bisado? Pois foi. Era a apresentação da coleção ModAtivismo, um projeto da parceria Flup-Instituto Zuzu Angel. O conceito era criar roupas que denunciassem o genocídio dos jovens, negros e pobres das periferias pelo Estado brasileiro, seguindo o exemplo de Zuzu Angel, que em 1971 desfilou uma coleção de moda de protesto político contra a Ditadura, pela morticínio de jovens, quase todos brancos e da classe média, praticado nos porões de prédios públicos e das “casas da morte”.
As roupas criadas e produzidas por aquele coletivo de 17 estilistas negros exprimiam a tragédia e o desespero dessa realidade brasileira, e ali estavam, no centro da passarela em U, as mães e alguns pais dos jovens assassinados - e cada vez mais!
Havia a sequência de vestidos ensanguentados. Havia as camisas dos estudantes das escolas públicas, quer emendada umas nas outras, quer usadas como bandeira com a frase “As vidas não valem nada“. Havia as capas com nomes de todos os jovens dessa triste estatística escritos em letras douradas. E havia, independente da mensagem, muito talento, estilo e identidade. Uma moda autoral e linda. Havia acessórios com inscrições como “Estado Laico”.
Esses artistas desenvolveram o trabalho durante dois meses, em imersão na Casa Zuzu Angel, onde puderam pesquisar o acervo, participar de seminários com grandes nomes da moda, abordando a Coleção Zuzu, tendências, mercado, referências, enfim, tudo que forma o pensamento de um profissional. Eles tiveram orientação de estilo, pela estilista Luiza Marcier, e de moulage, pela estilista Lena Santana. Além da assessoria de Marina Giustino e Simone Costa Ávila, do Instituto Zuzu Angel.
A Flup - Festa Literária das Periferias - ingressa com pé direto e grande sucesso no universo da moda. A renda da venda desses modelos. À venda na Biblioteca Parque, onde rola a Flup, vai para o coletivo de mães da periferia, que perderam seus filhos. Um show de moda denúncia para ser levado para o exterior, como fez Zuzu.
Amanhã, mostrarei as roupas. Hoje aqui está a plateia do desfile, que foi também um show à parte.
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PRIMEIRA BAIXA triste da transição dos governos Witzel/Bolsonaro. Faleceu ontem, a bordo do voo Rio-Brasília, o presidente da Academia Brasileira de Filosofia, João Ricardo Moderna. Como representante do novo governador do Estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, ele tinha reunião marcada com a equipe de transição de Bolsonaro.
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Com João Francisco Werneck