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Vidas negras em risco

Divulgação -
Mestre Môa, o grande nome da capoeira na Bahia, assassinado por votar no PT
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A polarização na campanha tem provocado vários episódios de ameaças e intimidações. O mais grave deles, relatado nas redes sociais, foi, na madrugada do dia 8, a morte do mestre de capoeira e militante da cultura negra, Romualdo Rosário da Costa, de 63 anos, conhecido como Môa do Katendê. Falta ainda a devida apuração das autoridades, mas há testemunhos de que que o capoeirista foi esfaqueado em uma discussão num bar do Dique Pequeno, iniciada pelo autor do crime, morador novo no bairro. Inconformado porque as pessoas no local preferiam o PT, ele foi em casa, buscou a faca e agrediu mortalmente Katendê e seu sobrinho, Germínio do Amor Divino, que acudiu o tio e está no hospital em estado grave. O suspeito foi preso.

Môa, que sempre defendeu os menos favorecidos, era compositor, dançarino, percussionista e talvez fosse o mestre de capoeira mais conhecido de Salvador, da tradicional Capoeira Angola da Bahia, e fundador do Grupo Filhos de Gandhi. A capoeira é um símbolo de resistência. A vida e a cultura negra estão em risco, e várias entidades afro-brasileiras manifestam sua indignação e alertam que a vida e a cultura negra estão em risco. Fica cada vez mais claro que neste segundo turno a polícia precisará entrar em cena para proteger os eleitores deles mesmos... Já no segundo turno, Bolsonaro deu sua primeira declaração e a primeira entrevista, ao Jornal Nacional, de camisa preta. A camisa preta era o uniforme do fascismo na Itália, e os fascistas eram chamados de “camisas negras”. Intrigou a preocupação do candidato, que tem como bandeira o combate à corrupção, em indicar um como primeiro nome de seu eventual ministério um banqueiro, Paulo Guedes, para Ministro da Fazenda. Não foi alguém contra a corrupção, tipo o Ministro da Justiça.

Macaque in the trees
Mestre Môa, o grande nome da capoeira na Bahia, assassinado por votar no PT (Foto: Divulgação)

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CIRO NA CABEÇA

Bolsonaro venceu no primeiro turno. Em Londres! Já em Paris e em Berlim deu Ciro na cabeça, seguido de Haddad. Foram cerca de 500 mil eleitores brasileiros votando no exterior.

O VITORIOSO

Mas o grande vitorioso desse primeiro turno não foi Bolsonaro nem foi Haddad. Foi o bispo Edir Macedo.

BEM NAS FOTOS

Logo após sair do Hospital, Jair Bolsonaro escolheu, como primeira a visitar, a amiga e candidata à Alerj, Alana PQD, que tinha apenas quatro mil seguidores no Facebook. Algumas fotos com o presidenciável depois, e Alana PQD saiu do primeiro turno com 96 mil votos.

CABO DACIOLO

A zebra da eleição para presidente foi o Cabo Daciolo. Com gritos, homofobia e incontáveis “glória a Deus”, ele obteve quase 1,3 milhão de votos, e ainda venceu Marina Silva, ex-senadora e candidata veterana à presidência, e o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles. Agora, já dizem por aí que ele tentará a prefeitura carioca em 2020. Periga o carioca ter que decidir entre Daciolo e um poste de Jair Bolsonaro...

CABO (ELEITORAL) FÁTIMA

Outro que bombou nas urnas foi o namorado de Fátima Bernardes, atual “queridinho das redes sociais”, Túlio Gadelha, eleito deputado federal por Pernambuco. Levou quase 76 mil votos. Mas nem sempre foi assim. Quando saiu candidato a deputado federal em 2014, foram apenas 3.495 votos, e não se elegeu.

A ELEIÇÃO DE DR. REY

Mas nem todos os famosos se deram bem. O Dr. Robert Rey, que fez muito sucesso na TV com seu programa sobre cirurgias plásticas no high de Beverly Hill, chegou até a tentar ensaiar uma candidatura à presidência da República. Desistiu em abril, e se candidatou a deputado federal em São Paulo. Teve pouco mais de 13 mil votos. Dos vexames, o menor.

GAY DESBANCA MALTA

A grande contradição do eleitorado foi a derrota de Magno Malta, bolsonarista de primeira hora e o preferido do presidenciável para a seu vice. Com a vaidade inflada pelo convite recusado, e de olho comprido no poder, o pastor dispensou a chapa e se lançou à reeleição como senador do Espírito Santo. Perdeu para Fabiano Cantarato, o maior número de votos do Estado, que será o primeiro homossexual assumido a ocupar uma cadeira no Senado brasileiro. Há uma réstia de luz no fim do túnel…

DOMINGO NO IATE

Almoço de domingo das eleições, o Iate Club borbulhava com as voluntárias veteranas da ABBR Mapy Carino, Mariza Murray e Lygia Lowndes, muito bem acompanhada de sua filha, Titina, e do genro, Nick Wellington.

FIRJAN CELEBRA TEMER

Quem disse que Michel Temer é uma unanimidade? A Federação da Indústria do Rio de Janeiro, por exemplo, enxerga nele grandes méritos, tanto que o homenageará com a Medalha do Mérito Industrial do Estado do Rio de Janeiro. A entrega será com almoço na Casa da Firjan, em Botafogo, dia 19, tendo como anfitrião o presidente Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira. Depois de conferida, a medalha de Temer estará tipo “sub judice”. Afinal, a mesma homenagem foi conferida pela entidade ao ex-governador Sérgio Cabral e devidamente cancelada após sua condenação.

INVASÃO ITALIANA

Ontem, Ipanema ganhou dois restaurantes italianos, o Pietro e o Olivetto, no local do antigo Hippo, na N. Sra. da Paz. No dia 30, quem ganha um restaurante italiano é o Hotel Hilton Barra. O chef é Moreno Colosimo, um italiano de Piemonte, que ganhou fama depois de dois anos no Hilton São Paulo. Ele é conhecido por sua criatividade e paixão pela cozinha familiar e seus vitello tonnato, o creme de atum com alcaparras e a torta desconstruída de três limões. Nhamnhamnham...

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Di a 20 milhões não era bom negócio e Iole fez aço voar

O encerramento da ArtRio embolou com o início da semana da eleição, e muita coisa ficou por ser contada sobre o evento anual de artes plásticas mais importante do Rio de Janeiro... Nos últimos dias da feira, houve alguns fechamentos de negócios importantes e outras boas vendas. Um oásis para um momento difícil como agora... Como sabemos, os nossos colecionadores são antes de qualquer coisa homens de negócios pragmáticos em busca do que chamam “oportunidades”. Talvez esse ponto tenha sido o motivo para o badalado painel do Di Cavalcanti, avaliado em 20 milhões, não ter sido vendido... Na outra ponta, os destaques dos jovens artistas na feira foram: a paulista Maria Weffort, o brasiliense David Almeida, a também paulista Marina Rheingantz e o baiano Antonio Tarsis. Mostraram a que vieram!... Se pudéssemos “pescar”, entre tantas obras de qualidades, três obras-primas, a Coluna elegeria a escultura de Waltercio Caldas, da Galeria Gustavo Rebello, o trabalho sempre inusitado de Pedro Cabrita Reis, na Mul.ti.plo Espaço Arte, e o Poema-plástico do notável Wlademir Dias-Pino, na Galeria Superfície... Já o destaque que se impôs pela qualidade e potência foi o trabalho da grande escultora Iole de Freitas. São esculturas de uma leveza surpreendente. Como papeis brancos que levitam, desafiando, com sua beleza, a própria gravidade. Iole, que foi bailarina, faz com que o aço flutue no ar... Mas o que marcou mesmo na ArtRio foi a adesão do público ao movimento #elenão. Do público e - é bom frisar - dos artistas, curadores, críticos de arte e muitos galeristas. Essa mobilização espontânea fez nascer o movimento “a arte contra Bolsonaro”. Afinal, a arte é logo das primeiras em risco quando ronda um regime de exceção. Todos se lembram apreensivos da censura recente da mostra Queermuseu. É sabido que totalitários, racistas e homofóbicos não suportam a liberdade e o pensamento criativo. Mas sempre há esperança de que o diálogo, a paz, o bom senso e a democracia vencerão. A arte também!...

Abaixo registros nos corredores da mostra, todos calçando tênis e sapatênis, devidamente preparados para longas caminhadas pela mostra de arte, que pela segunda vez aconteceu na Marina da Glória.

Macaque in the trees
Marlise Corsato, Felipe Veloso e Jaime Portas Vilaseca (Foto: Murilo Tinoco)

Macaque in the trees
Cesar Oiticica Filho, Claudia Melli de Orléans e Bragança, Udo Kurt e Adriana Tavares (Foto: Murilo Tinoco)

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ENFIM, O BUSTO do grande pintor Eliseu Visconti voltará ao Theatro Municipal, de onde foi retirado nos anos 70. Visconti é o autor das pinturas magníficas que ornam o Teatro, como o majestoso pano de boca, que será exibido ao público depois de dois anos recolhido. A homenagem será dia 11, incluindo uma exposição de estudos de Visconti.

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Com João Francisco Werneck

Murilo Tinoco - Marlise Corsato, Felipe Veloso e Jaime Portas Vilaseca
Murilo Tinoco - Cesar Oiticica Filho, Claudia Melli de Orléans e Bragança, Udo Kurt e Adriana Tavares