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Pato, Ganso ou Cisne?

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Ao contratar Paulo Henrique Ganso, o Fluminense agitou o noticiário esportivo da semana e o que o torcedor mais se pergunta agora é qual será o jogador que envergará a tradicional camisa tricolor: o talentosíssimo meio-campo que surgiu na Vila Belmiro, na mesma época que Neymar (chegando a ser considerado por muita gente melhor que o Moicano), ou o baleado e preguiçoso armador que fracassou no futebol europeu, inicialmente no Sevilha e depois no modestíssimo Amiens, da França?

Em suma: estará o clube das Laranjeiras bancando o pato, numa negociação que o obriga a gastar bem acima do que recomenda a sua situação de penúria financeira, ou ainda será possível ver Ganso se tornar um belo cisne, como maestro desse novo time dirigido por Fernando Diniz?

Aquele Paulo Henrique brilhante do início de carreira, que ninguém se iluda, não veremos mais. Não somente pela idade (já está com 29 anos) mas, principalmente, pelas graves contusões que sofreu e já o obrigaram a fazer quatro cirurgias nos joelhos. O caso de Ganso me lembra muito o de Reinaldo, centroavante do Atlético Mineiro e da seleção no final dos anos 70, início dos 80, cujo talento era indiscutível, mas as precárias condições físicas (teve os joelhos massacrados pelos adversários) abreviaram dramaticamente a sua carreira.

Isso não quer dizer, entretanto, que o novo reforço tricolor não poderá ser útil. Não custa lembrar que, há poucos anos, o Fluminense contratou Deco, que já encerrara sua passagem no Barcelona, estava prestes a se aposentar e, mesmo assim, tornou-se uma estrela nas Laranjeiras, comandando o meio-campo em dois títulos brasileiros (2010 e 2012).

De lá para cá, o nível do futebol praticado por aqui, só fez piorar - os talentosos saem cada vez mais cedo e os que voltam são aqueles que estão em final de carreira ou não deram certo lá fora, exatamente como Ganso. Dentro desse panorama de mediocridade nivelada, acredito, sim, que ele ainda pode brilhar e fazer a diferença com a camisa do Flu.

Mesmo sem grandes estrelas, Fernando Diniz tenta montar um time ofensivo, baseado no toque de bola e na velocidade de seus atacantes. Ganso é lento, é verdade. Mas se partirem de seus pés passes preciosos ele não precisará correr - a não ser para o abraço.

A aposta é alta, mas, dentro das quatro linhas, acho que pode dar certo. Se o Fluminense conseguirá pagar os seus salários em dia, e se isso não provocará ciúmes dentro do elenco, já é outra história.

Seja como for, é muito bom voltar a ver um jogador talentoso vestindo a camisa tricolor. Até porque, convenhamos, com o truculento (e veterano) Aírton sendo o responsável pelo início das jogadas no meio-campo, a turma das Laranjeiras não iria a lugar algum e, pior, correria enorme risco de acabar (uma vez mais) na Segundona...