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Só Papai Noel salva o futebol carioca

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Pobre Noel, as cartas chegadas do Rio de Janeiro este ano estavam especialmente complicadas. E me refiro apenas àquelas relativas ao futebol carioca, pois se pensar no geral, periga o bom velhinho nem dar as caras na, apesar de tudo, ainda Cidade Maravilhosa. Mas Papai Noel é corajoso, mandou blindar o trenó e providenciou capas de aço para que suas renas possam cruzar os céus em segurança, em meio às balas perdidas. Ele vem hoje, à noite, pode apostar. Se conseguirá satisfazer os pedidos de rubro-negros, tricolores, vascaínos e botafoguenses, já é outra história...

Das Laranjeiras, recebeu, por exemplo, cartinhas contraditórias. Os torcedores querem como presente de Natal um novo presidente. Se possível, uma versão moderna do inesquecível Francisco Horta. Que desafio, hein? E os cartolas do Flu, o que pediram? Dinheiro! Pra pagar as dívidas e montar um time decente, capaz de dar ao novo técnico Fernando Diniz as ferramentas necessárias para fazer o tricolor jogar um futebol insinuante e capaz de disputar os títulos dos quais nem sequer passou perto no ano que se encerra. Sei não, mas fico com a impressão de que só um bilhete premiado da Mega Sena da Virada pode salvar a pátria por lá.

De General Severiano, o pedido é diferente. Não querem a grana do banco, mas os banqueiros! Há algum tempo, a família Moreira Sales acena com a possibilidade de ajudar o clube alvinegro que, como seus coirmãos Flu e Vasco, vive de pires na mão. A diferença entre as cartinhas da torcida e da diretoria é que a turma da arquibancada gostaria que os irmãos Walter e João Moreira Salles assumissem logo tudo, tornando-se uma versão em preto e branco da administração Eduardo Bandeira de Mello, no Fla. Mas com títulos! Muitos títulos que devolvessem à Estrela Solitária os tempos áureos e inesquecíveis de Garrincha, Nilton Santos, Didi, Gerson, Jairzinho, Paulo César Lima e tantos outros. Já os cartolas, na verdade, só querem que os banqueiros banquem tudo. Ah, os cartolas! Depois reclamam que a ajuda não vem...

De São Januário, as cartinhas chegaram com sonhos de pacificação política do clube, algo que o Gigante da Colina não tem há décadas, mas que este ano se agravou ainda mais com traições, impugnações, eleições até hoje não resolvidas judicialmente e etc. Claro, os cruz-maltinos querem também alguns bons jogadores para fazer companhia a Máxi Rodriguez que, com a provável saída de Yago Pikachu, tende a ficar mais solitário do que Robinson Crusoé sem radinho de pilha (ave, Nélson!). O principal desejo é acabar o Brasileiro bem longe da zona do rebaixamento.

Da Gávea, com as finanças em dia e a eleição de Rodolfo Landim para substituir o azarado Bandeira de Mello, as cartas chegaram com um pedido singular. Pouco se falou em nomes de reforços. O que a nação rubro-negra deseja com maior fervor é que o novo presidente e seu estafe (ao contrário de seus antecessores) entendam de futebol e sejam bem mais competentes na gestão do mundo da bola. Será pedir muito?

Intervalo festivo

Aproveitando o Natal e o final do ano, quando a bola não rola, a coluna fará uma breve pausa a partir de hoje. Volto no dia 9 de janeiro. Feliz Natal e próspero Ano Novo para todos.