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Com dois pés esquerdos

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Não sei de quem foi a ideia de jerico, mas é desanimador constatar que alguém na recém-eleita diretoria do Flamengo possa ter como sonho de consumo a contratação de um jogador deplorável como Felipe Melo.

Se no auge da forma ele já era um atleta altamente discutível (basta lembrar o que aprontou na Copa de 2014, no jogo que eliminou o Brasil, contra a Holanda), imaginem agora, aos 35 anos, sem fôlego sequer para aguentar uma rotina de dois jogos por semana.

É bem verdade que seu farto histórico de cartões amarelos e vermelhos dificilmente permite tal sequência – basta consultar o histórico recente no Palmeiras. Mas ainda assim, ele consegue um jeito de criar problemas, como a expulsão absurda que provocou, num dos jogos decisivos do Verdão na Libertadores. Além disso, não custa lembrar, falhou nos dois gols com que o Boca eliminou o time de Felipão, no Allianz Parque.

Sob qualquer ponto de vista, contratar Felipe Melo é um erro piramidal. A justificativa de que lhe sobra a garra que, muitas vezes, parece faltar ao time atual, é uma falácia. Distribuir pontapés, como ele é mestre em fazer, não tem nada a ver com jogar com vontade, com o coração na ponta da chuteira. Em qualquer jogo em que a arbitragem for correta, Felipe acabará expulso. Ou a torcida rubro-negra já se esqueceu da tesoura criminosa que deu em Vinícius Jr. na lateral do campo, num lance sem o menor perigo?

Contratar Felipe Melo é uma idiotice típica daquele dirigente obtuso que acha também que deixar que um bando de chefes de torcidas organizadas entrar no CT para dar “dura” nos jogadores adianta algo.

É acreditar que futebol não se ganha na bola, mas nas cotoveladas criminosas, nas solas desleais, nas tesouras voadoras. É passar um atestado de incompetência juramentada antes mesmo da posse. É de chorar.

Em tempo: com Felipe Melo no time, o Palmeiras perdeu o Paulista, a Copa do Brasil e a Libertadores. E ganhou o Brasileiro, apesar dele.

O mínimo que se espera do presidente eleito Rodolfo Landim é que vete tal ideia estapafúrdia. E jamais volte a ouvir os conselhos de quem a sugeriu. Parece até coisa da turma do Bandeira de Mello, que nunca entendeu patavinas do mundo da bola.

Em tempo: na posição do velho encrenqueiro, o Flamengo já tem Cuellar (um dos melhores jogadores do elenco rubro-negro), Willian Arão e Piris da Motta. Por que vai arrumar sarna pra se coçar, trazendo um jogador indisciplinado, criador de casos e desagregador de ambiente?

Em tempo 2, a missão: custo a crer que Marcos Braz e Abel concordem com tamanha asneira. Se concordarem, será uma enorme decepção.