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Saudades de Francisco Horta

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Quando eu era um jovem repórter, em início de carreira, o presidente do Fluminense era Francisco Horta. Após mais de 40 anos de atividade, não tenho a menor dúvida de que ele foi, disparado, o melhor dirigente do futebol brasileiro de lá para cá.

Lembrei-me muito do Horta no final desse campeonato brasileiro, não somente pela situação dramática que viveu o seu Fluminense, lutando até a última rodada contra o fantasma do rebaixamento, mas também pela indigência do futebol carioca, onde apenas o Flamengo foi protagonista no torneio – e mesmo assim acabou o ano sem levantar um caneco sequer.

Além de ter contratado Rivelino e montado a famosa “Máquina Tricolor”, bicampeã carioca e semifinalista dos campeonatos brasileiros, em 1975 e 1976, ambos conquistados pelo timaço do Internacional de Paulo Roberto Falcão, Paulo César Carpegiani, Figueroa, Manga e outros, Francisco Horta foi o criador dos famosos “troca-trocas” entre clubes do Rio. Com eles, sem que se gastasse um tostão, era possível reforçar os times, incendiar as torcidas e lotar o Maracanã. Coisa de gênio.

Pena que, de lá pra cá, o que era apenas uma rivalidade sadia entre os quatro grandes, Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco, tenha se tornado um ódio lamentável e injustificável que faz com que não se consiga pensar em conjunto, em busca de soluções para salvar o velho e violento esporte bretão nessa cidade outrora maravilhosa.

Já imaginaram se ainda fosse possível um troca-troca entre os cariocas? Trauco não vem sendo utilizado no Fla? Certamente seria muito útil no Vasco ou no Botafogo. O Fluminense está precisando de uns três ou quatro reforços? Quantos conseguiria se resolvesse incluir no negócio Richard, ou Ayrton Lucas? E Máxi Lopez, quanto valeria numa transação entre os cariocas? O argentino por Diego seria uma loucura?

Enfim, são apenas e tão somente especulações que, nos tempos de Horta, Márcio Braga, Charles Borer e Agatirno da Silva Gomes puderam ser transformadas em negócios que de uma forma ou de outra fortaleceram o futebol carioca dentro e fora de campo.

Nos dias de hoje, o diálogo entre os chamados “coirmãos” praticamente não existe mais. A ponto de chegarmos ao ridículo mor de um se referir ao outro como “o rival”, só para não proferir seu nome. Essa e outras atitudes extremamente estúpidas, como por exemplo, proibir que crianças (vou repetir, CRIANÇAS) entrem na sede de um dos clubes usando a camisa dos outros, está no embrião da violência que a cada dia vai afastando mais os torcedores de bem dos estádios e tornando o futebol um espetáculo de sofá.

Dirigentes ao estilo Eurico Miranda trouxeram o ódio para os campos e o disseminaram para as arquibancadas e até para as ruas da cidade – onde tem ocorrido a maioria dos confrontos com vítimas fatais.

É nesse ambiente doentio que figuras como os “caixas d’água” e os “rubinhos” dividem (os clubes), se perpetuam e proliferam. Não é à toa que tivemos este ano três dos quatro grandes brigando para não cair a maior parte do campeonato. Títulos? Só mesmo o do carioquinha “me engana que eu gosto”, levantado pelo Botafogo.

É ou não é pra morrer de saudades de Francisco Horta?

Piada levada a sério

Com todo respeito ao Vasco, como instituição gloriosa que é, tentar contratar Abel, que está acertado com o Flamengo e ainda tem o Santos lhe acenando com um salário em torno de R$ 1 milhão, só pode ser brincadeira, na atual situação de penúria do clube de São Januário.

E o pior é ver as “trocentas” mesas redondas das tevês a cabo discutirem, como estão discutindo, o assunto com seriedade. Ah, ia esquecendo, há na Colina o sonho de trazer não somente Abel, mas também o executivo Rodrigo Caetano, hoje empregado no Inter.

Será que o presidente Alexandre Campelo pensa mesmo que os dois estão dispostos a trabalhar apenas “por amizade” e para “não cair”?

Amargo regresso

Mal o espanhol Fernando Alonso saiu da Fórmula-1, começam a pipocar na mídia internacional notícias de que o espanhol pode retornar ao circo, no futuro, “desde que tenha condições de pilotar um carro de ponta”.

Seu empresário, o notório vigarista Flavio Briattore, ex-dono da Benetton, banido do automobilismo após o escândalo da batida proposital de Nelsinho Piquet, em Singapura (trapaça para beneficiar justamente Alonso), fala abertamente em Mercedes e Ferrari como as escuderias que poderiam levar o bicampeão de volta ao circuito.

Não custa lembrar que mesmo que fique apenas um ano longe do circo, Alonso terá, em 2020, 39 anos. Idade próxima a que Michael Schumacher, então com 41, retornou da aposentadoria para pilotar uma Mercedes e ser triturado pelo jovem companheiro de equipe, Nico Rosberg.

Acho que o melhor que Don Fernando tem a fazer é ficar pela Indy e pelas categorias de turismo. Se voltar mesmo à F-1, ainda que num carro capaz de brigar pelo título, pode acabar sendo humilhado por Lewis Hamilton e até por um jovem e promissor como Charles Leclerc.

Preto no branco

A pedida de Renato para o Flamengo foi de R$ 900 mil mensais, dos quais R$ 700 mil seriam para ele e R$ 200 mil para ser dividido entre os auxiliares que viessem. Houve especulações de cifras em torno de R$ 1,5 milhões, mas não correspondem à verdade. A contraproposta do Grêmio, entretanto, convenceu meu xará a passar mais uma temporada no Sul.