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O pior Fluminense de muitos anos

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Chutes na lua, furadas grotescas, pixotadas bisonhas. Há muito tempo não se via uma atuação tão catastrófica do Fluminense como a de anteontem, contra o Atlético Paranaense, em pleno Maracanã. Os tricolores entraram em campo transtornados e não acertaram absolutamente nada. Nem os melhores jogadores do elenco, como Ayrton Lucas, Sornoza e Richard, escaparam do desastre. O Flu se despediu da Sul-Americana, a sua última chance de título na temporada, jogando como um bando de pernas de pau.

O mais grave disso tudo é o estado psicológico em que o grupo ficou para a última partida do Campeonato Brasileiro, contra o América-MG, quando precisa, no mínimo, de um empate, para não depender de outros resultados, em sua luta desesperada para fugir do rebaixamento.

A situação tornou-se dramática porque, apesar da péssima posição na tabela, o time mineiro, agora dirigido por Givanildo, ensaia uma recuperação, tendo conseguido vencer dois dos últimos cinco jogos – no mesmo período, o Flu não ganhou de ninguém: três derrotas e dois empates. E não marca um golzinho sequer há séculos...

Ainda acho que, independentemente do que houver no Maracanã, no domingo, o tricolor carioca tem boas chances de permanecer na elite, porque não creio que a Chapecoense consiga derrotar o São Paulo, nem o Vasco vá perder do Ceará, que já está salvo. Basta um desses resultados para o Fluminense escapar.

Apavorada, porém, a diretoria tratou de demitir ontem o técnico Marcelo Oliveira, na esperança de que a tradicional “chacoalhada” nos jogadores, que normalmente ocorre, quando se muda o comando, seja o bastante para provocar uma reação positiva do elenco, evitando a tragédia.

Só que os maiores responsáveis pelo caos nas Laranjeiras são os próprios dirigentes, a começar pelo presidente Pedro Abad, que se mostrou absolutamente incapaz de dirigir o clube, levando-o a uma situação de insolvência financeira, com atrasos consideráveis de salários, direitos de imagem etc. Não somente o departamento de futebol, mas o clube, como um todo, está um caos, como nunca esteve. Deplorável.

O Fluminense pode não cair para a segunda divisão este ano, mas, desgraçadamente, por conta de administrações medonhas como a de Abad, está caminhando a passos largos para se tornar um clube de segunda. Ou algum grupo de tricolores sérios e competentes se reúne para tomar o poder, ou o futuro tende a ser dos mais sombrios.

Abel, novo técnico do Fla

Antes mesmo da notícia da renovação de contrato de Renato Gaúcho com o Grêmio, eu já sentia em conversas com membros importantes da chapa de Rodolfo Landim (favorita nas eleições do próximo dia 8) uma velada preferência por Abel. Houve sim, uma sondagem ao treinador do Grêmio, como também houve, há dois meses, um longo papo com Abel. Mas em momento algum o grupo de oposição declarou oficialmente a sua preferência por um ou outro.

O que falta, então, para que Abel agora diga sim ao rubro-negro? Antes de mais nada, a realização do pleito. E, nesse meio tempo, afinar o discurso com o técnico, que ficou, sim, magoado com a forma com que as negociações foram conduzidas, deixando no ar a impressão de que ele se tornara o plano B. Convenhamos, ninguém gosta de ser segunda opção.

Abel, porém, adoraria treinar o Flamengo e continuar no Rio. Sua carreira decolou depois que ele deixou a Gávea e, de uma certa forma, se sente em dívida com o clube e com a torcida, por causa daquele inesperado e decepcionante vice na Copa do Brasil, contra o Santo André. De lá pra cá, Abel ganhou tudo: Campeonato Brasileiro (pelo Fluminense), Copa Libertadores e Mundial Interclubes (pelo Inter).

Com o Flamengo completamente restruturado em termos financeiros e de instalações para o futebol, um elenco de base bom e a perspectiva da contratação de reforços que o tornem ótimo, Abel sabe que poderá voltar a brigar pelos grandes títulos a partir de 2019. Ele só precisa de um carinho, para dizer sim. E aposto que Landim e Cia. saberão tratá-lo muito bem, como merece.

Dançou, neném

Se Eduardo Bandeira de Mello tivesse contratado Abel em maio de 2016, quando Muricy Ramalho pediu demissão, por causa de problemas de saúde, muito provavelmente, teria encerrado seus dois mandatos com mais títulos conquistados. Bobeou, dançou.

Boa sacada

Ter que realizar a final da Libertadores fora da Argentina não deixa de ser um atestado de incompetência da Conmebol e da AFA, mas a escolha do Santiago Bernabéu, estádio do Real Madrid, para sediar a partida decisiva entre River Plate e Boca Juniors conseguiu, ao menos, devolver parte da aura perdida àquela que vinha sendo anunciada como a maior final da Libertadores de todos os tempos e se tornou o maior vexame da história do futebol sul-americano.

Espero apenas que a partida seja disputada sem a selvageria característica dos duelos entre os mais tradicionais rivais dos hermanos. Será o fim do mundo ver uma (bem possível) pancadaria generalizada no gramado histórico do Bernabéu. Chega de mico, né?