Colossos na história do futebol brasileiro, mas vivendo um dramático, perigoso e progressivo processo de apequenamento nos últimos anos, Vasco e Botafogo correm, no momento, sério risco de acabar na segunda divisão em 2019 e, se isso se acontecer, podem ter extrema dificuldade para voltar aos tempos de glória.

Os rebaixados este ano, ao contrário do que acontecia até a temporada passada, não manterão as suas cotas de TV como se ainda estivessem na série A – privilégio que facilitava o retorno rápido dos grandes clubes à elite. No caso do Glorioso e do Gigante da Colina, isso pode significar um faturamento até 15 vezes menor em termos de faturamento com os direitos de TV no Campeonato Brasileiro.

Para clubes, como os dois, que já vivem sufocados por dívidas acumuladas em administrações desastrosas, é fácil imaginar o tamanho da encrenca. Vasco e Botafogo já pediram, inclusive, adiantamento de cotas de TV de 2019 (no caso, do Campeonato Estadual), para pagar as contas de 2018. Como honrarão seus compromissos (e manterão times competitivos) com uma receita significativamente menor?

O panorama, em ambos casos, é sombrio. Ambos estão, atualmente, a apenas um ponto do Z-4. Pode ser até que não caiam. Mas que estão jogando uma bolinha de segunda estão...

Novas regras na grana

Não custa lembrar, a partir do ano que vem, estão previstas também mudanças radicais nas regras de distribuição do dinheiro das cotas da TV. Do total, 40% serão divididos igualmente entre os 20 participantes da Série A, 30% pelo número de jogos transmitidos pela TV e 30% de acordo com a classificação final do torneio.

Estudo realizado pelo blog do jornalista Jorge Nicola aponta que, com as novas regras, se o campeonato brasileiro terminasse agora, na trigésima primeira rodada, o Flamengo perderia a bagatela R$ 81,8 milhões e o Corinthians, ainda mais, R$ 92,2 milhões. O que deve compensar em parte o prejuízo dos clubes de maiores torcidas no país é o crescimento exponencial do “pay per view”, onde ambos são os que mais faturam. A nova metodologia de distribuição é inspirada na forma que utilizada na Premier League, da Inglaterra. Veremos se dará certo aqui.

Preconceito e burrice

Há algo muito estranho na relação da comissão técnica do Real Madrid com Vinícius Jr. Com o time atravessando péssima fase, em um vexatório nono lugar na tabela de classificação da Liga Espanhola, faz sentido que o brasileiro, contratado por uma fortuna e já titular e destaque no Flamengo, antes de viajar para a Espanha, esteja sendo tão pouco utilizado?

A gota d’água para a demissão do polêmico treinador Julen Lopetegui foi a goleada sofrida diante do Barcelona, no domingo passado, mas o que se comenta, nos bastidores, é que o presidente Florentino Perez há tempos andava inconformado com o desprezo com que o treinador tratava a joia brasileira, que ele, Perez, se empenhou tanto para comprar.

Pois bem. Agora, assumiu um interino, que já estava na comissão técnica, o argentino Santiago Solari (ex-jogador do próprio Real Madrid, entre 2000 e 2005), e o que ele diz, ao ser questionado sobre Vinícius Jr. (assunto permanente na imprensa espanhola)?

- Ele é apenas mais um. E ainda tem muito que aprender. É muito talentoso, mas também muito jovem.

Haja má vontade. Cheira até a preconceito. E burrice.

Missão espinhosa

Por causa do gol que sofreu, no finalzinho da partida, no Nílton Santos, o Fluminense terá que derrotar o Nacional, hoje (ou empatar, com mais gols do que o 1 a 1, da ida), no Parque Central, tarefa complicadíssima, como atesta o excelente retrospecto dos uruguaios, jogando como mandante em competições internacionais – em sete jogos, venceu seis e empatou um. É a última chance de o tricolor ganhar um título na temporada.

E também praticamente a sua única possibilidade de garantir uma vaga na Libertadores do ano que vem. Pelo Brasileiro, mesmo que Grêmio ou Palmeiras vençam o torneio deste ano, precisa descontar seis pontos para Santos e Atlético Mineiro e três para o Atlético Paranaense.

O trabalho de Marcelo Oliveira, porém, está aprovado. Em um clube que vive na penúria, atrasando salários e perdendo jogadores, como Gustavo Scarpa, salvar o tricolor do fantasma do rebaixamento já foi um feito.

Escolhido

Já está definido. O técnico do Flamengo, em 2019, será Abel Braga. Os dois principais postulantes à presidência, nas eleições de dezembro já mandaram recado para o técnico, que se mostrou disposto a aceitar o convite. Só não quis abrir as negociações já, em respeito a Dorival Júnior, que está, momentaneamente no cargo – o contrato do atual treinador vai apenas até o final do Brasileiro. Abel chegará ao Mais Querido com dois anos de atraso. Deveria ter sido contratado quando Muricy Ramalho se aposentou por problemas de saúde. Mas como Bandeira de Mello e seus pares não são do ramo, perdeu-se um tempão com estagiários...