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De vilão a herói, em um lance

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Nada é mais definitivo no futebol que o resultado. Há, entre os críticos, alguns que condenam tal conceito, sonhando utopicamente com análises que privilegiam “trabalho” e “desempenho” – como se ambos não estivessem diretamente ligados ao... resultado. Ou seja, se ele não vem, o trabalho e o desempenho podem encantar quem quiser, mas não resolvem.

Bom exemplo disso, pode-se ver ontem, na importante vitória do Vasco sobre os reservas do Cruzeiro, em São Januário. Durante a maior parte do primeiro tempo, com fúria especial ao final do mesmo, a torcida cruz-maltina vaiou o lateral-esquerdo Fabrício, improvisado pelo técnico Alberto Valentim como meia-atacante. E tinha a sua razão, pois de fato ele não jogava bem. Mas não era só ele. Ninguém no time da Colina via a bola.

Passou o intervalo e, embora tenha sido brindado com insistente coro de burro, o treinador manteve o jogador. E, ironia do destino, logo no início da etapa final, foi de Fabrício a jogada que culminou com o primeiro gol, feito por Pikachu. A partir daí, mudaram o panorama da partida e o humor das arquibancadas. De vilão, Fabrício virou herói, a ponto de sair aplaudido calorosamente quando o jogo já estava decidido e ele, exausto, acabou substituído por Henrique.

O melhor jogador do Vasco, porém, foi outro: o veterano goleador argentino Maxi López. Sua deixada, abrindo as pernas, para que o passe de Fabrício chegasse a Pikachu, livre pra marcar o primeiro gol, foi perfeita, bem como o chute de curva, vencendo o goleiro Rafael, no segundo, liquidando a fatura.

Com os três pontos, o time de Valentim respirou um pouco na tabela, mas a distância para o temido Z-4 ainda é pequena – três pontos que podem se transformar em apenas dois, caso o Ceará derrote o Botafogo esta noite, no Castelão. O triunfo foi apenas o oitavo no campeonato, todos conquistados em São Januário.

O próximo jogo é fora, contra um rival que também luta contra o fantasma do rebaixamento: o Sport. Que Maxi López e Pikachu (o segundo melhor na vitória de ontem) estejam especialmente inspirados, na Ilha do Retiro.

Resultados ruins

Apesar da vitória sobre o Fluminense, o Flamengo não conseguiu diminuir a distância para o líder Palmeiras, nem ultrapassar o vice-líder Internacional, que também ganharam na rodada. Mais que nunca, uma vitória sobre o time de Luiz Felipe Scolari, daqui a um rodada, no Maracanã, é obrigatória para continuar sonhando com o hepta.

É impressionante a regularidade desse Palmeiras, de Felipão, que com titulares ou reservas, enfileira vitórias sem parar – com a de ontem, já são quatro. Mas a significativa melhora do Fla, com Dorival, permite que os rubro-negros acreditem que é possível batê-lo, no jogo que pode incendiar de vez o campeonato em sua reta final ou reduzir os candidatos ao título a apenas os dois primeiros.

Após as derrotas de ontem, São Paulo e Grêmio praticamente se despediram da luta. Restam na liça Palmeiras, Internacional e Flamengo. Não fosse o fato de ainda estar disputando a Libertadores, acharia quase impossível tirar o caneco de Scolari. Mas com o jogo contra o rubro-negro encravado exatamente entre seus dois confrontos com o Boca Juniores, pelas semifinais da principal competição do continente, quem sabe?

Rumo ao número 1

Não se trata apenas da conquista de mais um Masters 1000 (o trigésimo segundo na carreira), mas a maneira como foi conquistado. Novamente em forma soberba, o sérvio Novak Djokovic bateu inapelavelmente, na semifinal e na final, dois dos melhores jogadores da nova geração: o alemão Alexander Zverev e o croata Borna Coric, ambos de 21 anos.

Contra Zverev, atual número 5 do ranking (atrás de Nadal, Djokovic, Federer e Del Potro), Nole não deu ao rival chance alguma. O humilhante placar de 6/2 e 61 foi alcançado em praticamente uma hora de partida! Um resultado surpreendente e que a principal estrela da chamada “Next Gen” não sofria faz muito tempo.

Diante de Coric (que derrotara Roger Federer, com impressionante autoridade, na semifinal), o score foi mais apertado, 6/3, 6/4, mas em momento algum Djokovic chegou a ser ameaçado. Sua atuação foi tão consistente que o rival, após a partida, limitou-se a dizer que levou “uma aula de tênis”.

Hoje, o sérvio assumirá a segunda posição no ranking, superando Federer e já encostando em Rafael Nadal. Do jeito que está jogando é difícil imaginar que não termine a temporada novamente como o número 1. Restam, no calendário, apenas o Masters 1000 de Paris e a Masters Cup, em Londres, que reúne os oitos primeiros do ranking. Pelo andar da carruagem, Nole é o favorito para faturar ambos.

Mais não dá

Aconteceu num Corinthians e Comercial, nos tempos do folclórico presidente corintiano Vicente Matheus que, como de hábito, já tinha providenciado uma ajudinha financeira para o juiz facilitar as coisas. No primeiro tempo, sua senhoria anulou um gol legítimo do Comercial e inventou um pênalti para o Timão – que o chutou para fora. No intervalo, 0 a 0 no placar, o árbitro desceu as escadas avisando a um cartola do Corinthians:

- Diz pro seu Matheus que já fiz o que podia. Mais, vai dar na pinta. Eles agora que corram atrás.

Final: Comercial 1 a 0.

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coluna | futebol