DICAS DO AQUILES
De: Aquiles Para: Carlos Careqa
Publicado em 04/03/2023 às 06:00
Alterado em 04/03/2023 às 20:00
Prezado Carlos,
venho aqui para dizer algumas palavras sobre o seu novo e20 álbum, Somos Todos Estrangeiros, que tem participações especiais de Rita Benneditto, Laura Catarina e Simone Spoladore.
É, Careqa, trinta anos depois de lançar o seu primeiro disco,Os Homens São Todos Iguais, em 1993, você traz um novo trabalho com produção do Marcio Nigro, lançado pelo selo Barbearia Espiritual Discos. Isso não é mole não, viu, meu camarada?
Mas antes de escrever sobre seu novo trabalho, fui ao meu arquivo e lá encontrei algumas colunas em que comentei seis de seus discos...
Por exemplo, em 2011 eu escrevi sobre o CDAlma Boa de Lugar Nenhum, que titulei como “O cantar profano de Carlos Careqa”. Sugeri algo como que não se deveria enquadrá-lo em nenhum gênero musical reducionista, louvei a participação de Chico
Buarque cantando com você a sua marcante“Minha Música”, afirmeique sua poesia,
movida pela força de contrastes inusitados que tangem o inconsciente, é audaciosa, e
que o frescor de sua música, movida a sangue novo, contagia.
Outro momento foi quando do meu assombro em 2013 ao ouvirMade in China,
seu oitavo álbum, titulei a coluna como “O eterno buscador”. Tudo me veio ao percebê-
lo como um garimpeiro de estranhezas poéticas, cuja música é profana, bem como
transgressores eram seus versos e suas ideias.
E também disse, ao me referir ao minimalismo do álbum60 Mini Songs, numa coluna de 2021 titulada “ Bicho Carpinteiro”,que se tratavado trabalho de um esquadrinhador, de um irrequieto e alucinado desarrumador de convenções.
Pois então, bora deSomos Todos Estrangeiros? Como já disse, lá estão o seu escudeiro Marcio Nigro, responsável pela produção musical, arranjos, mixagem e masterização do CD, além de tocar baixo, violão, guitarra, teclado,samplers , piano e participar dos vocais, e também o acordeonista e bandeonista Thadeu Romano.
Abrindo a tampa, “Ela Falou” é candidata a abrir a próxima novela global das nove... Brincadeira, véio. Mas com aquela pisada poderosa e seu duo com a Rita Beneditto, vai que... sei lá! E que vocalises faz a Beneditto, hein? Meu Deus!
Simone Spoladore abre “16 Anos” lendo um poema. E o causo vem aceso pela melodia que você tão bem (en)canta. O resultado triunfa.
A nordestinidade volta em “Minha Amada, Meu Amado”. Laura Catarina canta com voz aguda, exalando brasilidade e dividindo a prosa com você.
A delicadeza aporta em “Falsa Dança”. O bandoneón cria a atmosfera que impera em sua música, curtinha e linda.
Musicalmente arrebatadoras, embaladas que estão pelo talento criativo dos arranjos de Marcio Nigro, suas composições fulguram em sua voz.
Tem jeito não, meu véio: escrever versos e canções é a sua missão na terra que o
acolheu para viver.
Ao artista que é você, Carlos Careqa, o meu respeito.
Aquiles