Cult, Pop & Rock

Por CAL GOMES

CULT, POP & ROCK

Capas: belas, criativas e geniais!

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Publicado em 06/11/2025 às 09:39

Alterado em 06/11/2025 às 12:30

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Lá pela metade dos anos de 1970, antes mesmo de começar a me tornar um apaixonado por rock, principalmente pela sonoridade das guitarras, foram as capas dos álbuns que me fisgaram. Talvez por ainda ser um garoto, sem compreender ao certo todas aquelas informações que chegavam aos meus olhos e ouvidos, me fascinava o visual hiper colorido da arte gráfica estampado naqueles envelopes quadrados de papelão que envolvem os discos de vinil, cheio de circunferências finas e sulcos microscópicos que servem para que as pequenas agulhas "patinem" suavemente, quase que ao som das músicas.

Na verdade, naquela metade de década, eu vivia imerso nas revistas em quadrinhos. A música chegava até mim pelo rádio lá de casa, sempre sintonizado em programas populares da AM, ou as que escapavam pelas janelas e portas abertas das casas da vizinhança. E, talvez, ou certamente, a linguagem visual das HQs, impressa nos gibis que se espalhavam pelo meu quarto, me ajudou a entender as capas dos discos, muitas delas com temáticas surrealistas ou de Pop Art.

Ultimamente tem se falado bastante do retorno dos discos de vinil ao gosto do consumidor de música e do crescimento desse mercado planeta afora. E os saudosistas da minha geração, que cresceram consumindo essa mídia, sempre que comentam sobre a sua importância, destacam o quanto a arte impressa nas capas "fizeram suas cabeças". Por isso aproveito a ocasião e o espaço para destacar na coluna em um universo vastíssimo de capas maravilhosas, fascinantes, criativas, cinco, das centenas das minhas preferidas, com arte gráfica do mais alto nível, de ótimos álbuns que me lembram a temática das histórias em quadrinhos que sempre me encantaram na adolescência.

Rush: Fly by night (1975), de Eraldo Carugati. Para o segundo álbum do Rush, o primeiro com o baterista Neil Peart, a gravadora Mercury contratou o italiano Eraldo Carugati que, após a segunda guerra, mudou-se para os EUA, para criar e produzir a capa de "Fly by night". Aproveitando o título da canção que deu o nome ao álbum, Carugati ilustrou essa hipnótica imagem de uma coruja das neves, tradicional no Canadá, país dos músicos do Rush. Mais tarde, Carugati, também de forma magistral, ilustrou as capas com os rostos dos quatro membros do KISS nos seus famosos álbuns solos, lançados simultaneamente em 1978.


A coruja hipnótica na capa de Fly by Night, do Rush Foto: reprodução

 

Yes: Tales from topographic oceans (1973), de Roger Dean. Os apaixonados pelo rock progressivo do Yes consideram o artista plástico e designer inglês Roger Dean como um dos membros da banda por causa do seu trabalho espetacular na concepção e ilustração das várias capas dos seus álbuns, sempre criando paisagens fantásticas baseadas nas viagens musicais do grupo que, como a maioria dos músicos do gênero, compunham suas músicas à base de ácido, principalmente o LSD. Não tenho sei se Dean precisava utilizar drogas para buscar inspiração, mas sua arte excepcional, junto do som da banda inglesa, fazia a galera viajar, bicho.


A viagem criativa de Roger Dean em mais uma bela capa para o Yes Foto: reprodução

 

Kansas: Monolith (1979), de Bruce Wolfe. Certamente o ilustrador e escultor californiano Bruce Wolfe deve ter se baseado nas teorias malucas ou, talvez, cheias de fundamentos, impressas no livro “Eram os deuses astronautas?”, do suíço Erich von Däniken, para criar essa bela capa do álbum da banda americana. O índio em destaque usando um capacete de astronauta foi uma sacada genial. Wolfe também ilustrou cartazes para o filme “Indiana Jones e o Templo da Perdição” (1984), de Steven Spielberg.


O índio astronauta na capa genial de Monolith, do Kansas Foto: reprodução

 

Boston: Don't look back (1978), de Gary Norman. Depois do grande sucesso do seu álbum debut homônimo, lançado em 1976, o Boston resolveu caprichar na capa do seu segundo trabalho, “Don't look back”, de 1978, mantendo a temática de uma nave espacial em forma de guitarra. Para isso, escolheram o americano Gary Norman e o resultado foi excepcional. Na arte da primeira capa, que não tem a mesma qualidade da criada por Norman, naves, também em forma de guitarra, escapam de uma Terra se decompondo em uma explosão. Na de Norman, a nave inspeciona um planeta de cristais com luas flutuando no céu, combinando com os arranjos espaciais criados pelo exímio guitarrista e líder do Boston, o engenheiro eletrônico Tom Scholz.


Mais uma guitarra espacial ilustrando outra capa dos álbuns do Boston Foto: reprodução

Black Sabbath: Mob rules (1981), de Greg Hildebrandt. Das capas que escolhi para a coluna, a de “Mob rules” certamente é a mais sombria. E não poderia ser diferente em se tratando de um álbum do Black Sabbath. Após o imenso sucesso de “Heaven and Hell”, de 1980, o primeiro com o vocalista Ronnie James Dio, a banda não perdeu tempo e, um ano depois, emendou com esse outro grande álbum de heavy metal, que abria a nova década dominada pelos metaleiros. Para a capa, os músicos e executivos da gravadora Vertigo, escolheram utilizar uma adaptação de uma pintura de 1974 intitulada “Dream 1: Crucifiers”, de uma série de trabalho do pintor americano Greg Hildebrandt, que, em parceria com seu irmão, Tim, criou outros inúmeros trabalhos de destaque, como os posters dos filmes “Guerra nas estrelas” e calendários para “O senhor dos anéis”.


A sombria capa de Mob Rules, do Black Sabbath Foto: reprodução

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