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Resistência de chefe do Exército a cumprir ordem de Lula foi gota d'agua para demissão
Publicado em 21/01/2023 às 18:04
Alterado em 22/01/2023 às 07:02
Mais forte do que o clima azedo entre governo e Exército após as invasões em Brasília, uma ordem de demissão emitida por Lula, que não foi acatada pelo comandante, foi a sentença final para exoneração do chefe da força.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu exonerar o comandante do Exército, Júlio César de Arruda, na tarde deste sábado (21). Em seu lugar entrará o chefe do Comando Militar do Sudeste (CMSE), o general Tomás Miguel Ribeiro Paiva.
A tensão entre governo e militares é notória, uma vez que a presidência acredita que as Forças Armadas foram coniventes com as invasões aos prédios dos três Poderes no dia 8.
Entretanto, mais do que a elevação dos ânimos com os atentados, uma resistência do ex-comandante foi a gota d'agua para Lula: o presidente determinou a imediata remoção do tenente-coronel Mauro Cid do cargo, mas a ordem não foi acatada.
Mauro Cid, que é conhecido como coronel Cid, estava no comando de um dos batalhões do Exército em Goiânia, e foi ajudante de ordens e homem de confiança do ex-presidente Jair Bolsonaro durante todo seu mandato. Bolsonaro inclusive, há poucos dias do fim do seu governo, foi quem redirecionou o coronel para a unidade em Goiânia.
Além de não ter cumprido a determinação de Lula, o general Arruda disse a vários interlocutores militares nos últimos dias que não aceitaria se fosse expedida uma ordem de prisão contra Cid, que é investigado em um inquérito que corre no Supremo Tribunal Federal (STF), de acordo com o jornal "O Globo".
O presidente, como comandante supremo das Forças Armadas, não poderia ter outra atitude: ou demitia Arruda ou nunca mais teria como almejar ter o controle das tropas.
Antes da demissão deste sábado acontecer, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, atuou, ao longo da semana, para a permanência do general, escreve o jornal.
Nas conversas com integrantes do governo e ex-ministros da Defesa, Múcio apontava receio de que uma troca no comando da força acentuasse a crise entre o governo e os militares.
Em defesa da atuação de Arruda de não desmontar os acampamentos em frente ao quartel general da força no Distrito Federal, Múcio dizia que as pessoas já estavam instaladas há meses, antes de 30 de dezembro quando o general assumiu o posto de comandante, e que isso dificultava o trabalho.
Desde que voltou a comandar o Palácio do Planalto, Lula vem realizando uma "desmilitarização" de cargos no governo federal, com o movimento ganhando ênfase após as invasões em Brasília no último dia 8.
A passividade do Exército em deixar os manifestantes passarem e depredarem por um longo tempo o local foi apontada pelo presidente como sendo uma atitude conivente com o que estava acontecendo. (com agência Sputnik Brasil)