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Última chamada para a paz

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Você vai votar em quem? Perguntei ao taxista. No doido. E por que? Gostaria que você me falasse uma qualidade. Eu não quero mais aquele outro partido. O senhor, se fosse fazer a seleção de um síndico do seu prédio, contrataria o seu candidato? Não. Por que? Porque ele é violento. Pois é, se você o acha destemperado para coordenar um condomínio, por que estaria apto para coordenar o nosso país? É, você tem razão, eu tava votando nele porque o pessoal falou que era pra votar. Eu tô achando que o meu candidato é o outro, né? Mais calmo, professor.

Era o primeiro dos votos que eu virava hoje. Depois foi a vez das mulheres do caixa numa loja de departamentos. Minhas queridas, vocês são mulheres e são mães também. Só por isso, por sermos negras, já vivemos com medo uma vez que o homem disse que seus filhos não casaram com negras porque foram bem educados. Além disso, tenho grandes amigos e amores homossexuais. O que vai virar essa sociedade, uma chacina? Não está em jogo domingo agora um governo ou outro. Está em jogo uma frente democrática contra o fascismo, contra a suspensão de direitos. Um candidato que não vai ao debate, um candidato que ameaça os indígenas, que não respeita mulher, que diz que vai metralhar quem pensa diferente dele acaba com um possível dilema. Ora ora, isso não será governo, isso será barbárie, ditadura, bico calado, tortura.

Agora é hora de pensar. Não se pode votar por antipetismo. E sim porque se é a favor da liberdade, do respeito ao outro, do amor, da gentileza entre as pessoas, e pela constante luta de ter um Estado que nos proteja, nos dê saúde, educação, a fim de honrar os tributos que duramente pagamos. É um vale tudo, uma campanha suja, hora em que, infelizmente e felizmente, um Brasil mostra sua cara. A onda conservadora que se levantou, confiante neste seu porta-voz, botou as unhas de fora, está assumindo seu racismo, sua homofobia, sua escrotidão. E o pior, apoiados em quem? Em Jesus Cristo! Que situação! Não entenderam Cristo ainda. E este, talvez hoje repetisse: Pai, perdoai, eles não sabem o que fazem! Como pode em nome da bíblia querer armar uma população? Como pode em nome de um cara que foi torturado na cruz pregar a tortura? Será que não se vê que isso está errado? Que tem alguma coisa errada aí?!

Como é que um homem expulso do exército promete botar o exército na rua e ordem no país? Não é estranho? Nada parece estranho? Como é que um homem que trata as mulheres vai tratar os direitos das mulheres que morrem todos os dias nesse país assassinadas? Como um homem que diz que uma mulher não merece ser estuprada por que é feia pretende propor políticas públicas para nossas filhas? O que está acontecendo? Essa crônica é para chamar os brasileiros à consciência. Você que está em dúvida do seu voto, vote pela parte mais humana dele. Pense: quanto mais matarmos, mais sangue teremos. Me diga, quem terá armas neste país? Me diga! Eu respondo: boas armas e munições terão os brancos, ricos, que matarão a torto e a direito autorizados por um programa de governo que não diz como vai fazer nada e passou todo tempo disseminando o ódio. Não somos poucos. E negros, somos 54% da população, isso não é brinquedo não.

Confio nos taxistas que compraram suas autonomias nos bons tempos. Confio nos milhares de brasileiros que, por causa das políticas de cotas e outras inclusões, tiveram pela primeira vez os primeiros universitários da família. Alô alô comunidade, alô alô favela. Eu voto em quem um dia olhou por ela. Por isso, quando você for votar, leve o seu livro como símbolo do seu desejo. Na urna está o futuro. Sem escolas para os jovens pobres do Brasil, sem universidades nas favelas, não haverá solução pacífica. Escolha você. Fique com o povo. Leve o livro numa mão como símbolo do professor e com a outra mão escolha o povo.