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Tuberculose: pesquisadores falam sobre diagnósticos e terapias

Opas/OMS -
Pesquisadores da Fiocruz falam sobre pesquisas em novos métodos de diagnósticos e alternativas terapêuticas para a doença
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A tuberculose é uma doença que acomete seres humanos há vários milênios. Por isso, no dia 24 de março, é comemorado o Dia Mundial de Combate à Tuberculose. A data escolhida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) faz referência ao dia em que Robert Koch fez a descoberta do bacilo causador da patologia, em 1882. Passados tantos anos, a tuberculose continua causando muitas mortes em vários países. Só no ano de 2017, houve 1,3 milhões de óbitos em todo o mundo. Mas novas descobertas no campo da Saúde, relacionadas à doença, têm resultados vibrantes. “Duas áreas que merecem destaque são as pesquisas em novos métodos de diagnósticos e alternativas terapêuticas”, diz o pesquisador do Centro de Referência Professor Hélio Fraga (CRPHF) da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), Luis Caetano Martha Antunes.

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Pesquisadores da Fiocruz falam sobre pesquisas em novos métodos de diagnósticos e alternativas terapêuticas para a doença (Foto: Opas/OMS)

Para a identificação da doença, os métodos utilizados estão sofrendo evoluções. Os métodos moleculares, utilizados hoje em dia, desenvolveram-se para o diagnóstico rápido, visto que, conforme salienta o professor, a rapidez do diagnóstico e início do tratamento constituem estratégias importantes de controle da doença. Ele nos conta sobre o resultado de um estudo publicado pela OMS, a respeito dessa nova análise. “Trata-se de um método que utiliza a mesma plataforma de Teste Rápido Molecular (GeneXpert) usada atualmente no Sistema Único de Saúde (SUS), porém com um novo cartucho, que tem uma alta sensibilidade, sendo capaz de detectar o bacilo em amostra de escarros mesmo em concentrações muito baixas”, destaca Antunes.

Além dessa, existem várias outras pesquisas sobre novos métodos moleculares que estão sendo publicadas e, para um futuro próximo, mostram evoluções ainda mais importantes para o acompanhamento dessa patologia, auxiliando, por exemplo, na identificação do perfil de resistência, que caracteriza outro problema grave. “Essas metodologias, muito provavelmente, evoluirão para o sequenciamento de genomas totais. Por meio desse método, é possível determinar todos os genes presentes na cepa de M. tuberculosis infectando um dado paciente. Com essa informação genética em mãos, é possível inferir, por exemplo, o perfil de resistência a todas as drogas usadas na clínica, favorecendo o início do tratamento já utilizando as drogas mais apropriadas”, explica o pesquisador.

Outra ponto que gera enorme preocupação é a resistência da doença. No ano de 2017, mais de 550 mil pessoas desenvolveram tuberculose resistente à rifampicina, uma das principais drogas utilizadas no tratamento. Dentre esses casos, 82% desenvolveram a doença em estado multirresistente. A resistência às drogas na tuberculose ocorre como o resultado da mutação do bacilo. Pesquisador do Centro de Referência Professor Hélio Fraga, Jesus Pais Ramos ressalta a preocupação quando a doença atinge esse nível, lembrando até que o paciente pode contribuir, e muito, para essa evolução. “Quando um indivíduo toma o medicamento para o tratamento da tuberculose, o objetivo é que ele elimine todas as bactérias causadoras da doença; quando isso não acontece, cepas resistentes podem permanecer no organismo e se multiplicar. Os principais motivos para a não eliminação das cepas no paciente são o uso incorreto dos medicamentos e a interrupção do tratamento”,conclui Ramos.

Para as alternativas terapêuticas, a maioria dos estudos estão voltados para o encurtamento do tempo de administração das drogas que já são utilizadas no tratamento, porém, administradas em períodos maiores. “Publicaram, recentemente, um estudo avaliando a eficácia de um tratamento de nove a 11 meses para tuberculose resistente à rifampicina e demonstraram que ele foi igualmente eficaz ao tratamento preconizado pela OMS, de 20 meses”, comenta Antunes, ressaltando ainda que esses novos estudos levam, indiscutivelmente, para a diminuição de efeitos adversos e abandono do tratamento por pacientes, favorecendo assim ao aumento nas taxas de cura e, consequentemente, auxiliando na eliminação da tuberculose como um grave problema de saúde pública.

Atividades para o combate à tuberculose

O Centro de Referência Professor Hélio Fraga realizou a palestra Saúde e Direitos Humanos, no dia 21 de março, e a Mostra de Mobilização na Luta contra a Tuberculose, no dia 26 de março, a partir de 9h, que conta com o apoio do Ambulatório de Pesquisa Germano Gerhardt do Centro, da Secretária Municipal da Educação (7°CRE) e da Secretária Municipal de Saúde (CAP 4.0), sob a coordenação de Sandra Rangel.