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Os territórios onde ataques de tubarões são mais frequentes

Houve um aumento considerável em casos no último meio século

CC0 -
Tubarão
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A frequência de ataques de tubarões aumentou significativamente no último meio século, especialmente nas costas da Austrália e dos EUA, o que está associado a um aumento no número de veraneantes e ao aquecimento global, informam cientistas na revista PLoS One.

Macaque in the trees
Tubarão (Foto: CC0)

Há muito tempo que os tubarões são considerados um dos principais "inimigos" dos marinheiros, turistas ou de outras pessoas que, por alguma razão, decidem mergulhar nas águas dos mares e oceanos. Cada ano, as autoridades dos países costeiros registram cerca de 100 ataques de tubarões contra pessoas, dos quais cerca de 10% têm um desfecho mortal.

"Após a 'invasão' de tubarões na Carolina do Norte em 2015, me interessei em saber quantos ataques ocorreram em diferentes partes do mundo. Levamos em conta em nossa análise não apenas o número de ataques desses predadores, mas também a densidade populacional para calcular o número exato desses incidentes" disse Stephen Midway, especialista da Universidade de Louisiana em Baton Rouge (EUA).

Nos últimos anos, os tubarões começaram a realizar "invasões" inesperadas em regiões da Terra onde antes isso não acontecia, e onde os habitantes locais não tinham experiência de enfrentar esses habitantes dos mares. Por exemplo, um destes incidentes aconteceu na região russa de Primorie em 2011, em resultado do qual 3 moradores ficaram feridos. Em 2015, os tubarões começaram a aterrorizar as costas da Carolina do Norte.

Os oceanógrafos acreditam que esses confrontos inesperados entre tubarões e pessoas costumam estar associados ao aquecimento global e a eventos climáticos extremos, que forçam os peixes a procurar novas fontes de alimento ou a fugir do sobreaquecimento para águas mais frias nas zonas temperadas.

Midway e seus colegas decidiram descobrir como as tendências globais mudaram a frequência dos ataques de tubarões ao longo do último meio século, analisando as estatísticas coletadas por serviços médicos e sociais de 14 países onde os tubarões no passado atacaram pessoas mais frequentemente.

Globalmente, a frequência de ataques de tubarão aumentou significativamente nos últimos 50 anos, mas esse crescimento tem sido extremamente instável e desigual. Além disso, os cientistas registraram sérias diferenças no que se refere à frequência dos ataques e ao número total destes incidentes em diferentes países costeiros.

Por exemplo, a probabilidade de enfrentar um tubarão diminuiu nas praias de Papua Nova Guiné, nas ilhas Fiji, Equador e México, mas cresceu consideravelmente na Austrália, nos EUA, na África do Sul e no Egito. Esta análise revelou várias coisas interessantes além do número total de ataques. Por exemplo, ao contrário dos estereótipos, na maioria das vezes os tubarões não atacam os mergulhadores, preferindo surfistas e pessoas que nadam na superfície.

Além disso, os cientistas descobriram que a proporção de mortes em resultado desses ataques era maior naqueles países onde os tubarões apareciam raramente. Os oceanógrafos americanos sugerem que isso se deve ao fato de os moradores e turistas locais não conhecerem os hábitos desses peixes e não saberem como se defender deles. Midway e seus colegas esperam que os dados coletados e seus modelos ajudem as autoridades das regiões turísticas a entender melhor esta ameaça e a tomar as medidas apropriadas.