ASSINE
search button

Sob pressão de ambientalistas, região de Abrolhos fica sem ofertas em leilão

Compartilhar

Acabaram sem ofertas as áreas petrolíferas próximas ao arquipélago de Abrolhos oferecidas ao mercado nesta quinta-feira (10) pelo governo. A região é alvo de questionamentos judiciais e pressão de ambientalistas, que temem contaminação da área de preservação ambiental.

Em leilão realizado no Rio, a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) ofereceu sete áreas no litoral da Bahia, consideradas por ambientalistas próximas ao arquipélago de Abrolhos. 

A inclusão das áreas no leilão foi polêmica: o atual presidente do Ibama (Instituto Brasileiro de Recursos Naturais Renováveis), Eduardo Bim, passou por cima de pareceres técnicos contrários para aprovar a oferta dos blocos.

Na terça-feira (8) a Justiça da Bahia decidiu que a ANP deveria informar aos participantes do leilão que as áreas estão sob questionamento judicial, o que pode inviabilizar a atividade petrolífera. 

Na quarta-feira (9), organizações ambientalistas enviaram carta ao governo questionando a oferta dos blocos. Houve protestos em frente ao hotel onde foi realizado o leilão desta quinta.

O governo defende que há condições de explorar petróleo na região sem danos ao meio ambiente. "Perto de Abrolhos já existe produção e não há qualquer registro de impacto ambiental", disse o diretor-geral da ANP, Décio Oddone.

Ele defendeu que não há relação entre o vazamento que atinge praias do Nordeste e riscos na exploração de petróleo na costa brasileira, afirmando que o óleo que mancha as praias não veio de plataformas de produção. A principal suspeita é que tenha sido despejado por um navio.

De todo modo, a insegurança afastou as petroleiras. Após o leilão, o secretário-executivo do IBP (Instituto Brasileiro do Petróleo, Antônio Guimaraes, disse que falta visibilidade sobre a possibilidade de obter licença para operar.

"Como comprar um bloco que alguém diz que não vai ter licença ambiental?", questionou o executivo. Também não houve ofertas para a bacia de Pernambuco-Parnaíba, onde a Petrobras vem tendo dificuldades para obter licença.

As áreas não arrematadas no leilão serão incluídas na oferta permanente da ANP, sistema que permite que, a qualquer momento, uma empresa manifeste interesse. Caso isso aconteça, a agência abre leilão pelo bloco.

No leilão, a ANP arrecadou R$ 8,9 bilhões com a concessão de 12 das 36 áreas arrematadas, todas elas nas bacias de Campos e Santos.(Nicola Pamplona/FolhaPress SNG)