O ciclo menstrual é um importante marcador biológico da mulher. Quando a menstruação atrasa ou demora a vir, o mais comum é suspeitar que esse seja um sinal de gravidez e ela sempre deve ser descartada, porém outros fatores também podem interferir na regularidade menstrual.
Antes de tudo, é preciso deixar claro que falaremos daquelas mulheres que tiveram a menarca, isto é, tiveram uma primeira menstruação espontânea. Naquelas meninas que atingiram a adolescência e não menstruaram, situação chamada de amenorréia primária, temos causas específicas, que necessitam de uma avaliação médica especializada para sua correta definição.
Abaixo, o ginecologista de São Paulo, Dr. Gustavo de Paula Pereira, listou algumas situações comuns que podem levar à ausência de menstruação:
Imaturidade do organismo: Esse é um quadro bastante comum nos primeiros cinco anos após a menarca (primeira menstruação) e ocorre porque o sistema reprodutor ainda se encontra em fase de amadurecimento.
Obesidade: O aumento da quantidade de gordura corporal afeta os níveis dos hormônios sexuais circulantes, causando assim alterações menstruais, com ciclos prolongados e, em alguns casos, até a amenorréia.
Síndrome dos Ovários Policísticos – Frequentemente associada à obesidade, essa síndrome decorre da produção de hormônios masculinos em excesso, levando a menstruação desregulada, com atrasos e até ausência completa. Em casos mais graves e quando não tratado, pode predispor ao desenvolvimento de diabetes, doenças cardiovasculares, infertilidade e câncer do endométrio.
Emagrecimento, Dieta e Exercício físico excessivo: Mulheres muito magras ou que perderam peso subitamente podem ficar com baixos níveis de hormônios esteróides sexuais, o que interfere no correto funcionamento dos ovários.
Estresse e ansiedade – Distúrbios emocionais podem interferir no ciclo menstrual, levando ao atraso menstrual e até à amenorréia. Isso costuma acontecer porque, quando em excesso, o estresse e a ansiedade afetam a produção hormonal que é regulada pelo hipotálamo.
Amamentação – Durante esta fase, é comum permanecer até 6 meses sem menstruação, principalmente no período de aleitamento exclusivo, tendendo a retornar e se normalizar com a diminuição na frequência de mamadas e com o desmame.
Uso prolongado da pílula anticoncepcional: Ao se suspender o anticoncepcional após longos períodos de uso, é possível que ocorra uma variação na menstruação. Mas, para ela voltar ao normal, basta-se aguardar, pois o ciclo ovulatório costuma se regularizar naturalmente dentro de três a seis meses.
Insuficiência ovariana: Ocorre quando, por algum motivo, os ovários param de funcionar. A causa mais comum é a chegada da menopausa, porém outros fatores podem desencadear uma parada precoce da função ovariana.
“É preciso ficar atenta ao ciclo menstrual e, se perceber que o atraso esteja acontecendo com frequência e por muitos dias, não se desespere e nem tire conclusões precipitadas. O mais indicado é procurar um ginecologista para saber se está tudo bem com a sua saúde e investigar as causas do atraso”, finaliza o especialista.
Dr. Gustavo de Paula Pereira é médico Tocoginecologista; Graduação em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas - FCM/UNICAMP. Fez residência Médica em Tocoginecologia pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas - FCM/UNICAMP. Tem especialização em Ultrassonografia em Ginecologia e Obstetrícia pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas - FCM/UNICAMP; Mestrado em Ciências na área de Obstetrícia e Ginecologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - FMUSP.