O total de internações de beneficiários de planos de saúde médico-hospitalares deve saltar de 8,2 milhões, em 2014, para 10,7 milhões em 2030, de acordo com projeção inédita do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS). O que representa um crescimento de 30,5% no período analisado. Mais impactante ainda é o fato de que, por conta do envelhecimento do brasileiro, o total de internações para a faixa etária de 59 anos ou mais vai crescer 105% no período. Isso mensura o tamanho do desafio a que a saúde suplementar estará submetida nos próximos anos para dimensionar sua rede de atendimento.
“Estamos passando por uma mudança no perfil de utilização e serviços de saúde que vai exigir o redimensionamento da rede atendimento e todo o modelo assistencial”, afirma o superintendente executivo do IESS, Luiz Augusto Carneiro.A projeção de crescimento da utilização dos serviços assistenciais de saúde e dos gastos por tipo de procedimentos (internações, exames, terapias e consultas) e faixa etária foi analisada no estudo “Atualização das projeções para a saúde suplementar de gastos com saúde: envelhecimento populacional e os desafios para o sistema de saúde brasileiro”, que pode ser lido na íntegra no link: www.iess.org.br. Desde 2012, o IESS produz análises e estimativas do impacto do envelhecimento populacional no Brasil sobre a saúde suplementar. Essa é, porém, a primeira vez que o Instituto estima a demanda quantitativa e não apenas os efeitos monetários da mudança demográfica em curso no Brasil."O rol de cobertura e procedimentos exigido das operadoras pela ANS é bastante rigoroso.
O mesmo vale para a exigência de dimensionamento da rede de cobertura. Será preciso um esforço grande de investimentos para manter esse equilíbrio assistencial", analisa Carneiro. "Esses investimentos podem e devem ser induzidos pelas operadoras, governo e, principalmente, pelos prestadores de serviços de saúde no Brasil. Mas, também, desponta como um enorme polo de atratividade para novos interessados em investir nesse setor", adiciona.O estudo avaliou dois cenários para medir o impacto do envelhecimento populacional no setor de saúde suplementar do País. No primeiro, foi avaliado o impacto isolado do envelhecimento, mantendo-se constantes, às taxas de 2014, a estrutura de gasto médio por faixa etária, a proporção de beneficiários de planos de saúde em cada faixa etária e os custos assistenciais. Nesse caso, em 2030, seriam 59,4 milhões de beneficiários de planos de saúde no Brasil e os gastos assistenciais das operadoras chegariam R$ 165,8 bilhões, um avanço de 55,9% em comparação a 2014, motivado exclusivamente pelo envelhecimento da população brasileira.No segundo cenário, que é mais realista, além do envelhecimento, o custo de consultas, exames, terapias, internações e outros procedimentos ambulatoriais (OSA) foram corrigidos de acordo com o Índice de Variação do Custo Médico-Hospitalar (VCMH/IESS).
Para essa projeção, a elevação dos custos foi calculada com base na média do VCMH/IESS de 2007 a 2015, que foi de 6,9%, já descontando a inflação de 6% medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nesse caso, o total de beneficiários seria o mesmo constatado no primeiro cenário e os gastos assistenciais chegariam a R$ 396,4 bilhões em 2030, um avanço de 272,9% em relação a 2014. Este foi o cenário utilizado como base para apontar a variação com cada item das despesas assistenciais.O estudo considera, portanto, como principal fator para a mudança na utilização do sistema de saúde a mudança demográfica da população. A alteração de demanda será sentida em todos os tipos de procedimentos.