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Cirurgia Robótica é discutida em Simpósio na Academia Nacional de Medicina

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Na última quinta-feira, 19 de maio, o Acadêmico Octavio Pires Vaz coordenou o Simpósio de Cirurgia Robótica, onde foram apresentados os avanços e desafios desta modalidade cirúrgica, ressaltando que a Academia Nacional de Medicina está cumprindo o compromisso de ser fórum de apresentação de novas técnicas e tratamentos para a comunidade científica e para o público em geral.

O Dr. Rafael Almeida discorreu sobre a “Anestesia para Cirurgia Robótica”, ressaltando a necessidade de um plano anestésico adequado, no qual seja levado em consideração não só o relaxamento muscular profundo, mas também a analgesia e a hipnose do paciente.O Dr. Rafael Almeida abordou a questão da dor na cirurgia robótica, apresentando como solução uma proposta de anestesia multimodal, se utilizando de diversos medicamentos combinados visando maior conforto e bem-estar para o paciente. 

A coordenadora da equipe de enfermagem do Hospital Samaritano (RJ), Enfermeira Ana Claudia Rangel apresentou “Enfermagem na Cirurgia Robótica” onde fez um histórico da evolução da área ao longo dos anos e as inúmeras possibilidades de capacitação disponíveis aos profissionais. Segundo a palestrante, é preciso que o trabalho do enfermeiro seja executado de maneira planejada e em completa harmonia com a equipe médica. 

Com palestra intitulada “O Robô na Cirurgia Bariátrica”, o Dr. Luiz Alfredo V. d’Almeida, destacou que os pacientes encaminhados para a cirurgia robótica são considerados “super” obesos (índice de massa corporal - IMC - acima de 50), representando um desafio cirúrgico, onde a melhor solução varia muito de caso a caso. Apesar de seus resultados ainda carecerem de estudos de alto nível, especialmente para os casos de IMC muito alto, a cirurgia robótica foi incluída nas alternativas do cirurgião bariátrico.O Dr. Luiz Alfredo mostrou que na sua experiência com robótica em cirurgia bariátrica,ressaltando que nenhum paciente necessitou de reoperação e não foram registradas mortes, fortalecendo os estudos que sugerem vantagens técnicas da cirurgia robótica. 

Em seguida, o Dr. José Reinan Ramos apresentou sobre “O Robô na Cirurgia do Reto”, destacando que o uso de cirurgia robótica vem acarretando reduções dramáticas da mortalidade, principalmente em procedimentos como a ressecção de cólon e no tratamento de câncer de reto.Além da maior precisão oferecida pela cirurgia robótica, o procedimento também promove melhor preservação das funções urinárias e sexuais no pós-operatório. O Dr. José Reinan destacou que as principais vantagens da cirurgia robótica para tratamento de câncer do reto são uma maior qualidade na dissecção e maior conforto e ergonomia para o cirurgião, além dos já conhecidos benefícios de uma cirurgia minimamente invasiva. 

Com relação ao “Tratamento de Refluxo Esofagiano por Cirurgia Robótica”, o Dr. Alexandre Miranda Duarte chamou atenção para o fato de que o tratamento cirúrgico é indicado em casos de resposta insatisfatória ao tratamento medicamentoso, em casos em que o refluxo comprometa as vias aéreas e a laringe e em casos de complicações como a estenose e o chamado “esôfago de Barrett”, restabelecendo a chamada barreira antirreflexo e tratando a doença sem maiores complicações. Afirmou que as operações robóticas permitem uma melhor visualização do campo operatório e suturas em espaço mais exíguo. Além disso, proporcionam menor custo a longo prazo (se comparado aos tratamentos medicamentosos) e sucesso em procedimentos de maior complexidade como grandes hérnias e reoperações. 

O Acadêmico Delta Madureira fez apresentação sobre “O Robô na Cirurgia da Acalasia”, doença que se caracteriza pela incapacidade do esôfago de contrair-se e empurrar o alimento para o estômago.O Acadêmico ressaltou que não existe, até o momento, nenhum tipo de tratamento capaz de recuperar completamente as funções do esôfago.O tratamento cirúrgico tem por finalidade reduzir a pressão sobre o esôfago, e possui como vantagem principal reduzir a ocorrência de refluxo. 

A apresentação do Dr. Fernando Madureira, tratou de“single port” - procedimento realizado por uma única incisão, constituindo menor impacto cirúrgico e menor taxa de morbidade. Segundo o Dr. Fernando Madureira, cada incisão representa um foco de dor e uma potencial complicação para o paciente,logo, a utilização da robótica constitui uma maneira de aumentar a precisão dos procedimentos em nível que não seria possível por meio de ação humana. 

O Dr. Fábio Madureira falou a respeito da “Cirurgia Robótica no Tratamento de Hérnia Incisional”. O tratamento consiste no fechamento do orifício defeituoso, com a colocação de tela para estimular a formação de um tecido de granulação e assim promover o fechamento do defeito.O Dr. Fábio destacou as vantagens da utilização de cirurgia robótica para hérnia incisional, como menor dano de acesso, menor risco de infecção, menos dor, retorno mais rápido às atividades e melhor resultado estético. 

Tratando da “Prostatectomia Radical Robótica”, o Dr. Raphael Rocha destacou que a cirurgia minimamente invasiva corresponde a quase 80% dos procedimentos de prostatectomia. Segundo o Dr. Raphael Rocha, dentre as vantagens que a cirurgia robótica oferece, a possibilidade de treinamento anterior ao procedimento é muito importante, uma vez que reduz os riscos e possibilita que o médico esteja adequadamente treinado e preparado para fazer uso do equipamento. Nas considerações finais de sua palestra, o Dr. Raphael Rocha chamou atenção para o fato de que o principal fator limitante para este tipo de procedimento é o treinamento dos profissionais, preconizando a constante atualização dos profissionais como indispensável para que a segurança e a saúde do paciente sigam como objetivo principal. Por fim, afirmou que apesar das inegáveis vantagens oferecidas, é necessário que os pacientes estejam cientes que a cirurgia robótica oferece riscos como todo procedimento e que a cirurgia robótica não é um “milagre”. 

Por fim, o Dr. Luiz Varella apresentou “A Evolução da Cirurgia Robótica no Brasil”, mostrando quais estados (e hospitais) do país possuem esse tipo de tecnologia disponível. Falando do número de procedimentos realizados entre os anos de 2014 e 2016, o estado de São Paulo foi o responsável pela maioria dos procedimentos. O programa de cirurgia robótica no Rio de Janeiro, iniciado em 2010, tem como objetivos garantir a segurança do paciente, reduzir a variabilidade dos resultados e disseminar o uso da tecnologia. O desafio, de acordo com o Dr. Luiz Varella, é viabilizar economicamente os procedimentos, além de manter o treinamento de novos cirurgiões e o estabelecimento de convênio com fontes pagadoras.