A partir de 18 de abril, a exposição Brazilian Nature – Mystery and Destiny poderá ser vista na cidade de Erlangen, na Alemanha, onde nasceu o naturalista Carl Friedrich Philipp von Martius (1794-1868), autor do mais completo levantamento já realizado sobre a flora brasileira.
Parceria entre a FAPESP e o Museu Botânico de Berlim, a exposição resgata o trabalho de documentação feito por von Martius no Brasil de 1817 a 1820, que resultou na publicação da Flora brasiliensis, cujo primeiro volume foi lançado há 171 anos.
Na Alemanha, a exposição – que já passou por Berlim, Bremen, Leipizig, Heidelberg e Eichstätt – chega agora ao Jardim Botânico da Universidade de Erlangen-Nuremberg, segunda maior do Estado da Baviera e localizada na cidade natal de von Martius, um dos mais destacados naturalistas do século 19 e um dos mais importantes pesquisadores da flora brasileira.
Reunido na Flora brasiliensis, o trabalho de von Martius deu origem também ao projeto Flora Brasiliensis On-line e Revisitada, que inclui a atualização da nomenclatura utilizada no original e a inclusão de espécies descritas depois de sua publicação, com novas informações e ilustrações recentes.
A exposição possibilita comparar imagens originais com fotografias atuais de plantas e biomas e retratar alguns dos resultados de pesquisas realizadas no âmbito do projeto Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo e do programa BIOTA-FAPESP, que reúne estudos sobre caracterização, conservação, recuperação e uso da biodiversidade de São Paulo.
Concebida com base nos dados provenientes desses projetos, todos apoiados pela FAPESP, a exposição é composta por 37 painéis, com reproduções de imagens e ilustrações e textos explicativos. Além da Alemanha, a mostra já foi vista em Toronto (Canadá), Washington, Cambridge e Morgantown (Estados Unidos), Salamanca e Madri (Espanha) e, atualmente, está em cartaz também em Tóquio (Japão).
Walter Welss, professor e consultor científico do Jardim Botânico de Erlangen, destaca que a exposição ajuda a retratar o resultado científico da expedição de von Martius ao Brasil. De acordo com Welss, até a expedição, o país era praticamente desconhecido na Alemanha, o que se modificou completamente após o retorno do naturalista à Europa.
“A pesquisa sobre a biodiversidade do maior país da América do Sul iniciou-se aqui em Erlangen, por meio da ação de von Martius, que viajou pelo Brasil com Johann Baptist von Spix, originário da cidade vizinha de Höchstadt an der Aisch. O resultado científico dessa grande expedição foi extraordinariamente grande e abrangente, mas hoje von Martius ainda é mais conhecido no Brasil do que em sua terra natal”, disse Welss.
A exposição em Erlangen será aberta um dia após o aniversário de 219 anos do nascimento de von Martius. O botânico alemão nasceu em 17 de abril de 1794 em Erlangen, onde estudou medicina, obtendo título de doutor com a tese Flora Cryptogamica Erlangensis, que tinha como tema plantas do Jardim Botânico de Erlangen.
A abertura da exposição ficará a cargo de Christoph Korbamacher, vice-presidente da Universidade de Erlangen-Nuremberg, seguida por palestra de Carlos Joly, professor do Departamento de Botânica do Instituto de Biologia da Unicamp e coordenador do Programa BIOTA-FAPESP.
A exposição Brazilian Nature – Mystery and Destiny poderá ser visitada pelo público alemão até 1º de setembro de 2013. Já os painéis digitalizados da exposição podem ser vistos com legendas em português, inglês, espanhol, japonês e alemão no endereço:www.fapesp.br/publicacoes/braziliannature.
Pesquisas complementares
O projeto Flora Brasiliensis On-line e Revisitada corresponde à primeira parte da exposição e representa uma continuidade ao trabalho de von Martius, que teve seu último volume publicado em 1906, depois da morte do autor. Em 2006, o projeto disponibilizou na internet a versão integral da obra do naturalista, com 10.207 páginas com os textos das descrições das quase 23 mil espécies e perto de 4 mil ilustrações.
O trabalho, financiado em parceria por FAPESP, Fundação Vitae e Natura, foi executado pelo Centro de Referência em Informação Ambiental (Cria), pela Unicamp e pelo Jardim Botânico de Missouri, nos Estados Unidos, e pode ser acessado em https://florabrasiliensis.cria.org.br.
A segunda parte da exposição remete ao projeto Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo, iniciado em 1993 e que já publicou sete volumes contendo informações sobre cerca de 200 famílias de plantas, podendo chegar entre 1.400 e 1.500 gêneros e entre 7.100 e 7.500 espécies de fanerógamas, como são chamadas as plantas com flores, que representam 80% da flora paulista. Essas informações seguem sendo atualizadas, variando conforme as mudanças no sistema de taxonomia das plantas.
O projeto reuniu mais de 200 pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Estadual Paulista (Unesp), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), dos institutos Botânico, Florestal e Agronômico e do Departamento de Parques e Áreas Verdes da cidade de São Paulo. Também contribuíram pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), de outros estados brasileiros e de outros países.
O terceiro elemento da exposição ultrapassa os limites da botânica e aborda a biodiversidade de forma mais geral, correspondendo ao programa BIOTA-FAPESP, que resultou na identificação e descrição de 500 novas espécies de plantas e animais e registro de informações sobre mais de 12 mil espécies e bancos de dados com o conteúdo de 35 coleções biológicas. Os resultados do programa BIOTA-FAPESP têm sido aplicados como instrumento de preservação ambiental no Estado de São Paulo.
Agência Fapesp