ASSINE
search button

O Passo a passo da instituição

Compartilhar

Enquanto a Finep encara a luta para aumentar seu orçamento, a economista Maria Sylvia Derenusson, há 35 anos na casa, faz um trabalho de formiguinha para resgatar a história da Financiadora, que se confunde com a história da inovação no Brasil.

Tudo começou quando Roberto Campos substituiu Celso Furtado no Ministério do Planejamento, efeito colateral do golpe de 64. Campos pediu a seus assessores, entre eles João Paulo dos Reis Velloso, que estudassem as necessidades de investimento da indústria nacional. Velloso sugeriu a criação de um escritório para desenvolver estes estudos, quando nasce, em 1964, o Escritório de Pesquisa Econômica Aplicada, hoje Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). No ano seguinte, Velloso propõe a criação de um fundo que financiasse programas e projetos, o Finep, com dotação do BID e da USAID e operado pelo BNDE.

 A empresa pública FINEP é criada em julho de 1967, meses depois do Decreto Lei 200, que criou a figura de empresa pública, e sucede o Fundo em seus direitos e obrigações.  O BNDE ocupa o lugar da USAID no conselho da nova empresa. Quando Francisco Manoel de Mello Franco foi empossado primeiro presidente e Joaquim Francisco de Carvalho, secretário geral, a Finep só apoiava estudos e projetos, como a viabilidade da Ponte Rio-Niterói, obra iniciada em  1969 e inaugurada em 1974. Reis Velloso e José Pelúcio, do BNDE, compunham o conselho da nova empresa, como representantes do Ministério do Planejamento e do BNDE.  

Em 1969, Reis Velloso, já ministro do Planejamento, cria com José Pelúcio, seu então assessor, o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), para dar apoio financeiro a projetos prioritários para o desenvolvimento científico e tecnológico.  Em 1971, Pelúcio assume a presidência da Finep, que se torna secretaria executiva FNDCT. “Havia dinheiro, demanda e intenção”, lembra Sylvia. 

Pelúcio levou a linguagem de projetos às universidades e criou uma nova forma de acesso a recursos aos centros universitários interessados em criar grupos de pesquisa e cursos de mestrado e doutorado. Assim nasce a Coppe, na UFRJ.  Nos primeiros anos, o Fundo repassou expressivas somas ao CNPq, ao Capes, ao Fundo Tecnológico (Funtec) do BNDE e ao setor de ciência e tecnologia do estado de São Paulo. “O FNDCT estruturou a pós-graduação no país, enquanto a Finep organizou a pesquisa e desenvolvimento com financiamentos”, resume a pesquisadora. 

LINHA DO TEMPO

Década de 60 – Finep apoia estudos, como o de viabilidade da Ponte Rio-Niterói. 

Década de 70 – Havia política oficial de subsídio de 90% da correção monetária para projetos de P&D em empresas. Financiamentos destinados ao Instituto de Pesquisas Militares, como o CTA, dão origem à Embraer;  diversos financiamentos são concedidos a institutos estaduais de pesquisa, como o Cientec (RS), Cetec (MG); Tecpac (PR), que auxiliou na modelagem hidráulica de Itaipu e Nutec (CE). A Finep teve ainda papel fundamental na estruturação da pós-graduação no Brasil: Unicamp, UFRJ, UFPernambuco, Bahia, UFRGS, UF Santa Maria, PUC, UF Viçosa, entre outras. Na Agricultura, viabilizou a criação da Embrapa. Em Metereologia, viabilizou a capacitação do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) e do Instituto Nacional de Metereologia, assim como o Instituto de Matemática Pura Aplicada (IMPA); na Saúde, a Fiocruz e a Central de Medicamentos (CEME) e, em Energia, estudos que indicavam a necessidade de buscar fontes alternativas.

Década de 80 – O subsídio cai paulatinamente para 60% até ser extinto, no final de década. Financiamento para pesquisas que desenvolveram o Pró Álcool, assim como projetos voltados para o aproveitamento do gás da Bacia de Campos e para capacitação em Águas Profundas, de onde saiu o projeto do robô submarino. A Coppe fez um tanque oceânico e projetos de aproveitamento do gás natural.

Década de 90 – Fim do subsídio. Continuam as pesquisas em águas profundas. Apoia projetos de Processamento de Auto Desempenho (PAD), que viabilizou a automação do sistema bancário. Em Climatologia, o PAD permitiu o processamento de dados, fundamentais para a agricultura e prevenção de catástrofes. Da mesma forma, os avanços na Telemedicina permitem que um cirurgião oriente uma cirurgia à distância.  

A partir do ano 2000 – A criação dos fundos setoriais é um divisor de águas. Se a Finep financiava 100 projetos, passa a financiar até mil projetos/ano. Com a Lei da Inovação e a Lei do Bem, a Finep volta a ter a capacidade de fazer a costura dos anos 70 entre universidade, centros de pesquisa, empresas e governo, o que vale tanto para a Finep quanto para o Ministério da Ciência e Tecnologia, ao qual a Financiadora se vinculou a partir de 1985. O desafio tecnológico que culminou com a descoberta das camadas de Pré Sal consumiu 20 anos de apoio à Petrobras, Cenpes, Coppe e Universidades.