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Lúpus afeta uma a cada 1.700 mulheres

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O lúpus é um distúrbio no sistema imunológico que faz com que sejam produzidos anticorpos que, em vez de exercerem suas funções de defesa,  atacam os tecidos do organismo. Estima-se que mais de cinco milhões de pessoas em todo o mundo tenham a doença. As mulheres, em especial as de origem indígena e africana, são as mais afetadas. Estudos realizados nos EUA indicam que uma a cada 1.700 pessoas do sexo feminino são acometidas pela enfermidade.

Embora exista a suspeita de que o lúpus possa estar ligado a fatores genéticos e ambientais, as causas da doença não são conhecidas. É crônica, mas também pode ser induzida pelo uso de drogas e de determinados medicamentos. Provoca inflamações na pele, e no caso do lúpus eritematoso sistêmico, forma geralmente mais grave da doença, afeta articulações, cérebro, fígado, coração, pulmões, rins e cérebro. Pode facilitar o desenvolvimento de transtornos psicológicos e, em alguns casos, levar à morte. Não é transmitida sexualmente. 

Os sintomas do lúpus são semelhantes aos de várias outras doenças e nem sempre são regulares, o que, por vezes, gera alguma dificuldade para que seja detectada precocemente. Entre eles estão febre, dores pelo corpo, aftas e inflamações no pulmão, nas articulações e nos gânglios. Uma vez que os médicos suspeitem da presença da doença, indicam um exame laboratorial para confirmar o diagnóstico. Se quatro dos 11 critérios abaixo estiverem presentes, o indivíduo provavelmente tem Lúpus.

Vermelhidão no nariz e na face, geralmente em forma de "asa de borboleta" (eritema malar); lesões em formas de disco na pele; sensibilidade à luz (fotossensibilidade); úlceras orais (aftas) e/ou nasofaringeas; alterações sanguíneas, como anemia hemolítica, leucopenia, linfocitopenia ou plaquetopenia, não justificadas; inflamações na pleura e no pericárdio (pleurite ou pericardite); convulsões ou psicose sem causa aparente; excesso de proteínas ou presença de cilindros celulares na urina; anormalidades imunológicas; fator antinuclear positivo.

O diagnóstico precoce, no entanto, nem sempre é fácil já que muitos dos sintomas são semelhantes aos de outras doenças. Além disso, por ser uma patologia rara, alguns médicos ficam com receio de tratar os pacientes com lúpus.

“Muitas vezes pessoas com problemas pequenos, como febre ou com uma lesão no dente, são encaminhadas para os hospitais de referência sem necessidade, quando poderiam ser tratadas normalmente em outras unidades de saúde. Isto é um grande problema, em especial quando ocorrem epidemias de dengue”, lamenta a especialista.

O lúpus não tem cura, mas pode ser controlado com o uso de corticoides, imunossupressores - medicamentos que inibem a atividade do sistema imunológico - e duas drogas originalmente usada para o tratamento de malária (cloriquina e hidroxicloriquina). Alycia Coelho fala sobre o impacto da terapia no dia-a-dia dos pacientes.

“O tratamento implica no uso de medicações que, em longo prazo, propiciam o aparecimento de pressão alta, catarata, diabetes e osteoporose. Os imunossupressores também facilitam a infecção por doenças oportunistas; Por isso recomendamos que evitem locais com grande aglomeração de pessoas. Outra orientação é que não se exponham ao sol”, explica.

Alycia acrescenta que existem técnicas para minimizar os efeitos colaterais e que está sendo testado um medicamento que ataca somente as células doentes, preservando as saudáveis e, teoricamente, são menos agressivas. A médica alerta ainda para a necessidade de atenção especial com as mulheres que desejam ter filhos.

“É uma gestação de alto risco, tanto para a paciente quanto para o feto. Esclarecemos que elas devem se prevenir, não pode ser algo casual. Precisa ser acompanhada por um médico, que indicará o melhor momento para que engravidem. Se tudo for feito com planejamento, a evolução é completamente favorável na grande maioria dos caso ”, conclui.