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Nobel de Medicina: prêmio pela enzima da imortalidade

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Jornal do Brasil

WASHINGTON - Três cientistas dos Estados Unidos conquistaram o prêmio Nobel de Medicina segunda-feira pela descoberta e identificação da telomerase, enzima que renova um revestimento na extremidade do cromossomo cujo desgaste natural pode levar ao envelhecimento ou ao câncer. A telomerase já chegou a ser chamada de enzima da imortalidade .

As descobertas deram nova dimensão ao nosso entendimento da célula, jogaram luz sobre os mecanismos de doenças e estimularam o desenvolvimento de potenciais novas terapias , informou o Instituto Karolinska, da Suécia, que anuncia os vencedores do Prêmio Nobel.

Indústria farmacêutica

A enzima tornou-se grande alvo dos trabalhos de pesquisa da indústria farmacêutica, particularmente para o combate ao câncer, pois acredita-se que ela desempenha um papel no crescimento descontrolado de tumores.

Isto tem uma ampla implicação médica para o câncer, para alguma doenças hereditárias e para o envelhecimento , disse o instituto.

Elizabeth Blackburn, Jack Szostak e Carol Greider ganharam o prêmio de 10 milhões de coroas suecas (US$ 3 milhões, aproximadamente). Carol Greider, de 48 anos, afirmou que o reconhecimento destacou o valor das descobertas movidas por pura curiosidade.

Não tínhamos idéia, quando começamos, que este trabalho seria envolvido com o câncer, mas havia simplesmente uma curiosidade de saber como os cromossomos se mantinham intactos , afirmou ela em comunicado. E prosseguiu: "Nossa abordagem mostra que, ao mesmo tempo que você pode fazer uma pesquisa para responder uma pergunta específica, você também pode simplesmente seguir seu instinto .

Elizabeth e Carol identificaram a enzima telomerase, que forma os telômeros. Enquanto isso, pesquisas de Szostak e Elizabeth elucidaram de que modo o encurtamento dos telômeros está vinculado ao envelhecimento. Os telômeros atuam como dispositivo protetor embutido nos cromossomos.

Desde então, os estudos sobre a telomerase se transformaram em um dos campos mais disputados do desenvolvimento de novos medicamentos, principalmente para câncer.

Colega de Carol Greider, Elizabeth Blackburn foi demitida em 2004 do Conselho de Bioética durante o governo do ex-presidente dos EUA George W. Bush por suas críticas pela política do governo americana para as pesquisas com células-tronco embrionárias.

Foi em 1984 que Elizabeth e Carol, então sua aluna, descobriram e batizaram a telomerase. Mas a telomerase também está presente nas células cancerígenas (que têm uma capacidade ilimitada de multiplicação). Ou seja: a enzima da imortalidade também tem sérios efeitos negativos. Porém, compreendê-la pode ajudar a entender o processo de envelhecimento e também ajudar na luta contra o câncer.

Segundo o Instituto Karolinska, que anuncia o prêmio, o trio "resolveu um importante problema na biologia". Ainda segundo a instituição, "as descobertas adicionaram uma nova dimensão ao nosso entendimento da célula, clarificaram mecanismos de doenças e estimularam o desenvolvimento de novas terapias".

Os três cientistas estavam entre os considerados prováveis vencedores, segundo previsão anual da Thomson Reuters.

Blackburn está na Universidade da Califórnia, em San Francisco, Greider na Escola de Medicina Johns Hopkins em Baltimore. Szostak na Escola de Medicina de Harvard desde 1979, atualmente no Hospital Geral de Massachusetts, em Boston.

Centésima premiação

Este é o 100º Nobel de medicina concedido. Ao todo, 192 cientistas já receberam o prêmio. Criado em 1901, o prêmio tem o objetivo de homenagear pessoas que tiveram atuações marcantes nas área da física, da química, da medicina, da literatura, da paz e, desde 1968, também da economia. O prêmio foi concebido pelo cientista e inventor sueco Alfred Nobel, criador da dinamite, que morreu em 1895. Todos os prêmios são concedidos em Estocolmo, capital da Suécia, a não ser o da paz, que é dado em Oslo, capital da Noruega.