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SÃO PAULO - O aquecimento global pode ameaçar a sobrevivência da Lula de Humboldt, Dosidicus gigas, comum nas águas do oceano Pacífico. O aumento da temperatura do planeta pode deixar as lulas mais vulneráveis a seus inimigos naturais e o animal também pode ficar menos eficaz na busca por alimento. As informações são do The Guardian.
O estudo, publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences, simulou algumas das condições previstas para o futuro dos oceanos, mudanças na acidez na água, no gás carbônico e oxigênio e na temperatura, e colocou alguns exemplares do molusco para viver nesses ambientes.
Segundo os pesquisadores, a Dosidicus gigas é um bicho de metabolismo naturalmente rápido, o que implica num grande consumo de oxigênio. Ao longo do dia, ela se desloca de cima para baixo, ficando algum tempo em águas mais frias e menos oxigenadas, no fundo, e outra parte do tempo em águas rasas e com mais oxigênio.
Diante das condições projetadas, as águas rasas vão ficar quentes e ácidas demais para ela, enquanto as águas fundas ficarão cada vez mais escassas de oxigênio.
- Essas lulas, provavelmente, terão que migrar para águas mais adequadas - disse Rui Rosa, um dos pesquisadores.
Tal como as atividades humanas aumentam o nível de dióxido de carbono na atmosfera, o nível nos oceanos também estão em ascensão. Os cientistas acreditam que isso vai fazer com que a lula fique mais lenta e por isso menos capaz de escapar de seus predadores.
- O seu metabolismo irá cair com a acidificação do oceano porque há mais dióxido de carbono na água - disse Rosa.
Segundo o pesquisador, águas mais ácidas também reduzem as dimensões do hábitat dos animais, tornando-os menos capazes de caçar em profundidade, o que poderia ter graves efeitos para o ecossistema marinho.