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Cientistas estudam genes de camaleão que tem vida máxima de um ano

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Natalie Angier, Jornal do Brasil

NOVA YORK - Michael Phelps pode ter quebrado uma série de recordes olímpicos, mas contra o que esse filho do Posêidon lutou? A elite dos atletas de 250 países. Um pequeno camaleão verde e manchado de Madagascar, no entanto, é portador de recorde mundial de velocidade entre quase todos os 30 mil tipos de animais com quatro patas e uma espinha dorsal.

Não é um recorde a que muitos de nós aspiraríamos. Pesquisadores divulgaram recentemente nos Procedimentos da Academia Nacional de Ciências que toda a vida de um camaleão-de-labord (Furcifer labordi) da concepção ao desenvolvimento do ovo, incubação, maturação, procriação e morte dura cerca de um ano.

Essa biografia hipercondensada, dizem os cientistas, faz do camaleão o quadrúpede com o menor tempo de vida na Terra. Em termos cronológicos, é mais parecido com uma borboleta do que com outros répteis, sapos, pássaros e mamíferos a que está taxonomicamente ligado.

Apesar de curta, a vida do camaleão pode ser valiosa para capturar genes e outros fatores biológicos que promovem a longevidade. Os pesquisadores observaram que o animal não tem a vida curta em média. Trata-se de uma espécie cuja vida deve durar obrigatoriamente um ano, e esse destino difere bastante dos vários graus de permanência encontrados no grupo dos quadrúpedes.

Há quase uma dúzia de espécies de lagartos com vida curta, em que boa parte dos indivíduos morre em um ano revela Kristopher Karsten, do departamento de zoologia da Universidade de Oklahoma, outro autor do relatório. Mas há sempre alguns que sobrevivem até o ano seguinte, indicando que a máxima longevidade da espécie é superior a um ano.

Nossos amigos de Madagascar, habitantes da região árida da ilha gigante, não têm a mesma sorte. Segundo Karsten, quando chega a hora, eles morrem, e vão cair das árvores com a graça das folhas de outono.

Supondo que a morte faz, de certa forma, parte do programa do camaleão, os pesquisadores devem ser capazes de identificar as células assassinas ou genes específicos nas células de lagartos, achar os análogos nas células humanas e capturá-las.

O novo trabalho também ressalta o uso crescente da chamada teoria sobre a origem da vida para investigar a história e os contornos da vida na Terra.

Um dos pontos altos da teoria sobre a origem da existência é que as trocas existem, destaca Steven Austad, autor de Por que envelhecemos e professor de biologia celular e estrutural do Centro de Ciência da Saúde da Universidade do Texas.

Se você aumenta o número de jovens, o custo é, em geral, o envelhecimento acelerado. Se você pega algo que vive mais tempo, os custos vêm mais rápido, com fertilidade menor e até mesmo esterilidade.