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Análise de dentes de 200 milhões de anos revela que primeiros mamíferos viviam como répteis

Muito parecidos com os anéis das árvores, os anéis de crescimento nas cavidades dos dentes revelaram que os primeiros mamíferos levavam vidas mais longas e lentas do que os pesquisadores pensavam.

Foto: Journal of Human Evolution -
Dente de leite superior canino qe pertenceu a uma criança neandertal de 11 ou 12 anos, que teria vivido há 48 mil anos
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Fósseis de dentes de dois dos primeiros mamíferos, Morganucodon e Kuehneotherium, que vagavam pela Terra ao lado dos dinossauros, foram digitalizados através de raios-X por cientistas. Foi a primeira vez que paleontólogos foram capazes de estudar diretamente a fisiologia dos primeiros fósseis de mamíferos. Os resultados da pesquisa foram publicados na revista científica Nature Communications.

Os pesquisadores estudaram os anéis de crescimento nas cavidades dos dentes, que podiam ser contados para revelar quanto tempo os animais viveram. Dessa forma, descobriram uma vida útil máxima de até 14 anos para os animais, muito mais do que seus sucessores peludos de tamanho semelhante, como ratos e musaranhos (Soricidae), que tendem a sobreviver apenas por um ou dois anos na natureza.

"O tempo de vida surpreendentemente longo desses mamíferos, 14 anos para Morganucodon e nove para Kuehneotherium, é muito mais longo do que o de mamíferos de corpo pequeno vivos [hoje] e mais semelhantes aos pequenos répteis", afirma Elis Newham, principal autor do novo estudo, ao portal ZME Science.

Esses resultados sugerem ainda que os primeiros mamíferos não eram realmente de sangue quente como os mamíferos de hoje, embora 200 milhões de anos atrás esses mamíferos já tivessem cérebros maiores e um comportamento mais avançado do que os répteis. Ainda assim, esses mamíferos não morriam jovens, levavam uma vida mais lenta e mais longa, semelhante à de pequenos répteis, como lagartos.

200 dentes analisados
"Os pequenos mamíferos caíram em cavernas e buracos na rocha, onde seus esqueletos, incluindo os dentes, fossilizaram. Graças à incrível preservação desses minúsculos fragmentos, fomos capazes de examinar centenas de indivíduos de uma espécie, dando maior confiança nos resultados que se poderia esperar de fósseis tão antigos", explica Ian Corfe, coautor do estudo, em comunicado reproduzido pelo portal Newswise.

Os cientistas estudaram 200 espécimes de dentes, fornecidos pelo Museu de História Natural de Londres e pelo Museu de Zoologia da Universidade de Cambridge, ambos no Reino Unido.
"Descobrimos que nos ossos da coxa do Morganucodon, os vasos sanguíneos tinham fluxos pouco maiores do que nos lagartos do mesmo tamanho, mas [fluxos] muito mais baixos do que nos mamíferos modernos. Isso sugere que esses primeiros mamíferos foram ativos por mais tempo do que pequenos répteis, mas não podiam viver o estilo de vida energético dos mamíferos atuais", acrescenta Newham.(com agência Sputnik Brasil)

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fóssil