Segunda a desfilar na Sapucaí na noite de domingo (11), a São Clemente levou o enredo "Academicamente popular", do carnavalesco Jorge Silveira - estreando como titular no grupo - para a avenida.
A agremiação contou a história dos 200 anos da Escola de Belas Artes, de onde saíram carnavalescos como Fernando Pamplona, Rosa Magalhães e Leandro Vieira.
A primeira parte do desfile da Amarelo e Preto de Botafogo tratou da chegada da missão artística francesa ao Brasil, a pedido de dom João VI, para atuar na instituição desde sua construção. Depois passou pela influência de Debret, que retratou a vida cotidiana da cidade do Rio de Janeiro naquela época.
O terceiro setor mostrou a glória e esplendor dos salões da academia quando os alunos competiam por medalhas e premiações. O destaque no setor foi o primeiro grupo de professores brasileiros que substituiu os franceses e se tornou elite da arte no Brasil.
O quarto setor mostrou a ruptura dentro da academia, que se deu quando alunos saíram do interior da escola para as ruas, para pintarem em contato com a natureza, se libertando dos paradigmas dos manuais franceses.
Em seguida, foi apresentada a arte moderna genuinamente brasileira, com temáticas que representavam o homem comum: o caipira, o pescador, o dia a dia do brasileiro nativo.
No final, veio a homenagem aos carnavalescos vindos da Belas Artes. Além das escolas de samba, eles influenciaram a decoração da avenida Presidente Vargas e da avenida Rio Branco, ambas no centro, onde ocorriam os desfiles antes da construção do Sambódromo.
Leia o samba da São Clemente:
Vem ver! Convidei Debret
Pra pintar o desfile do meu carnaval
A arte neoclássica impera
No Brasil colonial
D.João! Em nobres traços vê inspiração
E faz um Rio à francesa
Erguendo os pilares do saber
Emoldurando… a exuberante natureza
Onde toda forma se mistura
Na mais perfeita arquitetura
É a força da mata, salve São Sebastião
Onde o artista encontra o povo, a beleza desse chão
Viu no tom a negritude, viu no índio atitude
O esplendor de uma nação
Ao ver a minha obra na avenida
Relembro dos artistas imortais
É a brasilidade dando vida
À arte dos salões aos carnavais
Hoje… “quem chorava vai sorrir”
Os manuais vão reluzir
A “missão” no peito de quem ama
Em manter acesa a chama
Recriar… os 200 anos de história
Numa linda trajetória
Academicamente popular
A mais bela arte o samba me deu
Fiz da São Clemente o retrato fiel
Os traços mais finos, com as bênçãos de Deus
Deslizam no meu papel