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Portela conquista o título do Carnaval depois de mais de 30 anos de jejum

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Depois de 33 anos de jejum no Carnaval carioca, a Portela conquistou, junto com o carnavalesco Paulo Barros, nesta quarta-feira (1º), o título do Carnaval 2017, com o enredo “Foi um Rio que passou em minha vida e meu coração se deixou levar”. O enredo é uma referência e uma homenagem a Paulinho da Viola, uma das principais personalidades da agremiação e do samba, e fala de importantes rios do mundo, como o Nilo e o São Francisco, levando a história para avenida com os costumes, cultura, religiosidade e muita água.

A Mocidade Independente de Padre Miguel disputou até o quesito Enredo, último no julgamento, ao lado da Portela, mas recebeu duas notas 9,9 e perdeu, por pouco, o título que não conquista desde 1996. 

A Portela terminou a apuração com 269,9 pontos, apenas um décimo a mais do que a Mocidade, com 269,8. A Salgueiro ficou em terceiro, com 269,7 pontos.

As escolas de samba são avaliadas em nove quesitos: alegorias e adereços, bateria, fantasia, samba-enredo, comissão de frente, evolução, harmonia, mestre-sala e porta-bandeira e enredo.

As seis primeiras colocadas se apresentam novamente no Desfile das Campeãs, no próximo sábado (4).

Rebaixamento

Este ano, nenhuma escola foi rebaixada para o grupo de acesso por decisão da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) motivada por acidentes que deixaram feridos durante a passagem da Paraíso do Tuiuti e da Unidos da Tijuca.

Em 2016, a grande vencedora do carnaval do Rio de Janeiro foi a Mangueira. O segundo e terceiro lugar ficaram com a Unidos da Tijuca e a Portela, respectivamente.


Veja a descrição do enredo da Portela:

“Quem nunca sentiu o corpo arrepiar ao ver esse rio passar”

O rio inspira os homens. De suas águas, pescam o sonho e o conhecimento, colhem a história e o encantamento. O rio azul e branco nasce da fonte de onde se originam a vida e as culturas humanas. Prima matéria, a água doce está associada aos mitos de criação do universo das antigas civilizações, é a manifestação do sagrado nas religiões e a maior riqueza para as sociedades modernas. A Águia bebe dessa água cristalina em sua nascente, onde brota o bem mais precioso criado pela natureza. No berço do samba, o pássaro abençoa a passarela, leito do rio da Portela. Segue recolhendo a poesia de muitos outros rios, enquanto mantém o seu rumo. Atravessa a Avenida, lavando a alma de quem deseja ver o rio passar, saciando a sede de vitória, irrigando de alegria o povo que habita a beira do rio. Suas águas purificam o corpo, afogam a tristeza e renovam as forças a cada alvorada. Convida a conhecer seus mistérios, cruzando aldeias e povoados, cidades e países distantes. 

O rio é velho e por ele correm muitas histórias, porque sempre esteve ali a guardar os segredos das águas que deram origem ao mundo. O rio é novo porque está sempre em movimento e nunca passa duas vezes pelo mesmo lugar. O rio não pode voltar. Ele segue em busca do seu destino. Nasce como um fio d’água, calmo e sereno, e continua para receber muitas contribuições em seu curso. Enquanto cresce, irriga e fecunda as margens de onde se colhe o alimento do corpo e da alma. Avança sobre a terra e não se deixa vencer pelas pedras que encontra no caminho. Passa inspirando canções e poemas, linhas e formas sinuosas. Em sua exuberância, desfila entre matas, plantações, casas humildes e mercados, do interior até chegar às grandes metrópoles e receber as imensas construções fincadas em suas margens. O homem e o rio estão ligados pelo corpo e pelo espírito. Os artistas, músicos e cantadores, arquitetos e escritores incorporam a alma do rio e refletem suas imagens. Aqueles que se entregam à devoção e murmuram suas preces, pedidos e promessas fazem procissões e oferendas, agradecidos pelos desejos atendidos. O homem tira a vida do rio. A vida é como um rio que corre em direção ao seu destino.

Foi um rio que passou em minha vida e meu coração se deixou levar

Autores: Samir Trindade, Elson Ramires, Neizinho do Cavaco, Paulo Lopita 77, Beto Rocha, Girão e J.Sales

VEM CONHECER ESSE AMOR

A LEVAR CORAÇÕES ATRAVÉS DOS CARNAVAIS

VEM BEBER DESSA FONTE

ONDE NASCEM POEMAS EM MANANCIAIS

RELUZ O SEU MANTO AZUL E BRANCO

MAIS LINDO QUE O CÉU E O MAR

SEMENTE, DE PAULO, CAETANO E RUFINO

SEGUE SEU DESTINO E VAI DESAGUAR

A CANOA VAI CHEGAR NA ALDEIA

ALUMIA MEU CAMINHO, CANDEIA

ONDE MORA O MISTÉRIO, TEM SEDUÇÃO 

MITOS E LENDAS DO RIBEIRÃO

CANTAM PASTORAS E LAVADEIRAS PRA ESQUECER A DOR

TRISTEZA FOI EMBORA, A CORRENTEZA LEVOU

JÁ NÃO DÁ MAIS PRA VOLTAR (Ô IAIÁ)

DEIXA O PRANTO CURAR (Ô IAIÁ) 

VAI INSPIRAÇÃO, VOA EM LIBERDADE

PELAS CURVAS DA SAUDADE

OH MAMÃE ORAYEYEO VEM ME BANHAR DE AXÉ ORAYEYEO

É ÁGUA DE BENZER, ÁGUA PRA CLAREAR

ONDE CANTA UM SABIÁ

SALVE A VELHA GUARDA, OS FRUTOS DA JAQUEIRA

OSWALDO CRUZ E MADUREIRA

NAVEGA A BARQUEATA AOS PÉS DA SANTA EM LOUVAÇÃO 

PARA MOSTRAR QUE NA PORTELA O SAMBA É RELIGIÃO

O PERFUME DA FLOR É SEU

UM OLHAR MAREJOU SOU EU

QUEM NUNCA SENTIU O CORPO ARREPIAR

AO VER ESSE RIO PASSAR