A Grande Rio encerra o desfile das escolas de samba na Sapucaí falando de superação através do amor, como a bomba de Hiroshima e Nagazaki, as vítimas do Haiti, o sentimento judeu e o apartheid com Nelson Mandela. No ano passado, a Grande Rio perdeu praticamente tudo o que estava preparado para o desfile num incêndio na Cidade do Samba, a poucos dias do carnaval.
Penúltima escola a desfilar na Marquês de Sapucaí nesta segunda-feira (21), a Unidos da Tijuca entrou na avenida com o enredo "O dia em que a realeza desembarcou na avenida para coroar o rei Luiz do Sertão". Título grande para reprensentar a grandeza da obra do cantor e compositor Luiz Gonzaga. Segundo o diretor de carnaval Ricardo Fernandes, a agremiação levou "tudo que o Gonzaga cantou em suas músicas. Desde seus sentimentos mais íntimos até a beleza de seu Estado, o Recife.
Mangueira
A Estação Primeira de Mangueira entrou na Sapucaí na madrugada desta terça-feira (21) para marcar o Carnaval carioca. A escola fez grandes paradas da bateria, trouxe convidados para puxar o samba-enredo e fez o público delirar com sua celebração ao Carnaval de rua carioca. Com o enredo Vou festejar! Sou Cacique, sou Mangueira , a escola saudou o Cacique de Ramos e fez o público cantar do começo ao fim.
Para homenagear o bloco em grande estilo, a Mangueira fez grandes inovações no seu desfile, sobretudo na bateria. Por cerca de dois minutos, os ritmistas pararam de tocar para ouvir o público cantar seu samba. A escola parou na avenida e vibrou com o público durante a paradinha. No meio da bateria, Dudu Nobre, Alcione e o grupo Fundo de Quintal fizeram uma roda de samba, cantaram o enredo e fizeram o público delirar com a passagem no sambódromo.
Antes de entrar no recuo, a bateria ainda inovou novamente. Os ritmistas abriram espaço para a passagem do casal de mestre-sala e porta-bandeira. Atrás do casal, o tripé que trazia a roda de samba também atravessou os músicos, que faziam coreografias em reverência aos cantores. Durante a performance, a bateria parou de tocar novamente e o samba foi tocado em ritmo de pagode, sacudindo mais uma vez o público.
Apesar de levantar o público, o desfile grandioso da Mangueira também teve problemas. Pelo tamanho de suas alas, 50 no total, a escola precisou acelerar o passo para cumprir o tempo estabelecido para o desfile. Algumas alegorias também tiveram problemas na passagem pela avenida, como um princípio de incêndio no carro abre-alas. O carro de som também apresentou falhas.
Mas a escola conseguiu superar os problemas e encantou o público com as novidades. As surpresas do desfile começaram na comissão de frente. No centro de uma roda de candomblé, os sambistas Beth Carvalho e Jorge Aragão acompanhavam a evolução dos dançarinos. Representando os orixás, os integrantes dançavam numa plataforma que lembrava o terreiro onde o bloco Cacique de Ramos foi criado, com uma grande árvore ao fundo. Durante o desfile, os orixás desciam da plataforma para interagir com o público, emitindo sons.
O abre-alas, que chegou a ter um princípio de incêndio na concentração, desfilou normalmente. A alegoria trazia um grande surdo sendo tocado por um índio, símbolo do bloco. Em cima do instrumento, um passista fazia acrobacias com o pandeiro. Ao fundo do carro, a escola construiu uma réplica do Palácio do Samba, que será a nova sede da agremiação.
Histórico
Surgida no morro da Mangueira, na Zona Norte do Rio, a escola foi criada a partir da fusão de diversos blocos carnavalescos. Cartola foi um dos seus fundadores. O nome da escola, Estação Primeira de Mangueira, remete à linha de trem que circulava na região. Ao todo, a escola tem 18 títulos do Carnaval carioca.