Marcelo Fernandes, Jornal do Brasil
RIO DE JANEIRO - Todo ano eles voltam às ruas, mas agora estão mais sofisticados, com luzes e muitos detalhes nas fantasias. Os Clóvis, ou bate-bolas, tradicionais figuras carnavalescas, principalmente nos subúrbios, agora disputam concursos, como o que a Riotur promove na próxima terça-feira, às 17h, na Cinelândia.
Trocando a agressividade pela animação, eles têm outras disputas além da oficial. Organizador de um concurso que acontece hoje em Realengo com dez grupos, o policial militar Alex Sarayça, 34, diz que as fantasias evoluíram ao longo dos últimos anos.
Antigamente, era mais artesanal. Hoje em dia, a coisa é profissional, usam luzes e um monte de apetrechos. É um salto que nunca imaginei ver diz Alex. Vamos ter três jurados para avaliar a criatividade, o tema e o conjunto de cada turma.
No terraço de casa, o mecânico de aeronaves José Aílton Júnior, 26, dá os retoques finais nas fantasias da sua turma, a Billy & Mandy, inspirada nos personagens do desenho homônimo. Ao custo de R$ 2 mil cada, as roupas não ficam a dever nada ás dos destaques de escolas de samba.
Dá muito trabalho, mas é recompensador quando saímos. É como uma final de campeonato, todos na rua para ver qual é o melhor. Este ano, vamos ter o bate-bola mais bonito da Zona Oeste afirma.
Para a empresária Marize Oliveira, de 60 anos, responsável por costurar as fantasias do grupo, 2010 será sua despedida da confecção de Clóvis, promessa que, segundo Júnior, é repetida todo ano.
Mas, desta vez, é verdade, não aguento mais um ano inteiro trabalhando, desgasta. É bonito ver o que ajudei a criar, mas estou ficando cansada e não tenho mais idade para isso - alega ela, que este ano fez as roupas de duas turmas, e diz já ter feito fantasias para mais de 24 turmas em apenas um ano. Só fazia isso...
O costume de usar bate-bolas é passado de pai para filho em Realengo. O gerente de produção Marcelo Correia, 36, paitrocinou as roupas de Mike Correia, 5, e Marcelo Correia, 10. Para ele, a tradição não pode parar.
Eu já passei da idade, agora é a vez deles se divertirem. O Mike, por exemplo, é o mais empolgado do grupo, e vira a atração por onde passa. Este já é o terceiro ano que ele se fantasia assim conta o coruja.