Pedro de Camargo Neto *, Jornal do Brasil
RIO - Infelizmente, não foi desta vez que conseguimos abrir o mercado chinês para a carne suína nacional. Após intenso trabalho por parte do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Ministério das Relações Exteriores, nos dias que antecederam a viagem do presidente Lula à China, a burocracia da Administração Geral de Quarentena, Supervisão e Inspeção (AQSIC), serviço veterinário chinês, não foi vencida e o mercado de carne suína do país permanece fechado para as exportações brasileiras.
O máximo obtido foi a concordância com um cronograma de etapas a serem cumpridas. Em tese, se concluiria o processo de abertura do mercado até o fim do ano, por ocasião da reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Cooperação e Coordenação - Cosban, caso esta venha realmente a ser realizada ainda em 2009.
Nos dias que antecederam a chegada do presidente Lula, o secretário de Defesa Agropecuária, Inacio Kroetz, e o secretário de Relações Internacionais, Célio Porto, do Ministério da Agricultura, junto com a equipe do embaixador Clodoaldo Hugheney Filho, realizaram longas reuniões na AQSIQ sem, entretanto, conseguirem vencer a burocracia do órgão de sanidade chinês.
O Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, em seu pronunciamento no seminário Brasil China: novas oportunidades para a parceria estratégica , salientou a importância da valorização do mercado de carnes para permitir um crescimento equilibrado das exportações brasileiras, reduzindo a concentração atual em soja e minério de ferro. O presidente Lula, no encerramento do seminário, observou ser de grande importância a aproximação e o bom relacionamento entre os órgãos de controle sanitário do Brasil e da China. Esperamos que as autoridades chinesas reconheçam a solicitação de prioridade do governo brasileiro, garantindo o fiel cumprimento do cronograma assinado nesta oportunidade.
Maior produtora e consumidora de carne suína, a China passou nos últimos três anos de exportadora a importadora, como resultado do aumento de consumo e de problemas sanitários na suinocultura do país.
O ano de 2009 tem tudo para ser o grande marco na abertura de novos mercados internacionais, com isso colocando o setor de carne suína em rota inequívoca de crescimento e prosperidade. A ainda grande dependência do mercado da Rússia para as exportações deve ser reduzida. Estamos também atuando fortemente para que se abram mercados importantes como o japonês, o europeu, o norte-americano, o filipino e o sul-africano.
Nosso propósito é colocar a carne suína brasileira em primeiro lugar no ranking mundial de exportações, mesmo patamar em que se encontram as duas outras carnes a bovina e a de frango.
* presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs)