ASSINE
search button

Imagem de força popularizou São Jorge

Compartilhar

Leandro Cury *, Jornal do Brasil

RIO - Estes dias, nos quais celebramos a segunda semana do Tempo Pascal, são, para nós cristãos, um incentivo a aplicar na própria vida os ensinamentos de Cristo e, assim, viver os efeitos da ação de Deus na ressurreição de Jesus. O sentido da vida, a relação com as outras pessoas e as experiências da dor e do sofrimento possuem, em Cristo, um novo significado. É nesse contexto que se destacam, no calendário litúrgico, as celebrações dos santos na Igreja Católica. Dentre esses heróis da fé, renova-se a devoção ao chamado santo guerreiro .

Pouco se sabe sobre a vida de São Jorge. Muitos dos relatos são envoltos em lendas, acrescidos da devoção popular, que impregnam a vida e a imagem do Santo de uma forte simbologia que, a seu modo, aponta para a exemplaridade de sua adesão à fé cristã.

Sabe-se que ele nasceu em fins do século III, na Capadócia, região onde fica hoje a Turquia. Depois, mudou-se para a Palestina e lá se converteu ao Cristianismo. Na idade própria, alistou-se no exército romano, no tempo do imperador Diocleciano (o mesmo que mandou martirizar São Sebastião, padroeiro do Rio de Janeiro).

A fé cristã deu a Jorge um novo sentido para a vida. Vendo os sofrimentos a que eram submetidos os cristãos, ele preferiu enfrentar o imperador a compactuar com aquelas injustiças. Pela sua rebeldia, ele foi submetido a várias seções de tortura. O imperador queria, com isso, que ele renegasse sua fé. Percebendo que o jovem soldado não abriria mão de suas convicções, Diocleciano mandou degolá-lo em 23 de abril de 303.

Na cultura popular, junto à imagem do Santo, aparece também a figura do dragão, que surgiu a partir de relatos medievais, inspirados nas histórias de cavaleiros, próprias daquele período. O dragão é símbolo de toda maldade, de tudo aquilo que quer nos derrubar.

Como todo mártir, São Jorge é celebrado na liturgia católica com a cor vermelha, que simboliza o sangue derramado pela fé. A exemplo de Cristo, ensina que sua vida não consiste em pensar em si mesmo, por isso é capaz de sacrificar-se pela vida de seus irmãos.

A devoção a São Jorge chegou ao Brasil através dos portugueses, criando logo identificação com o povo, a partir das virtudes da coragem e da fortaleza, além da intrepidez para enfrentar o mal. Todos aqueles que passam tribulações e necessitam renovar suas forças encontram nele um exemplo seguro para ficar de pé. Como todo santo cristão, ele aponta para a vitória de Cristo na cruz, que dá vida nova a todos os que creem, mesmo que aparentemente prevaleçam os sinais de morte.

Além do Brasil e de Portugal, sua devoção também é forte na Catalunha, na Inglaterra e na Rússia. Nesses dois últimos países ele recebe o título de padroeiro. Da mesma forma, é grande sua devoção na Palestina. Há, inclusive, uma grande e bonita imagem de São Jorge num dos acessos à Basílica da Natividade, em Belém, bem como nos portais das casas e dos estabelecimentos comerciais.

Entre os cariocas, a devoção a São Jorge se destaca pela multiplicação de símbolos referentes a ele. Além das tradicionais medalhas e fitinhas que muitos ostentam com alegria em seu corpo, também aparecem as camisas, com os mais diferentes modelos, os adesivos nos carros, as músicas populares e até mesmo tatuagens pelo corpo. Tudo isso reafirma a religiosidade de nosso povo, que diante dos males que tentam nos derrubar, encontra na fé uma força nova para seguir em frente.

Assim como São Jorge, não podemos temer as dificuldades, pois foi Jesus mesmo quem disse: No mundo havereis de ter aflições. Coragem! Eu venci o mundo. (Evangelho de João 16, 33). Como Jorge, podemos renovar nossas forças em Deus para enfrentar todo o mal.

Que São Jorge, junto a Jesus, interceda por todos nós, renovando a armadura do cristão (Efésios 6, 10-17) diante de todo o mal. Viva São Jorge!

* Leandro Cury é padre e relações públicas da Arquidiocese do Rio de Janeiro