FElipe Góes *, Jornal do Brasil
RIO - O Rio tem um grande desafio pela frente: a sua inserção na economia globalizada. Muitos dos nossos problemas cotidianos ocorrem pelo fraco dinamismo da nossa economia. A atividade econômica, que gera emprego e renda, é a única possibilidade para aumentar o bem-estar da população de forma sustentável. Um conceito óbvio, mas que parece ter sido esquecido ultimamente.
De dezembro de 2000 a dezembro de 2008, o nível de emprego formal no Rio evoluiu em 3,4% ao ano. Nesse mesmo período, o das três capitais da região Sudeste São Paulo, Vitória e Belo Horizonte cresceu 4,1%, 5,4% e 4,1% ao ano, respectivamente. Ou seja, fomos a economia com a pior capacidade de geração de emprego nos últimos oito anos entre as capitais do Sudeste, de acordo com os dados do Ministério do Trabalho.
Mesmo com o boom do petróleo, continuamos vivendo um esvaziamento econômico. As possíveis causas estruturais têm sido exploradas em diversos estudos acadêmicos, publicações e debates. Há convergência ao redor do excesso de violência, do ambiente pouco amigável para os negócios (burocracia, informalidade e corrupção) e da má infraestrutura, sobretudo as péssimas condições das rodovias e aeroportos.
Entretanto, há luz no fim do túnel! Em 2008, o estado do Rio ampliou o número de empregos formais em 5,3%, contra 5,4% de São Paulo, 5% do Espírito Santo e 4,1% de Minas Gerais, atestam os dados do Ministério do Trabalho.
Toda a sociedade, e não apenas o governo, deve buscar soluções. O Rio de Janeiro dos nossos filhos e netos só será melhor se formos capazes de inseri-lo numa lógica de economia globalizada. O primeiro passo é estarmos conscientes de que a cidade compete globalmente por emprego e renda. A nossa disputa já é com Dubai, Bombaim e Xangai, dentre outras.
Para competir numa economia globalizada, o Rio precisará desenvolver as suas reais vocações econômicas e os setores estratégicos nos quais tem vantagens comparativas sustentáveis. Os estudos convergem para alguns setores nos quais existe uma base instalada significativa e talento disponível a principal arma numa economia globalizada tais como: energia, tecnologia da informação, telecomunicações, audiovisual, turismo, logística, moda, design e serviços financeiros. Nesse último, destacam-se seguros, resseguros e gestão de ativos.
Devemos atuar focados no desenvolvimento desses setores, buscando apoiar novos empreendimentos e empresas já instaladas, mantendo um diálogo constante com a academia e a sociedade civil organizada para uma atuação coordenada e que atenda às reais necessidades dos setores estratégicos.
Não se trata de criar privilégios para os empresários desses setores, mas de gerar emprego e renda nas áreas onde a cidade tem maiores possibilidades de vencer numa economia globalizada.
* Presidente do Instituto Pereira Passos e assessor-chefe para Assuntos Econômicos da prefeitura
do Rio de Janeiro