ASSINE
search button

Artesãos de Parintins invadem o Carnaval carioca

Compartilhar

JB Online

RIO - Os números variam, mas giram em torno de 70 os artesãos que vieram de Parintins, cidade do Amazonas, para trablhar no Carnaval carioca. A maioria dos barracões tem, pelo menos, um representante do pequeno município em suas hostes. E o que os parintinenses têm de especial? São hábeis artesãos carnavalescos, cuja especialidade é dar movimentos elaborados às alegorias das escolas de samba.

Eles sabem fazer com que as alegorias ganhem movimentos elaborados. São muito bons nisso. Hoje em dia, todas as escolas vêm com esse tipo de recurso explica Silvio Baptista, gerente de produção da Grande Rio.

Carlos Lopes, 39 anos, que lidera uma equipe de parintinenses no barracão da Grande Rio, acha que a destreza de seus conterrâneos foi adquirida, ao longo dos anos, nas disputas entre o Boi Garantido e o Boi Caprichoso, no Festival de Folclore da cidade. Segundo Lopes, em um das edições do festival, nos anos 80, o Boi Garantido apareceu com uma alegoria que piscava a pálpebra. Para superar o rival, o Boi Caprichoso criou um movimento mais elaborado no ano seguinte. Estabeleceu-se uma disputa para quem fazia a alegoria de movimento mais complicado, o que acabou se tornando a especialidade dos artesãos da cidade.

- Há pessoas de Parintins que trabalham em mais de um barracão - conta Carlos Lopes.

É a segunda vez que Fabiano Valente, 26 anos, é recrutado para trabalhar no carnaval carioca. Ontem, terminava a pintura de um carro alegórico da Império Serrano. Calcula que haja 10 conterrâneos trabalhando no barracão da verde-e-branco. A principal função da turma foi criar a articulação do polvo instalado no topo de um carro alegórico. Eles também movimentarão os tentáculos do bicho durante o desfile. Fabiano está morando em uma casa no Santo Cristo, Zona Portuária, com mais nove parintinenses. Aluguel, alimentação e passagens são bancados pela escola, que paga ao artesão R$ 30 mil por sete meses de trabalho. Fabiano chegou ao Rio em agosto e vai embora depois do desfile das campeãs. Na folga da rotina de trabalho de 9h às 21h (na reta final vai até a madrugada, podendo chegar à manhã) conheceu a praia de Copacabana e o Maracanã.

Gostei muito. Só estranhei a comida. Lá em Parintins tem prato diferente no almoço e no jantar: peixe, caça, paca, tatu... Aqui é arroz, feijão, carne ou frango todos os dias conta Fabiano, que vai descansa por 15 dias, ao chegar a sua terra, antes de começar a trabalhar no Boi de Parintins.