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Cia. Teatral Milongas estreia "Homem Feito", na Sede das Cias

Drama de Rafael Souza-Ribeiro coloca em xeque a formação da identidade masculina na nossa sociedade

Renato Mangolin/Divulgação -
Breno Sanches em "Homem Feito"
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A Sede das Cias recebe, até 13 de outubro, às sextas e sábados às 20h e domingos às 19h, o solo “Homem Feito”, com dramaturgia e direção de Rafael Souza-Ribeiro (autor do espetáculo “Gisberta” e da adaptação para o teatro de “Malala, a menina que queria ir para a escola”) e atuação e codireção de Breno Sanches. A décima quarta criação da Cia. Teatral Milongas narra a história de um homem jovem e bem-sucedido que retorna à cidade natal e revive episódios sombrios da infância e adolescência que até hoje reverberam em sua personalidade.

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Breno Sanches em "Homem Feito" (Foto: Renato Mangolin/Divulgação)

Neste retorno à sua cidade, ele reencontra duas figuras que marcaram sua vida: o pai e um amigo dos tempos de escola. O pai é um homem machista e extremamente conservador que expulsou de casa o filho quando este se assumiu gay. Já o amigo foi com quem este homem dividiu, ainda na adolescência, uma história de intimidade e afeto interrompida após um terrível episódio de violência escolar.

O reencontro entre eles se dá quando o pai, em estado grave de saúde, clama pela presença do filho. A situação atira o personagem numa espiral de memórias que vêm à tona entremeadas de violência, frustrações e preconceitos, deixando evidente que a criação torpe, representada pelo pai, embutiu conceitos que o afetam em todas as experiências de sua vida adulta: nos campos pessoal, profissional e ético. Seu drama gira em torno da seguinte contradição: dentro do homem que construiu em torno de si, não cabe o próprio homem que é.

“Questionando a formação da identidade masculina ao longo da História, mas tendo como foco o homem brasileiro contemporâneo na casa dos trinta anos, abro espaço para que a dramaturgia aborde e problematize temas como machismo, educação, relação entre pais e filhos, homofobia, bullying, violência, cultura pop, marketing, relações afetivas em tempos de internet. Longe de endossar ideias retrógradas, esse trabalho lança um olhar crítico sobre a intolerância e revela aspectos da complexa configuração estrutural e social tão típica deste nosso país atravessado de paradoxos”, destaca Rafael.

A encenação propõe, de forma simples e direta, ressaltar a dramaturgia e o trabalho de ator, em um jogo direto com o público. O ator dá voz a vários personagens e cria uma dinâmica em que ora é amável, ora é odiável, embaralhando os julgamentos da plateia sem maniqueísmos.

“O Brasil atravessa um momento em que discursos obscurantistas ganham cada vez mais espaço. E diferente de querer silenciar esses discursos ou ignorá-los, a arte tem como uma de suas prerrogativas jogar luz sobre as sombras, por isso trazê-los à cena neste momento torna-se questão importante. Aliás, vale observar que a classe artística, hoje, também está na mira do conservadorismo como há muito não se via e o próprio papel do artista é constantemente questionado”, finaliza Breno, que estará sozinho em cena pela primeira vez na carreira.

Rafael Souza-Ribeiro é dramaturgo, roteirista e encenador, formado pela UFRJ em Artes Cênicas, Direção Teatral. Entre 2018 e 2019, é autor de vários espetáculos em cartaz no Rio de Janeiro: Malala, a Menina Que Queria ir Para a Escola, (em que também criou a música original em parceria com Adriana Calcantotto e foi indicado ao Prêmio CBTIJ de Teatro para Crianças, na categoria Música Original); Helena Perdida; Cidadela; Alethea Dreams e o infantil O Problemão da Banda Infinita. É também o autor de Gisberta, espetáculo com Luis Lobianco que desde 2017 percorre o Brasil e foi levado a Portugal em 2018. Também é o diretor artístico do show High Times, com as cantoras Simone Mazzer e Silvia Machete. É roteirista da série Férias em Família, no canal Multishow, e roteirista colaborador do filme Carlinhos e Carlão, que chega aos cinemas no segundo semestre.

Breno Sanches indicado ao Prêmio Shell 2017 na categoria Inovação, com o projeto de ocupação QUE LEGADO, o qual idealizou e produziu ao lado de Natasha Corbelino, é formado em Arte Cênicas (Direção Teatral) pela UNIRIO e integrante da Cia Teatral Milongas desde 2003, onde desenvolve uma pesquisa cênica como ator, diretor e autor. Participou de diversos festivais nacionais e internacionais, nos quais recebeu indicações e prêmios. Alguns de seus trabalhos mais recentes são: o infantojuvenil “Pelos 4 Cantos do Mundo”, “Rosencrantz e Guildenstern estão mortos”, “La Careta Que Cae” e “Casa Verde”.

CIA TEATRAL MILONGAS

A Cia Teatral Milongas atua há 16 anos e desenvolve uma pesquisa teatral contínua no Rio de Janeiro, usando de técnicas como teatro físico, danças populares, comicidade física, animação, além de já ter encenado adaptação de romances, textos clássicos e, atualmente, tem focado seus trabalhos em dramaturgos contemporâneos e dramaturgia própria desenvolvida sem o uso da fala. Formou-se na Unirio, teve sede própria, geriu a primeira Residência Artística do Teatro Municipal Ziembinski, trabalhou durante três anos dentro do Morro dos Macacos, onde ministrava oficinas para as crianças da comunidade, e hoje segue desenvolvendo suas pesquisas e ensaios em um espaço compartilhado no Grajaú. De 2011 a 2018 participou do projeto Plateias Hospitalares dos Doutores da Alegria, onde apresentou alguns de seus espetáculos dentro de hospitais públicos. Com 13 espetáculos em seu repertório, já participou de mais de 30 festivais nacionais e internacionais - Venezuela, Colômbia e Chile, nos quais ganhou diversos prêmios e indicações. Na cidade do Rio de Janeiro recebeu as indicações de “Melhor Texto” no Prêmio Zilka Salaberry de Teatro Infantil 2018, na categoria Inovação do prêmio Shell 2017, “Melhor Espetáculo”, “Direção”, “Cenário” e “Menção Honrosa pelos 15 anos de atividades da Cia Teatral Milongas” no Prêmio Zilka Salaberry de Teatro Infantil 2017/2018 e ganhou “Trabalho de Formas Animadas” no Prêmio CBTIJ 2018.

SERVIÇO: Local: Sede das Cias / Temporada: até 13 de outubro / Sextas e sábados, 20h, e domingos, 19h / Endereço: Rua Manuel Carneiro, 12 - Escadaria Selarón – Lapa / Ingresso: R$30 (inteira)R$15 (meia) / Bilheteria: sempre 01h (uma hora) antes do início do espetáculo / Aceita cartão de crédito e débito / Telefone: 21 2242 4176 / Capacidade: 58 lugares /Faixa etária: 16 anos /Duração: 50 minutos

FICHA TÉCNICA: Dramaturgia: Rafael Souza-Ribeiro / Interprete: Breno Sanches / Direção: Breno Sanches e Rafael Souza-Ribeiro / Trilha Sonora: Marcello H / Cenário: Breno Sanches e Tuca Bevenutti / Figurino: Bruno Perlatto

Iluminação: Ana Luzia de Simoni

Visagismo: Diego Nardes e Lucas Souza

Preparação Vocal: Jane Celeste e Roberta Bahia

Fotografia: Renato Mangolin

Arte Gráfica: Ludmila Valente

Assessoria de Imprensa: Lyvia Rodrigues – Aquela que divulga

Produção e Realização: Cia Teatral Milongas

Renato Mangolin/Divulgação - Breno Sanches em "Homem Feito"