CINEMA

Crítica - ‘Império da luz’: drama que mistura bem romance e preconceito racial, e agradará a cinéfilos

Cotação: três estrelas

Por TOM LEÃO
nacovadoleao.blogspot.com.br

Publicado em 23/02/2023 às 18:53

O novo filme de Sam Mendes, 'Império da luz', trata de temas acontecidos há 40 anos, mas que ainda encontram ecos nos dias atuais Divulgação

Ambientado em uma cidade costeira da Inglaterra (Kent), na virada dos anos 1979/80, “Império da luz” (‘Empire of light’), o novo filme de Sam Mendes (‘Beleza americana’), é uma sensível história sobre as relações humanas, repleta de camadas e nuances. Ele mistura drama, preconceito racial, um leve toque de romance e uma grande paixão pelo cinema. Não apenas pelos filmes em si. Mas, também, pela magia da sala e dos antigos equipamentos usados para transformar o celuloide em sonhos.

O filme tem como principal cenário um majestoso cinema, o Empire, que já viu dias melhores, mas ainda segue exibindo filmes de ponta (vai sediar a estreia de gala de ‘Carruagem de fogo’, por exemplo). A partir deste pequeno universo, somos introduzidos aos empregados do cinema. Com destaque para a gerente, Hilary (a sempre confiável Olivia Colman, Oscar de Melhor Atriz por “A favorita”), o dono do lugar, Mr. Ellis (Colin Firth, Oscar de Melhor Ator em “O discurso do rei”), e o velho projecionista Norman (Toby Jones, de “Capote”), que vive num mundo paralelo, o da velha Hollywood. A rotina destes é levemente alterada com a chegada de um novo funcionário, Stephen (Micheal Ward), jovem negro que representa o novo, fã de ska-punk, que desperta desejos sexuais em Hilary.

A partir destes tipos e deste cenário, vamos descobrindo que: Hilary já fez tratamento psiquiátrico; ela tem uma relação submissa com Mr. Ellis (lhe presta favores sexuais) e a presença do jovem negro, numa Inglaterra com crise de desemprego e skinheads (jovens nazistas) nas ruas, é perigosa. Pontuado pela trilha a cargo dos premiados com Oscar Trent Reznor e Atticus Ross (por ‘A Rede Social’), o filme balança bem seu lado humano com a crítica social que faz; que, apesar da distância de 40 anos, parece estar se repetindo hoje.

Nitidamente, para o bem e para o mal, ‘Império da luz’ é o tipo de filme feito para concorrer a Oscars, embora ele tenha falhado neste quesito, nas indicações deste ano. Ganhou apenas uma, para a bela fotografia de Roger Deakins. Merecia mais.

 

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COTAÇÕES: ***** excelente / **** muito bom / *** bom / ** regular / * ruim / bola preta: péssimo.

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